Na
coluna passada, além
das portas USB, mencionamos a existência de outro padrão
de interface, o IEEE 1394, e prometemos falar sobre ele. Falemos,
pois.
Embora pouco conhecido, o padrão não é novo.
Na verdade é mais antigo que o USB. Foi concebido no final
dos anos 80 pela Apple com o objetivo de estabelecer uma ligação
rápida entre câmaras de vídeo e computadores.
A Apple patenteou a interface com o nome de Firewire
e a submeteu ao IEEE (Institute of Electric and Electronic Engineers),
entidade responsável pela homologação de padrões
em sua área, onde recebeu o número 1394. A rapidez
da interface e sua facilidade de uso tornou-a extremamente popular
entre os fabricantes de câmaras de vídeo que avidamente
a adotaram. Mas, para evitar o pagamento de direitos à Apple,
referiam-se a ela pelo número do padrão: IEEE 1394.
A Sony piorou as coisas chamando-a de iLink. Recentemente,
para pôr ordem no caos, a Apple incentivou a criação
da 1394 Trade Association com o objetivo de disseminar
o padrão e a ela repassou os direitos sobre o nome Firewire,
permitindo licenciá-lo para qualquer empresa que use a tecnologia,
desde que siga o padrão. Portanto, esclarecendo: Firewire,
IEEE 1394 e iLink são rigorosamente
a mesma coisa.
A interface é tão rápida, simples e conveniente
que foi aceita sem dificuldades. O padrão original, hoje
conhecido por Firewire 400, permite a conexão
simultânea de 63 dispositivos à quente
(ou seja, sem precisar desligar o micro) e aceita uma taxa de transferência
de 400 mb/s (megabits por segundo), correspondente a 50 mB/s (megabytes
por segundo). Parece pouco se comparado aos 480 mb/s do USB 2.0,
mas na prática o Firewire é mais rápido graças
ao bus mastering, um recurso que repassa o controle
do barramento ao dispositivo e permite que os dados fluam sem a
interferência da CPU. Isso fez do Firewire a interface ideal
para dispositivos externos que exigem rápido fluxo de dados,
como discos rígidos e drives DVD. Além disso, para
periféricos de grande consumo de energia, o Firewire oferece
conectores de seis pinos (em vez dos originais de quatro pinos,
usados principalmente para câmaras de vídeo digitais)
para suprir a potência adicional, dispensando ligar o dispositivo
a uma tomada elétrica.
E olhe que tudo isso diz respeito apenas ao padrão original.
Ocorre que recentemente foi lançada a nova versão,
conhecida por IEEE 1394b, Firewire 2 ou
Firewire 800, diferentes nomes para a mesma coisa. O
último é uma referência à taxa de transferência
de 800 mb/s (que corresponde a 100 mB/s), o dobro da alcançada
pela versão anterior, mais de sessenta vezes superior à
do USB 1.1 e quase o dobro da do USB 2.0. Ela permitirá conectar
discos rígidos externos de alto desempenho ligados à
quente mais rápidos que as atuais unidades internas.
Para dobrar a taxa de transferência a nova versão recorreu
a recursos tecnológicos que alteraram a codificação
de dados e o gerenciamento do bus mastering, gerando problemas de
compatibilidade com a versão anterior. Para resolvê-los,
o padrão opera em dois modos. Se o computador e todos os
periféricos a ele conectados suportam Firewire 800, a interface
opera no chamado modo beta e tira proveito integral
da nova versão. Mas, se suportadas pelo BIOS do micro, é
possível usar as portas bilíngües,
nas quais podem ser conectados tanto periféricos Firewire
800 quanto Firewire 400. Nesse caso, as taxas caem para o nível
da velha interface. Mas, mesmo assim, se a troca de dados for estabelecida
entre dois periféricos Firewire 800, ela será feita
a 800 mb/s. E o padrão prevê futuras versões
que suportarão taxas de 1,6 Gb/s (gigabits por segundo) e
3,2 Gb/s (correspondente a 400 megabytes por segundo), uma barbaridade
se comparada às taxas atuais de transferência entre
periféricos.
A interface Firewire só complica um pouco quando entra no
terreno dos conectores: além dos de quatro e seis pinos da
versão original, entraram em cena os de nove pinos da nova
versão. Mas que ninguém se desespere: há adaptadores
e cabos conversores que permitem todas as combinações
necessárias.
O futuro aponta para interfaces mais rápidas, simples e confiáveis
como USB e Firewire. Prepare-se, portanto, para dizer adeus aos
conectores das portas serial, paralela, PS/2, game,
SCSI e MIDI (e aos periféricos que as usam). Brevemente,
tudo o que você verá na traseira de seu micro serão
os conectores para monitor, caixas de som, talvez TV e eventualmente
modem e rede. O resto, só USB e Firewire. É esperar
para ver.
Isso se não aparecer alguma novidade melhor, naturalmente...
B.
Piropo