Desde
que essa coluna tornou-se bimensal, evito temas de cunho mais técnico.
Hoje, vou abrir uma exceção. Pois acontece que estamos
assistindo o final de uma era e pouca gente se deu conta disso.
E vale a pena comentar o assunto: a morte das portas serial e paralela.
Há alguns anos, para instalar um periférico, havia
que atribuir-lhe recursos: número de interrupção
e endereço de E/S. Era um intrincado quebra-cabeças
que exigia um bocado de engenho e arte. Com a tecnologia plug-and-play,
que identifica o periférico e lhe atribui os necessários
recursos, isso acabou. O problema é que ela facilita a instalação
mas não resolve a escassez de recursos. E, sem recursos,
não há como agregar um novo periférico.
É aí que entram as portas USB e IEEE 1394,
ou Firewire. Há um par de anos, todo micro já
vem com pelo menos dois conectores USB e os mais novos com um IEEE
1394. E, se não vem, adaptá-los é coisa de
criança.
USB (Universal Serial Bus) significa Barramento Serial Universal,
um revolucionário padrão de comunicação
entre o micro e seus periféricos. É serial
porque os oito bits que formam cada byte fluem sob a forma de pulsos
elétricos em série, um após o outro,
pelo mesmo condutor que une o periférico ao micro. Por isso
um cabo USB tem apenas quatro condutores: dois para dados (um transporta
os pulsos, o outro funciona como terra) e dois para
alimentação elétrica (é por isso que
alguns dispositivos USB externos, como o Zip Drive, não precisam
ser ligados à tomada: recebem energia da própria fonte
do micro através do cabo).
A versão USB 1.0 de 1996 era um tanto problemática
e enfrentou uma certa resistência. Mas a 1.1 pegou
firme, especialmente depois que Windows 98 forneceu suporte para
ela. Hoje, permite instalar praticamente qualquer tipo de periférico
com uma facilidade jamais sonhada nos velhos tempos: basta conectar
o periférico ao micro, mesmo ligado, através de um
cabo USB. Não é necessário reinicializar a
máquina. Ao sentir a presença do periférico,
a porta USB automaticamente detecta seu tipo e se ajusta de acordo.
No máximo, e apenas da primeira vez, solicita inserir um
disco para instalar o driver. Depois, nem isso: basta ligar o cabo
no micro e o periférico está pronto para uso. E esqueça
as preocupações com o limite do número de dispositivos:
o padrão USB aceita até 127 deles conectados simultaneamente
através de hubs em cascata (um hub
multiplica portas USB como um benjamim multiplica as
conexões de uma tomada).
Mas as vantagens não param aí. Enquanto uma porta
serial permite transferir no máximo 14 KB/s (quilobytes por
segundo), suficiente para dispositivos lentos como modems, mouses,
joysticks e teclados, e uma paralela chega a 250 KB/s para atender
a dispositivos mais gulosos, como impressoras e drives de disquete
externos, a interface USB 1.1 chega a 1,5 MB/s (megabytes por segundo),
satisfazendo a voracidade de câmaras fotográficas digitais,
micros de mão (PDAs), reprodutores de música MP3 e
escâneres de mesa. E para satisfazer às exigências
dos grandes glutões, como drives DVD externos e adaptadores
de rede fast Ethernet, surgiu ano passado o padrão
USB 2.0 (ou Fast USB), que chega a transferir 60 MB/s,
atende as necessidades de câmaras de vídeo de alto
desempenho e é retroativamente compatível com a versão
1.1, ou seja: aceita todos os dispositivos antigos sem reclamar
(mas, para eles, mantém a taxa máxima de 1,5 MB/s;
veja detalhes em <www.usb.org>).
O USB 2.0, quarenta vezes mais rápido que o 1.1, permite
conectar discos rígidos externos a quente (sem
desligar ou reinicializar o micro), uma ferramenta formidável
para transportar grandes quantidades de dados entre diferentes máquinas.
Além disso, na prática, aumenta o número de
periféricos conectados simultaneamente. O máximo teórico
continua em 127, mas como o fluxo de dados tem que ser dividido
entre todos os dispositivos, meia dúzia deles funcionando
ao mesmo tempo em um USB 1.1 tornam o desempenho de cada um deles
equivalente ao de uma velha porta paralela. Com os 60 MB/s do USB
2.0 a conversa é outra.
O USB revolucionou de tal maneira o mercado que liquidou com as
demais portas. Dificilmente se encontram periféricos
novos para portas seriais ou paralelas. Mouses e teclados só
USB (ou PS/2, mas esse também tende a desaparecer). Câmaras
digitais também. Assim como a maioria das impressoras (por
enquanto, algumas ainda vêm com uma porta paralela, mas breve
virão apenas com a USB). E logo os novos micros virão
sem qualquer porta paralela ou serial. Terão apenas algumas
portas USB e uma ou duas IEEE 1394.
E, dessas, ainda nem falamos. Mas breve falaremos...
B.
Piropo