O Service Pack 2 para Windows XP em português provavelmente já estará disponível para o público quando você estiver lendo essas mal traçadas. Se não estiver, é coisa para poucos dias. Na imprensa internacional o lançamento da atualização em inglês, ocorrido há duas semanas, despertou uma onda de comentários contra e a favor similar às conhecidas “guerras santas” Windows x Linux, Intel x AMD, PC x Mac. Os que são a favor louvam o enorme aumento de segurança que a nova atualização implica, enquanto os que são contra deblateram contra os problemas de compatibilidade e qualquer outro inconveniente que tenha surgido depois da instalação, mesmo aqueles que nada tenham a ver com ela. E o curioso é que trata-se tão somente de uma atualização de produto, distribuída gratuitamente visando sobretudo implementar uma política mais rígida de segurança. E nunca se viu tanta polêmica em torno do lançamento de uma atualização.
Acabei de instalar o SP2 em português em uma máquina equipada com um processador Duron, da AMD, com 512 Mb de memória. Este artigo é uma tentativa de compartilhar essa experiência com vocês.
Instalei de um CD-ROM, o que simplifica bastante o procedimento (o SP2 é enorme e fazer a instalação transferindo diretamente da Internet há de ser uma experiência dolorosa). Posto o CD no drive, imediatamente aparece uma janela oferecendo duas alternativas: “O que você deve saber antes de instalar o Service Pack 2” e “Instalar agora”. Sugiro começar pelo primeiro e estender a leitura ao arquivo “leiame”, em formato HTML, para o qual há um atalho no texto. Nestes dois documentos você encontrará informações sobre a duração da instalação e um resumo das principais alterações que serão efetuadas no sistema. E algumas recomendações, inclusive a de efetuar cópias de segurança de seus arquivos de dados antes de iniciar a instalação (portanto se algo der errado durante a instalação e você perder seus arquivos, não reclame da MS: ela avisou).
Lidas as instruções, comande “Instalar agora” e surge um Assistente (“Wizard”) que o guiará passo a passo, apresentando algumas opções. A mais importante: permitir desinstalação. Aceite-a, e o sistema verificará a disponibilidade do espaço necessário (muito; no sistema citado, foram usados mais de 400 Mb) e fará a cópia de segurança dos arquivos que serão removidos ou alterados e do Registro, além de criar um ponto de restauração do sistema (o que dispensa que o usuário o faça). Tudo isso é um processo razoavelmente demorado (no meu caso demorou mais de meia hora) mas que dispensa a assistência do usuário: depois que aparece a barra de progresso da instalação na janela “Atualizando o sistema” você pode cuidar de outra coisa que a instalação prossegue sozinha.
Terminado o processo, aparece uma janela dando conta da conclusão da instalação e solicitando reinicializar o micro. A primeira reinicialização é um pouco mais demorada que o usual, portanto tenha calma. Ao final, surge uma tela recomendando que você ative as atualizações automáticas (mas oferecendo a alternativa de não fazê-lo; eu, particularmente, que não gosto que nada seja feito em minha máquina sem meu conhecimento, prefiro ajustar para que o sistema me avise quando houver uma atualização disponível para que eu a instale quando melhor me convier) e basta mandar prosseguir para penetrar no novo universo do SP2.
Sua porta de entrada é a nova Central de Segurança de Windows XP, uma única janela de onde você administrará todas as configurações de segurança, que englobam a política de atualizações, o firewall (que agora vem ativado por padrão), a proteção antivírus (o próprio sistema investiga suas entranhas e verifica se há um antivírus instalado, informando caso reconheça algum) e as “Opções de Internet”, com os ajustes relativos à segurança na rede. Além desses itens, a Central fornece atalhos para locais onde são encontradas informações sobre segurança e vírus, um caminho direto para as atualizações do sistema (Windows Update), suporte sobre problemas de segurança e sobre o uso e ajustes da própria Central de Segurança. Tudo isso em uma janela que praticamente ocupa toda a tela após a inicialização (apenas a primeira, fique tranqüilo; feche-a que, daí em diante, a Central de Segurança se acomoda como um novo objeto de seu Painel de Controle).
Como se vê, e a MS deixa claro desde o início, o alvo principal do SP2 é o aumento da segurança. O resto é acessório. E quem se lembra da iniciativa da MS, em janeiro de 2002 (logo após a eclosão dos vermes Blaster e SoBig), de lançar um programa voltado especificamente para a segurança, denominado Trustworthy Computing Initiative (primeiros passos para uma computação confiável, em uma tradução livre; seu sítio na Internet pode ser visitado em
<http://www.microsoft.com/mscorp/twc/default.mspx>)
que prometia atingir um nível de segurança satisfatório em três anos, tem uma idéia razoável do que, verdadeiramente, é o WinXP SP2: a primeira implementação da TCI com quase um ano de antecedência.
É claro que tantas e tão importantes alterações nas entranhas do sistema não se faz impunemente. E circulam pela rede tantas histórias horripilantes sobre instalações malsucedidas, incompatibilidades e travamentos, que a recomendação de efetuar uma cópia de segurança dos dados antes de instalar o SP2 deve ser encarada com seriedade.
Quando eu falo em alterações substanciais nas entranhas do sistema não estou exagerando. Muitos dos componentes essenciais de Windows foram recompilados, muitos deles para incluir a função “Data Execution Prevention”, ou DEP, que evita que a vulnerabilidade conhecida como “estouro de buffer” (“buffer overflow”) seja explorada impedindo que código seja executado em trechos da memória reservado para dados (essa função incorporada ao SP2, embora altamente desejável, é responsável por uma de suas incompatibilidades: conflitos com sistemas que usam os microprocessadores de 64 bits da AMD, como o Athlon 64 e Opteron, que têm a mesma função “embutida” no chip). E a abertura de anexos – quaisquer tipos de anexos – é precedida por uma janela advertindo contra os riscos pertinentes. Até mesmo as imagens em mensagens no formato HTML são bloqueadas e somente exibidas mediante a permissão expressa do usuário para evitar que scripts identifiquem a presença de uma caixa de entrada ativa. Além da eliminação das irritantes janelas “pop ups” que, além de assustarem o usuário abrindo-se inopinadamente na área de trabalho, podem ser perigosas se levarem a sítios com código HTML que abrigue scripts mal intencionados (mas tudo isso é configurável, ou seja: se você gosta de “pop ups”, pode desabilitar o controle permanente ou temporariamente).
Feita a instalação, carreguei e rodei cada um dos (muitos) programas instalados na máquina, inclusive o pacote Office e o Macromedia Studio MX (infelizmente a Macromedia ainda não me enviou a versão 2004). Não encontrei nenhuma incompatibilidade e não notei nenhuma queda no desempenho da máquina. Por enquanto, minha impressão sobre a atualização é a melhor possível. Embora a qualidade do firewall do Windows XP deixe a desejar (o que pode ser contornado instalando-se um firewall de terceiros), o aumento na segurança fica evidente e as mudanças não são do tipo que afetam o desempenho do sistema nem oferecem dificuldades ao usuário.
Portanto, como diria o sujeito que caiu do vigésimo andar ao passar pelo terceiro, “até aqui, tudo bem”. Mas são tantos os problemas relatados na Internet referentes à instalação do SP2 que vou continuar testando para ver se algum se manifesta. E prometo voltar ao assunto em breve. Até lá. referentes à instalação do SP2 que vou continuar testando para ver se algum se manifesta. E prometo voltar ao assunto em breve. Até lá.

B. Piropo