Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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08/12/2003

< Más notícias para os adeptos da MP3 >


Confesso que não costumo “baixar” arquivos musicais da Internet. Questão de gosto e de hábito, naturalmente. Mas não somente nada tenho contra quem passa horas garimpando e colecionando músicas na rede como acompanho com interesse as escaramuças entre as empresas de entretenimento, capitaneadas por sua poderosa associação RIAA de um lado, e os sítios de troca e oferta de arquivos musicais e seus usuários, do outro. Tanto assim que recentemente comentei com revolta e tristeza a iniciativa da RIAA de processar cidadãos, alguns deles absolutamente alheios ao assunto, como o avô acusado de pirataria porque os netos usavam seu micro para “baixar” músicas (o artigo, intitulado “A facínora”, permanece disponível na seção “Escritos” de meu sítio em <www.bpiropo.com.br>). Mas, apesar dos protestos indignados da comunidade internauta, desde setembro a RIAA já moveu processo contra quatrocentos cidadãos americanos (veja artigo de Drew Cullen em
<www.theregister.co.uk/content/6/34340.html?foo=Round%203:
%20RIAA%20sues%20more%20file%20swappers%2012—04
>).
Em princípio, há duas formas de se obter arquivos musicais através da rede. Uma delas é visitar um sítio especializado, que oferece músicas de artistas conhecidos ou não, eventualmente em troca de pagamento (como redivivo o Napster.Com, em <www.napster.com>, agora pertencente à Roxio). Outra é apelar para sítios que congregam redes de micros pertencentes a usuários comuns e permitem que eles troquem arquivos entre si. No primeiro caso, como as músicas provêm dos servidores do sítio, a transação fica sob sua responsabilidade legal e os direitos autorais (que incluem o eventual pagamento) são estritamente respeitados. No segundo, como a transação se dá entre pessoas (os arquivos são transferidos diretamente da máquina de um usuário para a máquina do outro, não sendo armazenados nos servidores do sítio), nem sempre há este cuidado e muitas vezes (para não dizer todas) a transferência se dá sem qualquer preocupação quanto aos direitos autorais. Como essa prática não é legal, ocultar a identidade dos usuários envolvidos é um ponto importante para protegê-los de eventuais ações movidas pelos detentores dos direitos autorais das músicas ou seus representantes (como a voraz RIAA). Por isso muitos usuários recorrem a programas que procuram garantir o anonimato quando praticam troca de arquivos.
Um bom exemplo de sítio de onde se podia baixar arquivos era, ate poucos dias, o sítio MP3.Com (em <www.mp3.com>), então pertencente ao grupo Vivendi Universal, onde se podia obter gratuitamente músicas de artistas independentes. Hoje, uma visita ao sítio mostra apenas uma página que informa secamente que, no momento, não é possível baixar músicas ou postá-las nos servidores do sítio. Pelo menos enquanto os novos proprietários, CNet Networks, estiverem “desenvolvendo a próxima geração de um serviço de informações sobre música que tornará mais fácil do que nunca encontrar a música que se deseja”. Até aí, tudo bem. O problema é que os novos proprietários têm se mantido extremamente reticentes quanto ao futuro do acervo (hoje inacessível) do antigo sítio, mais de 1,3 milhão de arquivos musicais criados por cerca de 250 mil artistas independentes (veja artigo de Scarlet Pruitt em <www.pcworld.com/news/article/0,aid,113719,tk,dn120303X,00.asp>). O concorrente Primetones (em <www.primetones.com>) oferece abrigo para os despejados do MP3.Com. Mas é preciso que eles se associem ao novo sítio, o que nem sempre é desejável. Resultado: centenas de milhares de arquivos musicais podem se perder. O que é uma pena.
A segunda notícia não tem a ver diretamente com arquivos musicais, mas é bom ficar atento. Trata de dois usuários japoneses que recorriam ao popular programa Winny para garantir seu anonimato enquanto trocavam arquivos de jogos e filmes (o Winny pode ser usado com o mesmo fim na troca de arquivos musicais e sua rede de usuários chega a 250 mil internautas). O problema é que ambos foram presos pela polícia japonesa, acusados de pirataria. E o desenvolvedor do programa Winny também foi interrogado e teve a casa submetida a busca pela polícia (veja artigo do NewScientist em <www.newscientist.com/news/news.jsp?id=ns99994436>).
Ainda não se sabe como a polícia nipônica conseguiu identificar os usuários piratas, mas uma coisa é certa: é bom se cuidar, pois ao que parece as redes anônimas de trocas de arquivos não são assim tão anônimas...

B. Piropo

B. Piropo