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14/12/1998
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No que toca a software, 98 definitivamente não foi um ano trepidante. Quem leu a primeira coluna desta série sabe porque. E quem não leu mas acompanha ainda que de longe o ocorre no mercado de informática não terá muito trabalho para descobrir: mercados dominados por uma única empresa costumam ser bastante tranqüilos. E, embora já há algum tempo a Microsoft abocanhe a maior fatia do mercado de software, jamais seu domínio foi tão vigoroso como nos últimos anos. O fato mais importante do ano foi o lançamento de Windows 98. O que, evidentemente, não deve ser motivo de surpresa. Mas aqueles que esperavam uma versão cheia de novidades, muito mais estável e madura uma expectativa perfeitamente razoável considerando que oficialmente a versão anterior era velha de três anos estes sim se surpreenderam. Porque além da correção de bugs e da introdução de suporte para os novos dispositivos que o aquecido mercado de hardware criou nestes últimos anos (inclusive o tão esperado suporte para o Universal Serial Bus), pouca coisa mudou. Para quem estava aguardando grandes novidades, Win98 foi um tiro nágua. Não que seja igual a Windows 95. Evidentemente alguma coisa mudou. E, justiça seja feita, em sua maior parte as alterações vieram para facilitar nossa vida a começar pela instalação, mais simples e exigindo menor interferência do usuário. Houve mudanças na interface, porém poucas e em sua maioria cosméticas. Alguns utilitários foram adicionados (mas, como não há indícios deles na interface, permanecem escondidos e pouca gente tomou conhecimento de sua existência; mencionei um semana passada e breve voltarei ao assunto). Em suma: comparada com Win95, Win98 mudou, mas não muito. E o mercado não se deixou enganar: transcorrido meio ano do lançamento, a adesão decididamente não foi entusiástica. Se o conjunto dos internautas que acessam minha página pessoal é um universo representativo, apenas um terço dos usuários migrou para Win98 (confira você mesmo: acesse [htp:\\www.bpiropo.com.br], clique no ícone de estatísticas na página principal e veja que sistema operacional é utilizado pelos visitantes). Mas afinal, vale a pena migrar? Bem, para quem usa ou pretende usar a curto prazo um dos novos componentes de hardware suportados por Win98, como periféricos USB ou discos rígidos de capacidade superior a 2Gb, a mudança não somente vale a pena como é quase obrigatória. E se você é daqueles que não consegue dormir por saber que está rodando uma versão desatualizada, talvez valha a pena mudar (embora arriscando uma decepção com a falta de novidades). Mas se sua máquina funciona satisfatoriamente com Win95 (sobretudo na versão OSR2, que incorpora a maioria das novidades de Win98), sugiro permanecer como está: por mais fácil que seja a instalação, uma atualização de sistema operacional é sempre uma fonte de surpresas, poucas delas agradáveis. O fato é que, além de Windows 98, não há muito que falar. É claro que, em matéria de fiasco, a tecnologia "push" não pode passar em branco. Lembram como ela parecia promissora no início do ano? Como havia gente entusiasmada com a idéia de ter a máquina alimentada com dados automaticamente via Internet? Como se desenvolveram programas para pesquisar na grande rede o tipo de dados que interessava ao freguês? Pois quem fala neles agora? Tem gente que até já esqueceu do push... Mas há também algumas histórias de sucesso. Começando pela linguagem Java, que chegou afinal à idade adulta. Meu banco usa aplicativos Java para movimentar contas via Internet e quando uma tecnologia é usada pelos bancos para mexer em grana, pode crer: ela já atingiu a maturidade. Mas o problema do Java não é o presente, é o futuro. Com a recente decisão judicial obrigando a Microsoft a usar "Java puro" (sem os acréscimos incorporados pela própria MS) em seus produtos, há que esperar para ver como a coisa irá se desdobrar. Se a MS realmente cumprir a ameaça de abandonar de vez o Java, a coisa fica feia para o lado da Sun e a decisão dos tribunais pode se tornar uma vitória de Pirro. Outra característica de 98 foi o sucesso das versões "4.0". O que é razoável, já que de um produto que chegou à quarta atualização dá para esperar um nível de estabilidade adequado. Pois foi assim não só com Windows NT, enfim um produto suficientemente estável para uso corporativo, como também com os dois mais populares navegadores da Internet, o Netscape e o Internet Explorer (se bem que este último só chegou mesmo à um nível decente de estabilidade na versão 4.1). No caso destes últimos, não por acidente: lembre que no campo do software, a liça dos navegadores foi a única onde se brigou pra valer (resta ver como ficam as coisas com a recente compra da Netscape pela AOL). Fora isso, há que mencionar a disseminação da linguagem DHTML (HTML dinâmica), que permite uma flexibilidade muito maior no desenvolvimento de páginas da Internet, e de aplicativos tipo "add-on" para navegadores, como o Real Player. O resto, é o resto. Feito o balanço conclui-se que, no que tange a software, 98 foi mais um ano em que as poucas novidades alvissareiras correram, ainda uma vez, por conta da Internet. B. Piropo |