Sítio do Piropo

B. Piropo

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05/1997

Arquivos Para Que Te Quero

 

Só há uma razão para armazenarmos nossos dados em disco: para que, mais tarde, possamos recorrer a eles novamente. Logo, só faz sentido gravar uma informação se houver meios de recuperá-la mais adiante.

Para serem gravados em disco, os dados antes devem ser digitalizados. Portanto, o que se grava é sempre um conjunto de bytes. Toda a ciência da coisa consiste em grupar este conjunto de bytes de uma forma ordenada e gravá-lo no disco de tal maneira que ele possa ser identificado, encontrado e recuperado quando precisarmos novamente da informação.

Para tanto, primeiro há que dar um nome a esta coisa genérica, esta coletânea de bytes que guarda a informação. Vamos chamá-la de arquivo. Para encontrarmos novamente nossos dados na balbúrdia que se torna um disco quando vai acumulando mais e mais informações, cada arquivo recebe um nome que o identifica inconfundivelmente.

Já o tamanho do arquivo, ou o número de bytes que ele contém, depende do tipo e da quantidade de informação que se está armazenando: um livro de memórias certamente usará muito mais bytes que uma lista de compras - exceto, é claro, no caso de certas senhoras emergentes dadas ao consumismo explícito, de vida vazia e gastos copiosos.

Se os arquivos fossem gravados como uma coisa única, estendendo-se na superfície magnética por uma sucessão de bytes proporcional a seu tamanho, seria muito difícil administrar sua distribuição no disco e posterior recuperação. Afinal, arquivos são gravados e removidos, e depois de algum tempo ficaria impossível distribuir racionalmente os novos arquivos de tamanhos diferentes nos espaços livres deixados pelos que foram eventualmente removidos. Por isto os arquivos são gravados aos "pedaços". Então, para gravar um arquivo, ele é desmembrado em pedaços de 512 bytes. Cada pedaço ocupará um setor do disco. Estes setores são distribuídos em trilhas que cobrem as faces do disco. Os setores que formam um arquivo podem ser contíguos ou estarem espalhados por todo o disco.

Como um arquivo não pode ocupar "meio" setor, o menor tamanho possível de um arquivo é 512 bytes. Em tese, não há limite superior: teoricamente o tamanho máximo de um arquivo está limitado apenas pela capacidade do disco. Mas em geral, arquivos ocupam desde um setor até algumas centenas ou milhares de setores do disco.

Para reconstituir a informação contida no arquivo é preciso lê-lo do disco, localizando cada um dos setores que o constituem e os reagrupando. Há diversas maneiras de fazê-lo. Cada uma constitui um sistema de arquivos diferente.

Os detalhes dos sistemas de arquivos, em princípio, não interessam ao usuário: tudo o que ele deseja é uma forma de identificar seus arquivos, gravá-los no disco e recuperá-los mas tarde quando precisar deles.

Pelo menos deveria ser assim. O problema é que fatores como tamanho do nome dos arquivos e até capacidade máxima de discos rígidos suportados dependem do sistema de arquivos. E esmiuçar o modo como ele administra os discos pode não acabar com os problemas, mas pelo menos nos ajuda a entender suas causas.

Não é uma solução, é verdade.

Mas pode ser um consolo, quem sabe?

B. Piropo