Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
05/05/2003

< Spyware >


Na coluna de 21 de abril comentei que aplicativos de troca de arquivos de música costumam ser acompanhados de programas que violam a privacidade de seus usuários. Pensava em abordar o tema futuramente, mas as solicitações de leitores aflitos me levaram a fazê-lo agora.
São programas do tipo “spyware” (“programa espião”). Como o Gator, que envia a lista dos sítios que você visita para empresas interessadas nesta classe de dados (que os usam, por exemplo, para abrir janelas com publicidade em sua tela quando você visita sítios de concorrentes).
Parece ilegal. E é, a menos que você permita. Se isso o tranqüilizou, comece a se preocupar: provavelmente você já permitiu e não sabe. Por exemplo: quem instalou o Grokster ou o Morpheus para intercâmbio de arquivos de música, certamente concordou com os termos de suas EULAs (licenças de uso, ou “End User Licence Agreement”). Sem ler, naturalmente. Pois caso as tivesse lido, saberia que ao aceitá-las consentiu que, além de outros, o Gator fosse instalado na máquina.
Há outros meios de instalação, como usar certas facilidades de programas navegadores e de correio eletrônico para instalar spywares após a simples abertura de mensagens ou visitas a sítios mal intencionados. Mas aproveitar-se da ingenuidade de quem concorda com aquilo que não lê é o método mais comum, já que assim os pilantras sempre podem alegar que a vítima concordou. O Grokster, por exemplo, se dá ao desplante de, com ele, instalar treze outros programas, incluindo Gator, VX2 e WebHancer, notórios spyware. E o Kazaa instala sete, incluindo o spyware SaveNow. Os demais em geral são do tipo “adware”, programas que exibem publicidade através da inopinada abertura de janelas na área de trabalho. E, se você acha que esses são suportáveis pois não violam sua privacidade, é bom lembrar que a maior parte deles rodam o tempo todo em segundo plano (consumindo capacidade de processamento do micro e fazendo-o ficar mais lento) e freqüentemente provocam travamentos devido a incompatibilidades com os demais programas instalados.
Mas talvez o aspecto mais terrível dessas pragas é o fato de que, mesmo após a remoção do programa que as instalou, elas permanecem na máquina exercendo sua ação deletéria. E se você conseguir removê-las manualmente, duas coisas podem acontecer: ou o programa que as instalou pára de funcionar (se seus “acompanhantes” forem removidos, Grokster e Kazaa alegam falta de componentes essenciais e exigem reinstalação, o que reinstala igualmente os programas indesejáveis) ou, o que é ainda pior, simplesmente se reinstalam sem aviso na próxima inicialização.
A maneira mais segura de se livrar deles é usar um programa especializado nessa tarefa. Que funcionam de forma similar aos antivírus: mantêm um banco de dados com definições de arquivos e alterações no Registro que denunciam a presença dos programas indesejáveis e, quando os localizam na máquina, providenciam a remoção. Há diversos. Os mais conhecidos são o Ad-Aware (a preços de US$ 26,95 ou US$ 39,95, conforme a versão, no sítio da Lavasoft, em <www.lavasoft.com>) e o SpyWare Eliminator (com uma versão que apenas denuncia a presença de programas indesejáveis, gratuita, e outra que os remove, por US$ 39,99, ambas obteníveis no sítio da Alluria, em <www.alluriasoftware.com>). Mas meu preferido é o SpyBot Search & Destroy, que pode ser obtido em <http://spybot.safer-networking.de/>. Que, além de ser grátis (solicita apenas uma doação voluntária), foi considerado o mais eficiente em avaliação efetuada pela PC Magazine americana na edição de 22/04/2003.
Baixe-o, instale-o e execute-o. Você vai se surpreender com a quantidade de porcarias que encontrará em sua máquina. Como sei? Fácil: eu, que não rodo nenhum daqueles programas “perigosos”, não visito sítios pouco confiáveis, uso um excelente filtro anti-spam e sou dado ao vício de ler EULAs, decidi rodá-lo em minha máquina de trabalho exclusivamente para testá-lo e escrever esta coluna. Para minha surpresa, ele encontrou 43 infestações...

PS: Para quem soube, através desta coluna, de meu regozijo diante da recuperação de D. Eulina após uma grave crise cardíaca: infelizmente a alegria durou pouco. No último dia 27 de abril ela nos deixou. Discretamente e em paz, após noventa e dois anos de uma vida plena, adormeceu para não mais acordar, como desejara, encerrando uma jornada prenhe de realizações. Teve dois filhos e dois netos dos quais se orgulhava (no que me diz respeito, mais por amor dela que por méritos meus) e jamais vacilou diante dos obstáculos impostos pela vida. Foi uma vencedora.
Vai, mãe. Leve consigo meu respeito, meu amor e minha saudade.

B. Piropo