Sítio do Piropo

B. Piropo

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Volte de onde veio
25/03/2002

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Em 10/07/2000 [ A Arquitetura Microsoft.NET ] descrevi o lançamento mundial da plataforma .Net em um evento que  reuniu mais de 500 jornalistas no campus da MS em Redmond (o artigo permanece na seção “Escritos/Artigos em O Globo” de meu sítio, em <www.bpiropo.com.br>). Desde então, quando se refere ao tema, Bill Gates costuma dizer que esta “apostando a empresa”. E talvez esteja mesmo, já que, segundo Eric Knorr, “somente uma iniciativa do tamanho e escopo da .Net pode manter o crescimento da MS nas taxas que ela presume que merece” (leia o artigo em <http://techupdate.zdnet.com/techupdate/stories/
{mesma linha}main/0,14179,2846884,00.html>).

A plataforma .Net se baseia em uma nova geração de software que conjuga computação e comunicação de uma forma revolucionária, empregando meios inovadores para utilizar e distribuir programas. O centro nevrálgico desta filosofia distributiva são os Web Services. Para entendê-los, consulte o excelente artigo do Carlos Alberto Teixeira nesta mesma edição, a quem agradeço não apenas por haver me poupado da difícil tarefa de explicar o assunto como também por tê-lo feito muito melhor do que eu o faria.

Leia atentamente a explicação do C@T sobre o que são Web Services e repare: não há uma única menção à MS. Isso ocorre porque, embora toda a estratégia .Net esteja baseada neles, os Web Services não são um produto da MS mas uma iniciativa conjunta da indústria para criar uma base comum de desenvolvimento das APIs que permitem a integração dos serviços. O problema é que a plataforma .Net está tão indissoluvelmente ligada a eles que a empresa tomou para si a responsabilidade de disseminá-los. Ora, Web Services são componentes de software. Portanto, a forma mais eficaz de garantir sua disseminação é produzir uma ferramenta eficiente para desenvolvê-los.

Essa ferramenta é o Visual Studio.Net, a mais nova versão do IDE (acrônimo de “ambiente integrado de desenvolvimento”, em inglês) da MS,  lançado nos EUA em 13 de fevereiro passado pelo próprio Bill Gates e apresentado à imprensa brasileira no último dia cinco, em São Paulo. Trata-se, segundo Rich Castagna, de um audacioso lance da MS na busca do domínio no campo dos Web Services (veja artigo em <http://techupdate.zdnet.com/techupdate/stories/
{mesma linha} main/0,14179,2849396,00.html
). E é uma aposta de peso: além de introduzir uma nova linguagem (C#, ou “C sharp”, uma variante do C) e uma versão revolucionária do Visual Basic (agora totalmente orientado a objetos), traz suporte integrado para mais de dez linguagens, incluindo C++, J++, Perl, Pascal e até mesmo o bom e velho Cobol. Mas seu grande “pulo do gato” é a facilidade com que cria automaticamente – adivinhem! – Web Services sem que o programador tenha que digitar uma única linha de código XML (para saber mais, visite o sítio do VS.Net em <www.msdn.microsoft.com/vstudio/>).

Eu assisti a apresentação em São Paulo e o produto me impressionou bem. Mas como não me considero a pessoa mais indicada para dar palpite sobre um IDE, busquei repercussões entre os especialistas. E as que recolhi foram bastante favoráveis. Como as de McGinty e Knorr, que afirmam ser este “de longe o melhor IDE jamais produzido pela MS” (veja artigo em <http://techupdate.zdnet.com/techupdate/stories/
{mesma linha} main/0,14179,2847282,00.html
>).

Mas para a MS não basta disseminar a plataforma. Ela precisa ainda convencer os programadores a se bandear do grande concorrente, o Java da Sun (veja artigo do C@T).  Por isso a estratégia da MS incluiu o Visual J++.Net, uma ferramenta que permite a programadores Java desenvolverem aplicativos e serviços integrados à plataforma .Net, e o utilitário JLCA (Java Language Conversion Assistant), que converte código fonte Java em C#, ambos parte de uma iniciativa batizada sugestivamente de JUMP (Java User Migration Program). Um claro sinal que Gates e MS encaram Java como uma séria ameaça.

Se o JUMP vai fazer a turma do Java pular para o barco da MS não sei. Sinceramente, espero que não. E não se trata de ser ou não contra a Microsoft. Trata-se de ser a favor de um grupo muito maior e mais importante: o dos usuários. Porque nada como uma concorrência sadia para sacudir o mercado, melhorar os produtos e baixar os preços.

PS: participei do Enitec, em Juiz de Fora, uma iniciativa da Base Três, Empresa Júnior de Informática da UFJF. Embora “coisa de estudante” (ou, quem sabe, por isso mesmo), há muito tempo eu não me envolvia em um evento tão bem organizado. Ao Leandro Ciuffo, demais organizadores e participantes, meus sinceros agradecimentos pelo tratamento fraterno e caloroso que me dispensaram. Foi um prazer estar com vocês.

B. Piropo