Engenheiro Benito P. Da-Rin
Trabalho técnico: As Curvas de Operação
Entrevistas para o Instituto Água Sustentável IAS
Aulas Magnas - UERJ 2020/2021
O Reino e seu Cocô - Um conto de fadas
O Decantador Final do Lodo Ativado
Trabalho técnico: As Curvas de Operação
Em 1977 eu e meu saudoso amigo e colega Gerson Nascimento desenvolvemos o trabalho "Nova Metodologia Para Dimensionamento e Análise de Processos de Lodos Ativados – As Curvas de Operação do Sistema De Aeração" que foi por mim apresentado no 9º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária realizado no campus da UFMG em Belo Horizonte. Quis o acaso que a apresentação fosse feita no único auditório situado fora - e a uma distância considerável - do pavilhão principal onde se localizavam todos os demais auditórios. O que fez com que ela (como as dos demais trabalhos ali apresentados no decorrer do Congresso) transcorresse diante de uma plateia bastante reduzida. Isso, em uma época em que os trabalhos não eram publicados em anais do Congresso ou na revista Engenharia Sanitária, mas apenas vendidos em exemplares avulsos no estande da ABES, me fez crer que tivesse passado praticamente desapercebido – o que eu lamentei bastante porque, tanto quanto é de meu conhecimento, foi a primeira tentativa bem sucedida de se estabelecer uma técnica de dimensionamento das unidades de um processo de lodos ativados levando em conta sua interdependência. Para minha surpresa, recentemente tomei conhecimento por uma postagem do ilustre Professor Carlos Massuyama em uma rede social da internet que não somente o trabalho havia sido debatido em classes de engenharia em São Paulo como ele tinha interesse em obter um exemplar. Como julgo ser o trabalho de boa qualidade e sua passagem quase em branco naquele congresso sempre me incomodou, decidi digitalizá-lo e colocá-lo à disposição do meu amigo Massuyama e de quem mais por ele se interessar. Sei que hoje, diante da teoria do ponto de estado, dimensionar um sistema de aeração traçando suas curvas de operação chega a parecer bisonho. Então, caso se disponha a lê-lo, tenha em mente que se trata de um trabalho pioneiro concebido há cerca de meio século, quando a quase unanimidade dos especialistas acreditava que a única unidade importante dos lodos ativados era o tanque de aeração, sendo o decantador e a elevatória meros acessórios que cumpriam funções secundárias e pouco relevantes. Não obstante, ainda hoje, se usadas criteriosamente para dimensionar o sistema, os resultados obtidos com as curvas de operação serão absolutamente compatíveis com os da análise de seu ponto de estado.
Aqui está o trabaho em formato .PDF à sua disposição:
As Curvas de Operação do Sistema de Aeração - PDF
Eng. Benito Piropo Da-Rin
Entrevistas para o Instituto Água Sustentável IAS
Em abril de 2021 fui entrevistado pelo hidrogeólogo Everton de Oliveira, o Professor Água do IAS - Instituto Água Sustentável, sobre meus caminhos e descaminhos por tantos anos no campo dos esgotos sanitários. O IAS, criado "porque o mundo precisa de água" (esse é seu slogan), é uma belíssima iniciativa que visa "promover a defesa, preservação e conservação do meio ambiente hídrico, bem como o desenvolvimento sustentável, econômico e social relacionado ao seu uso" e Everton é seu Diretor Executivo. A entrevista virou um agradável e bem humorado bate papo entre amigos e se estendeu tanto que quando o IAS a postou em seu canal do YouTube foi necessário dividi-la em duas partes.
Aqui estão elas à sua disposição:
Entrevista - Parte 1Entrevista - Parte 2
Eng. Benito Piropo Da-Rin
Aulas Magnas - Curso: Engenharia Sanitária e Ambiental - UERJ 2020/2021
Os atalhos ("links") para baixar as apresentações estão no final do texto
Em fevereiro de 2020 fui honrado com o convite para ministrar a Aula Magna do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da UERJ. E o adjetivo "honrado" não está aí por mera questão de cortesia. Ministrar a aula foi mesmo uma honra não apenas pela qualidade da plateia como também pelo fato de ter sido esta a primeira vez que o curso foi aberto com uma Aula Magna e por eu ter nele lecionado a disciplina "Tratamento de Esgotos" nos já longínquos anos oitenta do século passado.
Todas essas razões me levaram a considerar o convite, além de honroso, irrecusável – o que me fez voltar ao computador e preparar uma apresentação para ilustrar a aula, ministrada em 11 de março de 2020.
Eu não tinha intenção de tornar pública a apresentação. Ela só está aqui em virtude das muitas solicitações recebidas para fazê-lo. Então, basta clicar no botão a ela correspondente que você encontrará no final deste texto para assisti-la (ou transferi-la para seu computador) no formato PDF.
Pois bem: no ano seguinte, 2021, nos duros tempos da pandemia de covid19, fui novamente honrado com o mesmo convite - o que me levou a crer que a aula do ano anterior tivesse agradado. Mas desta vez, no auge da pandemia, a aula não poderia ser presencial por óbvias razões sanitárias. E foi apresentada à distância, via internet, em 05/04/2021.
Também para ilustrá-la criei uma apresentação - igualmente disponivel no formato PDF clicando em seu botão no pé deste texto.
Mas, antes disso, cabem duas observações.
A primeira tem a ver com os direitos autorais referentes às imagens de ambas apresentações. Embora todas as ilustrações sejam de minha autoria, criadas usando programas de edição gráfica (basicamente Photoshop e Illustrator), as imagens em que elas se basearam não o são. Na apresentação correspondente à aula de 2020, a maioria delas foi obtida digitalizando figuras do livro "Os Esgotos do Rio de Janeiro", uma belíssima obra do Eng. José Ribeiro da Silva editada pela SEAERJ. Outras imagens desta apresentação e todas as da apresentação correspondente à aula de 2021 foram obtidas na internet em fontes diversas. Porém, como o único objetivo foi ilustrar aulas não remuneradas, espero não estar infringindo quaisquer direitos autorais.
A segunda observação visa apenas enfatizar que as apresentações foram desenvolvidas exclusivamente com o fim de ilustrar as aulas, não para serem exibidas isoladamente. Enfatizo isto porque assistir uma apresentação fora do contexto da aula para a qual foi desenvolvida é como ordenar o melhor prato do cardápio de um bom restaurante e, ao consumi-lo, perceber que o "chef" esqueceu de acrescentar os temperos.
Vai ficar um bocado insosso...
Dito isto, aos que ainda assim se dispuserem a ingeri-las, bom proveito.
Apresentação: Aula Magna/UERJ 2021 - PDF
Apresentação: Aula Magna/UERJ 2020 - PDF
E só para completar: Como a aula de 2021 foi remota devido às restrições impostas na ocasião pelo isolamento social exigido pela epidemia de Covid 19, ela foi gravada em vídeo pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESMA) da UERJ. Quem desejar assisti-la poderá encontrá-la no canal do YouTube do DESMA.
Vídeo: Aula Magna/UERJ 2021 - PDF
Eng. Benito Piropo Da-Rin
Em um dos grupos do WhatsApp de que participo um amigo pediu minha opinião sobre uma charge cujo conteúdo era: "Eles dizem que é melhor privatizar porque está ruim ... mas não dizem que fazem ficar ruim de propósito para a gente apoiar o que é do interesse deles". Eu prometi responder. Depois, pensando melhor, achei que seria mais proveitoso recorrer a uma alegoria. Assim nasceu esse Conto de Fadas
O reino e seu cocô – um conto de fadas
[Este conto é inteiramente ficcional e qualquer semelhança com fatos, pessoas, coisas, animais e demais entidades envolvidas, se houver, é a mais pura, completa, absoluta, total e cabal e inequívoca coincidência]
Era uma vez um reino de rara beleza com um governante conhecido por Velho Barreiro porque gostava muito de cana e cujo filho era conhecido por Rato Aurélio porque gostava muito de grana.
Nesse reino havia uma praia que se tornou famosa por sua garota e nessa praia havia uma tubulação mágica chamada "Emissário" que transportava quase todo o cocô do reino para bem distante. E era tão bem feito que apesar de em cada segundo lançar quase dez mil litros de cocô no mar, o fazia tão longe que jamais uma só gota conseguiu voltar à praia (havia também um canal e um rio por onde transitavam outros cocôs para tomar banho de mar e que uns ímpios ainda não maduros insistiam em afirmar que não eram outros e que vinham do emissário; porém, quem conhece os frutos sabe que os verdes não são de confiança e dizem sempre o que acham que lhes convém. Mas isso é outra história).
Era um emissário grosso e longo, quase cem tubos emendados, cada um com mais de quarenta metros de comprido por quase três de redondo. Suas emendas repousam em grandes lanças cravadas no fundo do mar chamadas "pilares".
Aquele emissário era dos tempos de antanho, uma era longinqua quando as pessoas andavam tranquilamente pelas ruas do reino sem medo de trombadinhas porque naqueles dias trombadinhas não havia. Assim, só muito depois se descobriu que certas ondas malévolas (que só poderiam ser detectadas por caixas mágicas chamadas "computadores" que ainda não tinham sido inventadas) importunavam tanto os pilares que eles ficavam cansados e podiam quebrar por "fadiga do material". Por isso os guardiães do emissário invocaram a ajuda dos deuses e iam regularmente ao fundo do mar para olhar, filmar e fotografar todos os tubos e pilares, cumprindo um ritual anual chamado "Monitoramento".
Quando o Monitoramento revelava que um pilar começava a cansar, invocavam-se outros deuses ainda mais influentes que com um sortilégio conhecido como "Reforço do Pilar" o faziam recuperar sua força. E eram deuses tão poderosos que isso era feito sem sequer interromper a passagem do cocô por dentro do Emissário.
E todos eram felizes para sempre.
Essa fábula terminaria aqui não fosse pela cobiça do Rato, que convenceu seu velho pai Barreiro que deveria vender a Confraria dos Guardiães do Emissário para embolsar uma bufunfa em um ritual chamado "Conchavo", muito comum naqueles dias. Mas, acrescentou Rato, os astros aconselhavam fazê-lo apenas no final do governo quando já estariam protegidos dos efeitos colaterais indesejáveis. Mas que podiam começar a tomar as providências necessárias.
Elas implicavam o desmonte da Confraria, tornando-a mais apetitosa para os generosos adquirentes – tão generosos que segundo as más línguas já tinham adiantado uma oferenda (também conhecida como "por fora") de trinta mil ducados aos membros da Sagrada Assembleia de Sacerdotes designada para aprovar a tenebrosa transação.
Uma dessas providências foi suspender o ritual de monitoramento.
Porém, sendo insondáveis os desígnios dos deuses e dos corações humanos (ia escrever "das mulheres", mas como tenho uma amiga muito querida que pertinazmente me acusa de machismo, para não provocar sua ira resolvi desta vez – e, prometo, só desta vez - ser politicamente correto; mas também isso é outra história) a operação foi frustrada por quem menos se esperava: Pedro Álvares, então presidente da Assembleia, que abortou a transação. Dizem as más línguas que fê-lo por achar que diante do vulto do cambalacho o "por fora" oferecido aos sacerdotes se enquadrava na classificação "merreca" da escala financeira (motivo esse que se revelou provável quando alguns anos mais tarde se percebeu a descomunal voracidade e o insaciável apetite de Pedro Álvares ao assumir ele mesmo o governo do reino e revelar-se o ladravaz-mor; mas, ainda uma vez, isso também é outra história).
E a fábula também poderia terminar aqui com todos sendo felizes para sempre não tivesse sido suspenso o ritual do Monitoramento.
Mas foi.
E menos de um mês após Criancinha ser sagrado governador tal suspensão revelou-se desastrosa: os deuses, contrariados por não mais serem honrados com o ritual, provocaram um dano (que teria sido detectado pelo Monitoramento) que derrubou um dos pilares.
O pilar tombou a menos de um quilômetro da linha do litoral e com a separação dos tubos ali se derramou o cocô, provocando o fenômeno popularmente conhecido por "esmerdalhamento da praia".
Deu trabalho, aporrinhação e despesa. O cocô teve que ser desviado para duas saídas de emergência interditando praias em pleno verão, a época dourada do reino. A recuperação demorou quatro meses e custou muito mais caro do que o monitoramento suspenso.
Em resumo: foi uma merda...
E agora nos resta torcer para que novo Conchavo não seja tramado e novas canganchas não venham a ocorrer com o cocô e com a água do reino (parece estranho, mas seus guardiães são os mesmos e provavelmente seria muito melhor se não fossem, como não eram na longínqua era em que o emissário foi concebido, projetado e construído).
Então, quem sabe, afinal seremos todos felizes para sempre.
Eng. Benito Piropo Da-Rin
A importância do DF nos Lodos Ativados
Em dezembro de 2019 fui convidado a ministrar uma palestra no Clube de Engenharia/RJ sobre "O (quase sempre desprezado) papel do decantador no processo dos lodos ativados", uma questão que abordei detalhadamente no livro Técnicas de Tratamento de Esgotos.
E, já que estava "com a mão na massa", aproveitei para adicionar aqui a apresentação da palestra no formato PPSX do MS Power Point.
Que aí estão à sua disposição
Apresentação: O Decantador Final no Lodo Ativado
Eng. Benito Piropo Da-Rin