< Trilha Zero >
|
|
|
22/08/2005
|
< AntiSpam incômodo > |
O SPAM é uma praga. Ninguém agüenta mais SPAM. Acho que em relação a isso estamos de acordo. Só falta nos pormos de acordo em relação a certas práticas anti-spam. A porcentagem de mensagens indesejadas em minha caixa postal anda na casa dos noventa porcento. Não me refiro às “não solicitadas”, mas às “indesejadas”. Pois as mensagens de leitores, embora não solicitadas, são muito desejadas e essenciais para me orientar em relação ao que pensam sobre o que escrevo (esta semana recebi uma reclamando que meus “artigos e dicas possuem um teor pesado com excesso de jargões que só quem nasceu há uns 60 anos consegue ‘mesclar’ com a informática”; agradeci e informei que muito provavelmente isso é conseqüência de ter eu nascido “há uns 60 anos”, coisa que infelizmente está um tanto fora de minha alçada alterar). Já as indesejadas são as que se preocupam com meu desempenho sexual ou com o tamanho de certas partes de minha anatomia, as que fazem apologia de produtos que não me interessam e, sobretudo, as que são portadoras de vírus ou cavalo de Tróia disfarçadas em avisos de um “amigo” de que estou sendo traído, de um banco ou órgão governamental dizendo que a duplicata que não assinei venceu, que a encomenda que não fiz já foi enviada ou coisa parecida. É para elas que preciso de um anti-spam. Tenho dois. Sobre o do Mandic já falei na coluna “SPAM” de janeiro de 2004 (ainda disponível na seção “Escritos – Coluna do Piropo/Trilha Zero” de meu sítio em <www.bpiropo.com.br >). O outro é o Norton AntiSpam, da Symantec. São semelhantes: adotando um algoritmo baseado em certas características comuns aos SPAMs, selecionam os mais prováveis e os armazenam em uma pasta própria. Se, por engano, uma mensagem desejada for encaminhada para lá ou um SPAM for para a Caixa de Entrada, há meios de fazer com isso não se repita com futuras mensagens similares. Dá um pouco de trabalho: antes de esvaziar a pasta dos SPAMs, há que examiná-la em busca de mensagens eventualmente para lá extraviadas. Mas é menos aborrecido que manejar uma caixa postal entulhada de SPAM. Além disso o interesse é meu, portanto é justo que caiba a mim o incômodo. O que nos leva a discutir outro tipo de prática anti-spam que incomoda a quem envia a mensagem, não ao destinatário. O próprio Mandic usa uma dessas. Chama-se “Members Only” e se baseia em listas de remetentes autorizados. Se eu a adotar e você me enviar uma mensagem, ela só chegará a mim depois que você responder a uma nova mensagem confirmando que foi mesmo o remetente da primeira (os endereços de remetente da maioria dos SPAM são inexistentes, portanto deles não virá confirmação). É eficiente, mas eu não a adotei por considerar indelicado exigir de quem me envia uma mensagem que o faça duas vezes, transferindo para ele o incômodo de me proteger do SPAM (sim, eu sei que isso só vale para a primeira mensagem, depois o remetente entra na lista dos autorizados, mas a maioria dos leitores que me escrevem o fazem pela primeira vez). Mas, se incomodar a quem envia uma mensagem é indelicado, o que dizer de um sistema que incomoda a quem a responde? O AntiSpam UOL faz isso. Um exemplo (real): um leitor aflito me escreve solicitando ajuda para resolver um problema. Meu tempo é escasso, nem sempre dá para responder, mas quando o problema é grave faço um esforço e arrumo um jeito no interesse do leitor. Pois bem: se o remetente usa o AntiSpam UOL, recebo de volta uma mensagem “tira-teima” informando que para que minha resposta seja encaminhada eu preciso clicar em um atalho que me leva a uma página da Internet onde devo preencher um campo. Ainda no interesse do leitor, vou até lá e encontro um código quase ilegível que tenho que reproduzir. Se errar (o que acontece freqüentemente dado à forma como o código é apresentado), devo preencher novamente, desta vez com outro código. Da última vez (última mesmo), desisti na quarta tentativa e o leitor ficou sem a resposta. E daí em diante passei simplesmente a ignorar as mensagens “tira-teima” do AntiSpam UOL. Acho razoável que o indivíduo se defenda do SPAM. Mas não acho justo fazê-lo transferindo o incômodo para quem se dá ao trabalho de responder a suas mensagens. Principalmente quando o interesse de receber a resposta é do próprio indivíduo. Então, sugiro a quem usa o AntiSpam UOL, caso pretenda receber resposta de mensagem a mim porventura enviada, que autorize previamente seu recebimento. Infelizmente não posso prometer responder a todas as mensagens recebidas. Mas desde já garanto não responder às enviadas por esse tipo de AntiSpam. B. Piropo |