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24/03/1997
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Você provavelmente nunca ouviu falar de Klamath. Nem haveria razão para ouvir. Klamath é um rio, e não dos mais importantes. Nasce no sul do estado americano de Oregon, toma o rumo sudoeste, corta um pedaço da Califórnia e mergulha no Pacífico depois de percorrer apenas 400 quilômetros. Um riozinho de nada. Não obstante Klamath tem sido a palavra mais quente da informática nos últimos meses. Porque é o nome de código do sucessor do Pentium Pro. Um chip que, espera-se, será lançado em maio com a devida pompa e circunstância e receberá o nome comercial de Pentium II. Discutamos, então, suas vantagens e desvantagens. Começando pelas vantagens: ao contrário do Pentium Pro, desenvolvido especialmente para sistemas operacionais e aplicativos de 32 bits e que tropeça miseravelmente nos velhos programas de 16 bits e por isto teve tão pouca aceitação, o novo Pentium II, graças à incorporação do cache dos registradores de segmento (que a Intel havia abandonado por achar que o endereçamento baseado em segmento/deslocamento do arcaico 8088 já havia atingido a obsolescência), apresentará um primoroso desempenho ao rodar Windows 95. Além disto, a capacidade de seus caches primários internos (cache L1) de dados e instruções dobrará de 8K para 16K cada e os algoritmos de controle serão aprimorados, aumentando significativamente seu desempenho. E incorporará o novo conjunto de instruções conhecido como MMX, que a Intel teima em afirmar que não quer dizer Multimidia Extensions. E, para arrematar, o bichinho será a primeira CPU da Intel a romper a barreira dos 200MHz, com uma versão inicial de 233MHz que logo será seguida de outra operando a 266MHz. E isto é só o começo: a Intel já exibiu para platéias selecionadas exemplares do chip operando a 300MHz e 400MHz (porém com uma dissipação de calor tão violenta que exigiu arrefecimento à água). Em suma: o Klamath será um Pentium Pro mais rápido, com cache L1 maior e mais eficiente, que suporta MMX e cache dos registros de segmento, otimizado para rodar Windows 95. Estas são as vantagens. Agora, as desvantagens: o chip não se encaixará em um soquete, como seus antecessores, mas se engastará em uma plaqueta de circuito impresso denominada SEC (Single Edge Contact) que se encaixa em um slot de 242 contatos na placa-mãe, que a Intel batizou de "Slot One" e patenteou para evitar concorrência. E ao contrário do Pentium Pro, que incorpora um cache secundário interno (cache L2) de 256K operando na mesma freqüência da CPU, o do Pentium II será externo, formado por chips especiais BSRAM (Burst Static RAM) engastados na plaqueta SEC e operando na metade da freqüência da CPU. Um gigantesco passo atrás, já que comprovadamente a redução da freqüência de operação do cache L2 afeta drasticamente o desempenho - o que explica o esforço para aumentar a capacidade e eficiência do cache L1, que não chega, entretanto, a compensar o prejuízo. Porque a Intel removeu o cache L2 do interior do chip? Bem, certeza não há, mas alguma especulação leva a conclusões interessantes. O Pentium Pro é formado por um impressionante conjunto de 21 milhões de transistores. Destes, 5,5 milhões compõem o processador propriamente dito, enquanto os 15,5 milhões restantes formam o cache L2. Ora, o processo de fabricação de um microprocessador exige uma precisão brutal. Afinal, enfiar dezenas de milhões de delicadíssimos componentes eletrônicos em um chip do tamanho de uma bolacha não é coisa fácil. Qualquer falha, por menor que seja, inutiliza o chip inteiro. E tanto faz que a imperfeição ocorra em um dos transistores da CPU ou do cache. Ora, basta comparar os números para perceber que a probabilidade de falha em um componente do cache é três vezes maior que na CPU propriamente dita. Ou seja: a Intel deveria estar jogando fora milhares de CPUs perfeitas só porque seus caches L2 estavam defeituosos. Levar o cache para fora da CPU evita este desperdício e permite que CPU e cache sejam testados separadamente. E mais: permite que a Intel compre os chips que formam o cache de fornecedores independentes, centrando seus esforços naquilo que sabe fazer melhor: microprocessadores. Em contrapartida, impede o uso de um barramento interno para acessar o cache L2, obrigando a reduzir para a metade sua freqüência de operação. O resultado é um chip com desempenho inferior ao de um equivalente com cache L2 interno. Tanto que recentemente Tom Pabst, em seu excelente Tom+s Hardware Guide [http://sysdoc.pair.com/] publicou os resultados de testes que comprovam ser o desempenho do futuro Pentium II equivalente ao de um Pentium MMX e notadamente inferior ao Pentium Pro, todos rodando na mesma freqüência. A Intel tomou conhecimento dos resultados e não gostou. Disso resultou um rumorosíssimo caso cujos detalhes estão na página 6. Em suma: parece que o Pentium II será um chip otimizado para 16 bits, com cache L2 externo e desempenho inferior ao Pentium Pro, a CPU que visa suceder. Em vez de um aperfeiçoamento, um passo atrás. Que razões levaram a Intel a este retrocesso? O incansável Tom Pabst tem uma idéia interessante sobre o assunto. Dê um pulo até a página 6 para saber qual é.
B. Piropo |