Como
sabe a maioria de vocês, assino uma seção
de Dicas aqui no caderninho, uma extensão da seção
Dicas de meu sítio, em <www.bpiropo.com.br> (as
dicas antigas, de antes dos tempos do caderninho, continuam
disponíveis no sítio). A idéia de publicá-las
aqui surgiu justamente do fato de ser aquela seção
a mais popular do sítio. E, considerando a resposta dos
leitores, aqui também ela não está se saindo
mal.
Quando me dispus a escrever uma dica por semana, ocorreu-me
a dúvida: será que eu consigo assunto pra tanta
dica? Hoje, sei que isso é uma tolice. Daria até
para publicar uma por dia, se tempo houvesse. Porque as dicas
estão por aí mesmo, sem dono, como passarinho.
Nos arquivos de ajuda dos programas, nas mensagens dos leitores,
no conhecimento adquirido através do uso diário
dos aplicativos, nas entradas de menus que nunca usamos mas
que um dia resolvemos explorar para descobrir que algumas delas
escondem tesouros, enfim, em toda parte. E quando preciso escrever
uma delas e nenhuma me ocorre, basta consultar uma das muitas
seções de dicas que pululam na Internet.
Mas que é isso, Piropo, confessando plágio?
Nem pensar. Afinal, a ética existe e eu a respeito. Jamais
copiei uma dica. O que faço é garimpar uma idéia,
desenvolvê-la e combiná-la com outras, criando
uma coisa nova. Mesmo porque, quando isso ocorre, a própria
dica original, na qual me baseei, em geral é um recurso
documentado nos manuais dos programas, portanto não “pertence”
a quem a publicou. São coisas de conhecimento geral.
Se não for assim, me abstenho de publicar (há
exceções: se for algo que não está
documentado, que eu desconhecia e que ainda assim penso que
vale a pena publicar, cito a fonte, como fiz recentemente com
a dica Excel “Contando tempo”; o mesmo ocorre com
as dicas enviadas por leitores).
Mas que critério usar para escolher uma dica para publicação?
Como a maioria delas está documentada, muita gente as
conhece. O jeito é escolher alguma coisa que seja útil
e não muito conhecida. Publicar que a entrada de menu
do Word “Editar/Colar” transfere o conteúdo
da área de transferência para o documento ativo
não vale, isso todo o mundo sabe. Mas explicar o que
faz “Editar/Colar Especial” talvez valha a pena,
já que essa, sou capaz de apostar, pouca gente usa por
puro desconhecimento (se for o seu caso, veja a Dica “Vincular
ou Incorporar” de 10/08/1999 na seção
“Dicas/MS Office” de meu sítio). Em resumo:
o difícil não é achar uma dica, mas decidir
se dá para publicá-la sem ser acusado de veicular
obviedades.
Semana passada me vi diante de uma dessas situações.
A dica ensinava a remover um CD de um drive travado ou desligado.
É fácil: basta enfiar uma perna de um clipe para
papel em um pequeno orifício que existe na face frontal
do drive justamente para isso. Hesitei bastante antes de publicar.
Afinal, pensei, essa é daquelas que todo o mundo sabe.
No fim, sopesando os argumentos contra e a favor, um me convenceu:
talvez, de fato, a maioria saiba, mas para quem não sabe
pode ser de grande utilidade. E decidi: é uma bobagem,
mas vale a pena publicar.
Pois esta semana encontrei em minha caixa de entrada a seguinte
mensagem: “Você me deu uma grande alegria hoje.
Já havia tentado meter a faca e outras estratégias,
porem sem sucesso e o computador da minha filha foi ficando
meio de lado. Hoje a alegria dela quando consegui abrir o CD-ROM
foi indescritível. Pegou sua coleção de
CDs com jogos infantis e se apressou em ligar o PC. Muito agradecido.
Sérgio M.Monteiro”.
Vejam vocês, publicando aquela bobagem, conquistei o mais
belo dos troféus: o sorriso de uma criança. Há
recompensa maior?
PS: também semana passada pousou
em minha caixa de entrada a seguinte mensagem: “Piropo,
muito boa sua coluna de ontem. O sistema de telefonia da 2,5G
começa como o grande vilão da privacidade –
ninguém jamais leu o contrato com sua operadora. A palavra
chave para o setor é: consentimento . Escrevi um artigo
exatamente sobre a privacidade na telefonia móvel:
<http://www.infoguerra.com.br/infonews/talk/1023118603,22050,.shtml>”.
A signatária, Ana Amélia Mena Barreto de Castro
Ferreira, se refere ao artigo que publiquei segunda-feira passada
(cujo original permanece na seção Escritos de
meu sítio). Ela é Presidente da Comissão
Permanente de Comunicação e Informática
do Instituto dos Advogados do Brasil. Não a conheço,
mas recomendo enfaticamente a leitura do artigo. Assim como
uma visita atenta ao sítio Infoguerra, em <www.infoguerra.com.br>,
o primeiro sítio nacional “especializado em notícias
sobre segurança e privacidade produzido para o público
em geral”.