Escritos
B. Piropo
Anteriores:
< Trilha Zero >
Volte de onde veio
27/04/1998

< Juro que não fiz nada... >


Se você é um usuário experiente, daqueles a quem se recorre para resolver dificuldades com computadores, por certo já se deparou com um micro travado no qual, não obstante uma evidente cangancha ter sido perpetrada, o dono assegura que não tem a menor idéia de como aquilo ocorreu. E por mais que você o interrogue ele garante que não tem nada com isto e que o problema aconteceu sozinho. E, pior: olha para você com a cara mais inocente do mundo e garante: "Eu juro que não fiz nada". Você acredita?

Pois bem: na manhã desta quinta-feira sentei-me em frente ao micro disposto a, afinal, escrever esta coluna. Que, tivesse eu conseguido parar um pouco em casa neste último mês, já estaria pronta pelo menos há dois dias. Mas, recém-chegado de viagem, tenho pouco mais de uma semana para entregar o Imposto de Renda e na eventualidade de um atraso, tia Cora é infinitamente mais complacente que o Leão. Portanto, todo meu tempo foi dedicado à Receita Federal.

A idéia era escrever uma coluna complementando a recente série de artigos sobre a transferência de Windows 95 para um HD novo. Que, a julgar pelas mensagens que recebi sobre o assunto, foi mal interpretada por alguns leitores que asseguraram existir meios mais rápidos e mais simples para conseguir o mesmo resultado. Ora, disso sabia eu (mas, infelizmente, parece que não deixei suficientemente claro nos artigos). Acontece que o método descrito foi escolhido basicamente por não depender de nenhuma ferramenta adicional além das que são fornecidas com Windows e porque, justamente por ser mais complexo, me permitiu destrinchar uma série de temas correlatos. Mas sei que há modos mais fáceis e hoje a idéia era justamente abordar alguns deles (o que não deixarei de fazer em outra oportunidade).

Liguei a máquina e pus-me a trabalhar. Como nos últimos dias não me foi possível atualizar o correio eletrônico e poderia haver alguma mensagem nova abordando o assunto, conectei o provedor para baixar mais um pacote. Conexão fechada, programa de correio eletrônico carregado e... nada. Exceto uma janela informando que o servidor POP não havia sido localizado. Carreguei o navegador e tentei acessar uma página qualquer. Nenhuma máquina era encontrada. Como tenho mais de um provedor, tentei ainda com outros dois. Nada. Em suma: meu micro havia rompido relações com todo e qualquer servidor de nomes de domínio e não achava mais endereço algum. Decidi apelar para o suporte. Afinal, amigo é pra essas coisas...

Liguei. Mestre Bessa, o competente webmaster do Unikey, honrou-me com um atendimento vip e gastou quase meia hora de seu tempo tentando descobrir comigo por quais insondáveis razões minha máquina recusava-se terminantemente a resolver endereços. Fizemos e refizemos configurações, mexemos em tudo o que poderia ser mexido, reinstalamos a rede Dial Up e nada. A solução seria reinstalar Windows 95. Mas isto eu sabia fazer sozinho: agradeci, desliguei, reinstalei Windows "por cima" da instalação anterior.

E nada...

Mas por que, deus meu? O que teria acontecido? A única alteração que fiz na máquina desde a última vez que acessei a Internet com sucesso foi instalar o programa da Receita Federal. Será que ele foi o responsável pela cangancha? Só havia um meio de verificar: restaurar a cópia de segurança do drive C. Fi-lo. E após tê-lo feito, tentei novamente acessar a Internet. Desta vez consegui.

Ah! Então foi o programa da Receita! Para ter certeza, reinstalei-o, reiniciei uma declaração para fazer o bicho rodar, fechei a declaração, saí do programa, dei novo boot e tentei acessar a rede. Tudo correu nos conformes e a Internet estava ali, esplendorosa, a meu alcance. Então parece que não foi o programa da Receita...

Eu continuo sem saber o que foi. Mas agora, pelo menos, posso começar a escrever a coluna: a máquina funciona nos conformes, a Internet está acessível e eu não perdi nada, exceto as mensagens da minha Caixa de Entrada (eram mais de duzentas, portanto, se você me mandou uma mensagem recentemente e ficou sem resposta, agora sabe a razão).

Pois bem: lidar com o problema, testar soluções que não deram em nada, reinstalar Windows 95, restaurar o backup e fazer a máquina funcionar novamente tomou-me toda a manhã e mais da metade da tarde. Nesta altura dos acontecimentos é preciso entregar a coluna, senão, com justa razão, a turma da redação me esfola vivo. Escrever sobre transferência de Windows para outro HD, nem pensar: para isto eu preciso instalar e testar no mínimo dois programas e não dá tempo.

Resultado: sinto muito, mas esta semana vocês vão ficar sem Trilha Zero. Pelo menos sem uma Trilha Zero decente.

Agora, tem o seguinte:

Eu juro que não fiz nada...

PS: se você é capiano, ou seja, aluno ou ex-aluno do Colégio de Aplicação da UFRJ (ou da Faculdade Nacional de Filosofia, como no meu tempo), saiba que mês que vem estaremos comemorando o jubileu de ouro do CAp. Conecte-se: acesse [http://acd.ufrj.br/cap50anos/] e informe-se sobre a programação.

B. Piropo