Escritos
B. Piropo
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02/02/1998

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Você sabia que a Intel acaba de lançar um novo processador? Um chip que, para manter a tradição de batizar seus projetos com nomes de rios da Califórnia, era até recentemente conhecido apenas pelo codinome Deschutes? Uma CPU revolucionária por suas características de baixa dissipação de energia e que opera na fantástica freqüência de 333MHz? Seu nome oficial é Pentium II 333 e o lançamento deu-se há exatamente uma semana. Quase sem barulho. Por que será?

Por falta de inovações tecnológicas certamente não foi. Disto, a mudança de codinome é indício seguro: os P II anteriores ainda eram da linha Klamath enquanto o P II/333 é um pioneiro, o lídimo patriarca da família Deschutes. E são inovações importantes: trata-se do primeiro chip da Intel a operar com tensão de apenas dois volts e adotar a revolucionária tecnologia de 0,25 micron (ou seja, a fundir seus componentes em uma camada de silício de apenas um quarto de milésimo de milímetro de espessura). Como a dissipação de energia (o inevitável fenômeno que faz com que os microprocessadores "esquentem") varia na razão direta da freqüência de operação, da resistência interna à propagação da corrente elétrica (que depende da espessura da camada de silício) e do quadrado da tensão de alimentação, a única forma de continuar elevando a freqüência de operação dos microprocessadores mantendo-os em temperaturas razoáveis é reduzir substancialmente a espessura da camada de silício e a tensão de alimentação. E foi o que a Intel fez. Por isto, mesmo rodando em uma freqüência 10% superior à do P II/300, seu irmão mais velho, o novo chip dissipa muito menos calor. E chips que esquentam menos duram mais e são mais confiáveis.

Então por que o lançamento ocorreu com tão pouca bulha? Bem, porque o Deschutes só é revolucionário por dentro. Para o usuário final muda pouco ou quase nada: o aumento de desempenho obtido na troca de um Pentium II 300 por um 333 vai ser tão pequeno que mal será percebido. E há duas razões para isto.

A primeira é que entre as alterações tecnológicas do novo chip inclui-se uma nova arquitetura de seu cache L2 de 512 K (ainda operando na metade da freqüência interna da CPU) que reduz ligeiramente o desempenho. Um chip com a nova arquitetura será 4% mais lento que um chip de mesma freqüência e arquitetura antiga. Ora, como a freqüência do novo P II/333 é apenas 10% superior a de seu antecessor, o resultado líquido seria um aumento de míseros 6%, pequeno demais para merecer grandes comemorações. E se você achou a mágica um tanto besta e se indaga por que razão a Intel haveria de migrar para uma arquitetura mais lenta, a resposta é simples: pensando no porvir. A nova arquitetura usa menos transistores nos dispositivos de controle e com ela os futuros caches L2, alem de poderem crescer substancialmente, poderão suportar vertiginosos 450MHz, uma façanha impossível com a arquitetura atual.

A segunda razão da pouca badalação que cercou o lançamento é que o aumento de desempenho é ainda mais ofuscado pela freqüência ridiculamente baixa com que opera o barramento externo dos chips da Intel. Sim, porque graças às limitações impostas pelos tempos de acesso à memória, mesmo as mais rápidas CPUs da Intel comunicam-se com o mundo exterior à meros 66MHz. E a limitação é realmente drástica, já que na vida real a grande maioria das operações executadas por um computador dependem de acessos à memória, um terreno no qual o novíssimo e reluzente P II/333 não é nem um miserável Hertz mais rápido que o velho Pentium 66 de quatro anos atrás.

Estas duas razões são mais que suficientes para explicar a discrição da Intel ao lançar o novo chip. Mas fiquem atentos: embora aparentemente igual aos irmãos mais velhos, o P II/333 traz dentro de si as sementes de grandes mudanças. Preparem-se, então, para o lançamento de CPUs de altíssimas freqüências para notebooks (onde a dissipação de energia exerce um papel fundamental) e esperem para breve mudanças ainda mais dramáticas nos desktops, pois este provavelmente será o último chip da Intel amarrado a um barramento de 66MHz. Logo os chipsets de 100MHz estarão na rua. E quando você botar as mãos em um P II de 450MHz com 2Mb de cache L2 operando também a 450MHz e rodando em um barramento de 100MHz, então sim, vai se sentir como quem troca um fusca por uma Ferrari...

E não pense que isto é coisa para o terceiro milênio. Muito pelo contrário. Na verdade, é muito provável que você tropece em um bicho destes ainda este ano.

Na coluna da semana passada o URL onde pode ser encontrado o Registry Monitor estava errado. Minhas desculpas a quem perdeu tempo acessando o URL errado e agradecimentos a quem mandou mensagem alertando para o erro. O endereço correto é [http://www.zdnet.com/wsources/content/1097/s_cp.html]. Quanto ao Revival, soube que a versão 2.0 já está disponível. Para obtê-la, execute uma pesquisa com o nome do arquivo (Revive20.Zip) no sítio FTP Search, em [http://ftpsearch.ntnu.no/], escolha o servidor FTP mais próximo e faça a transferência.

B. Piropo