< PC@World >
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07/1997
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Rompendo o Limite dos 2 Gb com a FAT 32 |
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Sabemos que a FAT, o sistema de arquivos empregado pelo DOS e Windows 95, esbarra em uma barreira intransponível: nenhum disco rígido ou partição pode ser maior que 2 Gb. E ocorre que, mesmo nestes tempos em que discos rígidos com capacidade que excedem em muito este limite estão se tornando cada vez mais comuns e baratos, DOS e Windows 95 ainda são os sistemas operacionais mais utilizados em nossos micros. Os sistemas operacionais modernos, como o OS/2 e Windows NT, não são sujeitos a estas limitações justamente por usarem seus próprios sistemas de arquivos, muito mais flexíveis e poderosos que a FAT. E como a Microsoft, a empresa de software que desenvolveu e comercializa o Windows 95, pretende estender sua vida útil ainda por alguns anos, tratou de buscar uma solução para o problema. E a solução foi alterar seu sistema de arquivos de forma a superar o limite de 2 Gb. Visando manter tanto quanto possível a compatibilidade com o sistema anterior, as alterações limitaram-se a pouco mais que o mínimo necessário para permitir que o sistema reconheça discos de grande capacidade. O novo sistema é, portanto, extremamente semelhante ao anterior, como indica o próprio nome que a MS escolheu para ele: FAT32. E como, além de ampliar a capacidade de reconhecer discos rígidos, as alterações que a FAT32 trouxe para o sistema operacional propriamente dito foram insignificantes, a MS nem se deu ao trabalho de lançar uma nova versão de Windows 95 para fazê-la vir à luz: simplesmente passou a inclui-la, sem qualquer alarde, nos pacotes de software distribuídos para os fabricantes que pré-instalam Windows 95 em suas máquinas - e informou que não pretende disponibilizar o novo sistema de arquivos nas versões de Windows 95 vendidas no varejo. Portanto - ao menos oficialmente - a única maneira legal de ter a FAT32 em sua máquina é comprar o micro já com ela instalada (se você quer saber mais detalhes sobre as diferenças entre a nova versão de Windows 95 e as anteriores, consulte o Documento Q155003 da Microsoft Knowledge Base). E como saber se a FAT32 está instalada em um micro? Bem, a designação oficial da Microsoft para a versão de Windows 95 que inclui a FAT32 é "Windows 95 OEM Service Release 2", ou simplesmente OSR2. Se você deseja saber se ela está aninhada em sua máquina, execute um clique duplo sobre o ícone "Sistema" de seu Painel de Controle e passe para a aba "Geral" (ou abra uma sessão DOS e comande VER): o OSR2 aparece como "Microsoft Windows 95 4.00.950b". Mas note: simplesmente ter o OSR2 na máquina não implica usar a FAT32, já que inteligentemente a MS fez com que ele reconheça tanto a velha FAT quanto a nova FAT32. Para saber se o sistema de arquivos usado é realmente a FAT32, abra o objeto Meu Computador, execute um clique com o botão direito sobre o ícone de seu disco rígido e acione a opção "Propriedades". Na aba "Geral", em frente a "Tipo", você encontrará a informação desejada. E tenha em mente que se em sua máquina há mais de um disco rígido (ou partição), nada obriga que todas elas usem o mesmo sistema de arquivos. Logo é perfeitamente possível que uma (ou mais) use a FAT32 enquanto as restantes usem a boa a velha FAT. Portanto, se o OSR2 está instalado em sua máquina, para saber o sistema de arquivos usados por seus discos rígidos repita o procedimento acima para cada um deles (se sua máquina veio com o OSR2, é provável que a FAT32 esteja sendo usada em todos os discos cuja capacidade exceder a 512 Mb). Mas como a FAT32 consegue o milagre de romper a barreira dos 2Gb? Bem, o próprio nome é uma indicação: ela usa uma tabela de alocação de arquivos na qual cada entrada ocupa 32 bits (ao invés dos 16 ocupados pelas entradas da velha FAT). Com isto ela pode usar até 32 bits para exprimir (no sistema binário, naturalmente) o número de cada cluster do disco, aumentando extraordinariamente o número máximo de clusters que um disco rígido pode conter (se você quiser maiores detalhes sobre a relação entre o tamanho em bits de cada entrada da FAT e o número máximo de clusters do disco, consulte a coluna sobre a FAT). Na verdade a MS reservou quatro bits de cada entrada na tabela para outros fins, deixando apenas 28 para conter o número do cluster. Mesmo assim o número máximo de clusters que um disco (ou partição) pode conter aumentou de 65.536 (o maior número que pode ser expresso em 16 bits) para 268.435.456 (idem, em 28 bits). Ora, como teoricamente o novo sistema de arquivos admite clusters de até 64 setores (portanto com capacidade de 32 kb, já que cada setor contém sempre 512 bytes), sob a FAT32 o limite máximo teórico da capacidade de um disco rígido (ou partição) eleva-se de 2 Gb para oito Tb ( 8 terabytes, ou 8.192 Gb). Na verdade, da forma como a FAT32 está atualmente implementada, este limite situa-se na casa dos 2 Tb - ou seja, 1.024 vezes maior que o limite da velha FAT. Mas romper a barreira dos 2 Gb não á a única - nem a maior - façanha da FAT32: o novo sistema de arquivos trouxe ainda outras vantagens. Porém, como nada é perfeito, veio acompanhado também de algumas desvantagens.
B. Piropo |