Há duas semanas publiquei um artigo sobre a instalação do Windows XP SP2 e prometi voltar ao assunto, desta vez abordando eventuais problemas. O SP2 é um imenso conjunto de alterações do código do sistema operacional cujo principal objetivo é aumentar a segurança (em <http://techrepublic.com.com/5100-6270_11-5312919.html?tag=e101> há um artigo que cita algumas das modificações). Ora, segurança, entre outros aspectos, tem a ver com interatividade do usuário, interação entre programas e comunicação entre máquinas. E quando se mexe nessas funções é impossível não afetar alguns aplicativos que delas dependem. Portanto, é de se esperar que surjam problemas.
E surgiram muitos (tanto assim que a MS permite bloquear a instalação do SP2 por até oito meses, mantendo ativa a instalação automática das demais atualizações; veja como em <www.microsoft.com/technet/prodtechnol/winxppro/maintain/sp2aumng.mspx>). Como a atualização não é obrigatória, cabe ao usuário decidir se a instala e enfrenta os eventuais problemas causados por ela ou se não a instala, se abstendo de desfrutar do indiscutível aumento da segurança que ela proporciona. A decisão não é simples, já que instalar o SP2 não torna o sistema invulnerável. Vulnerabilidades existem (e novas serão descobertas) mesmo nos sistemas onde ele foi instalado, como a denominada “http-equiv” que, se explorada, faz com que o simples ato de arrastar e soltar um objeto em certas páginas da Internet copie um executável na pasta “Iniciar” do menu “Programas”, fazendo com que seja executado na próxima inicialização do micro (a MS, já está ciente desta vulnerabilidade; veja em <http://news.zdnet.com/2100-1009_22-5318358.html>). Mas que o SP2 traz um significativo aumento na segurança, ninguém discute. Então vamos examinar alguns dos problemas que ele pode causar para decidir se devemos ou não instalá-lo.
Uma lista de 38 programas que funcionam mal ou simplesmente não funcionam após a instalação do SP2 pode ser encontrada no artigo 884130 da base de dados da MS, em <http://support.microsoft.com/default.aspx?kbid=884130>. Muitas dessas incompatibilidades já foram corrigidas pela MS ou pelos responsáveis pelos programas citados, mas ainda assim vale a pena consultar o artigo antes de instalar o SP2 para evitar surpresas desagradáveis com seus programas prediletos.
Uma caudalosa fonte de problemas de segurança são os chamados “controles ActiveX”, trechos de código executados na máquina do usuário. Embora de grande valia para sítios interativos, esses controles são potencialmente perigosos. Todas as versões de Windows permitem desabilitá-los, mas a maioria dos usuários não toma conhecimento disso. Pois bem: o SP2 alterou a forma padrão de lidar com eles e passou a advertir sobre seus perigos e exigir autorização explícita para executá-los. Isso desagradou aos autores de programas do tipo “plug-in”, receosos que os usuários, assustados pelas advertências, se recusem a usá-los. Mas isso não representa problema para os usuários, apenas para os desenvolvedores. Houve ainda relatos de uma incompatibilidade com microprocessadores de 64 bits da AMD (Athlon 64 e Opteron), mas o problema foi contornado pela própria MS (veja detalhes em <http://news.zdnet.com/2100-9584_22-5326707.html>).
Um dos utilitários mais afetados pelo SP2 é o Internet Explorer. Ele sofreu severas alterações e algumas podem lhe desagradar. Felizmente, em sua maioria, são ajustáveis ou reversíveis. Em <http://techrepublic.com.com/5100-6270_11-5312854.html?tag=e101> há um excelente artigo (infelizmente, apenas em inglês) de Deb Shinder que ensina como ajustá-las. E em <www.pcworld.com/howto/article/0,aid,117422,tk,wb091304x,00.asp> há um artigo semelhante, de Scott Spanbauer (também em inglês) sugerindo diversos ajustes que podem ser alterados no Windows XP após instalado o SP2 para facilitar a vida dos usuários. Vale a pena dar uma espiada neles.
Mas certamente a melhor, mais eficaz e confiável fonte de informações sobre como evitar ou contornar eventuais problemas causados pela instalação do SP2 é o artigo 842242 da base de dados da MS, sugestivamente intitulado “Alguns programas parecem parar de funcionar após a instalação do Windows XP Service Pack 2” e que pode ser encontrado em <http://support.microsoft.com/default.aspx?kbid=842242>. O artigo, em português, relata os problemas e ensina como contorná-los, além de fornecer uma lista de quase quarenta programas que podem exigir que o usuário abra suas “portas” de comunicação com a Internet manualmente, ensinando como fazê-lo.
E finalmente, se nada disso der certo, ainda resta a consulta ao artigo de John McCormick intitulado “Windows XP SP2: What to do when the Windows break” (em inglês), encontrado em <http://techrepublic.com.com/5100-6264_11-5322633.html?tag=e101> que sugere algumas providências para o caso da instalação do SP2 “estragar” alguma coisa.
Em resumo: como tudo na vida, o SP2 tem suas vantagens e desvantagens. As vantagens têm a ver com o indiscutível aumento da segurança do sistema, um fator nada desprezível nesses tempos em que os vírus, cavalos de Tróia e programas espiões pululam na rede como nunca. Já na relação de desvantagens destacam-se algumas incompatibilidades, a necessidade de fazer certos ajustes para que alguns programas continuem funcionando e uma certa insegurança diante do desconhecido.
Se vale ou não a pena instalar, é uma decisão que cabe ao usuário. Eu pesei os prós e contras e, depois de duas semanas observando o comportamento de um micro com o SP2 instalado, decidi instalá-lo também nesta máquina que vos fala, meu xodó e ganha pão. Quanto à sua, não me pergunte. Sopese você mesmo as vantagens e desvantagens e decida. E, se não der certo, não me culpe: afinal, quem decidiu foi você. Mas, caso resolva se aventurar, não esqueça que durante a instalação lhe será concedida a oportunidade de decidir se a desinstalação será ou não permitida. Em relação a isso, sim, eu posso lhe aconselhar: aceite sem pestanejar. Porque, se algo der errado, em vez de reclamar do pobre Piropo, desinstale o SP2 e siga em frente.
Incidentalmente: há poucos dias a MS relatou uma nova vulnerabilidade em alguns de seus programas, incluindo Outlook 2002 e 2003, IE 6, Windows XP com SP1, Windows Server 2003 e aplicativos desenvolvidos através da plataforma .Net. Essa vulnerabilidade permite que terceiros assumam o controle remoto da máquina, bastando para isso que o usuário abra uma imagem (devidamente “preparada” pelo biltre) no formato JPEG, arquivos até agora considerados seguros. A imagem pode estar hospedada em um sítio da Internet ou incluída em uma mensagem de correio eletrônico ou documento do MS Office (detalhes no boletim MS04-028 em <www.microsoft.com/technet/security/bulletin/ms04-028.mspx>). A vulnerabilidade é do tipo “estouro de buffer”, um problema corrigido pelo SP2, portanto máquinas que o instalaram não são vulneráveis.
Isso é um fato. Diante dele, o usuário pode assumir duas atitudes. A primeira é vociferar contra a MS e suas vulnerabilidades, maldizendo a empresa e seus programas e lamentando ter escolhido um sistema operacional tão fraco. A segunda é instalar o SP2. Ambas são justificáveis e compreensíveis, portanto não se pode criticar os que preferirem uma ou outra. Mas quem optar pela última fica livre do problema.

B. Piropo