Escritos
B. Piropo
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10/11/1997

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Semana passada alguns leitores informaram que, em suas máquinas, o Internet Explorer 4.0 aconchegou-se sem maiores conflitos. Notei mesmo um certo ar de censura por ter me dado ao desfrute de criticar um programa assim tão formidável. Os mais solícitos sugeriam que eu fizesse como eles: reformatasse o disco rígido, reinstalasse Windows 95 e somente então iniciasse a instalação do IE4, garantindo que assim tudo transcorreria às mil maravilhas - descontando, é claro, o fato de ter que reinstalar todos os demais programas, refazer a configuração de cada um deles e restaurar os meus arquivos de dados. O que, considerando que os discos rígidos desta máquina que vos fala agasalham 19.800 arquivos, fosse Hércules micreiro seria uma epopéia digna de figurar como seu décimo terceiro trabalho. Foi então que me dei conta de mais um efeito perverso do monopólio de fato desfrutado pela MS: a complacência. A naturalidade com que coisas que seriam considerados pecados mortais na concorrência são aceitas, perdoadas e até justificadas quando partem dela.

Eu sei que o IE4 se acomoda sem tropeços na maioria das máquinas. Mas sendo um produto dado por pronto e acabado, é de se esperar que o faça em todas elas - respeitados, é claro, eventuais conflitos com configurações exóticas onde seria natural a ocorrência de problemas. Mas, em uma versão final, o número destas ocorrências deve se manter em um limite suficientemente baixo para que sejam consideradas exceções. E, a julgar pelo que se ouve nas conversas de micreiros, a incidência de problemas está na faixa que somente seria considerada aceitável em uma versão beta. No entanto ouvi usuários justificarem isto alegando que o IE4 "é um programa especial, que mexe com todo o sistema operacional". Eu sei disso. E daí? Trata-se da versão final de um produto. Aceitar tais falhas sem reclamar e, como se não bastasse, justificá-las baseados na complexidade do programa, é muita condescendência...

Quanto á sugestão de reformatar o disco rígido e reinstalar tudo, francamente! Fiz isto pela última vez quando atualizei o DOS para a versão 3.3, há exatos dez anos. De lá para cá esta prática tornou-se inaceitável até na instalação de sistemas operacionais. E há quem a aconselhe para instalar o IE4, que afinal não passa de um paginador! Qual seria a reação destas mesmas pessoas diante da sugestão de reformatar HD, reinstalar sistema operacional e todos os seus programas para instalar, digamos, um editor de textos desenvolvido por uma softhouse qualquer - por mais revolucionário que ele fosse? Será que aceitariam a coisa com a mesma leniência? Gentem, se orientem! Tomemos tenência e recuperemos o bom senso, que do jeito que está não dá...

Mudando de assunto: há algumas semanas esclareci no Prezado Globo uma dúvida da aflita leitora Leila Lima, que havia alterado seu arquivo Config.Sys e não conseguia dar partida na máquina, sugerindo que recuperasse o arquivo após um boot pelo drive A. O que, sem dúvida, funciona. Alguns leitores, porém, lembraram que seria mais fácil interromper a carga do sistema com F8 antes da leitura do arquivo corrompido. Por razões que somente os diabólicos gnomos da informática explicam, ao responder a estes leitores parti do princípio que a Leila usava Windows 95 e elaborei uma complicada teoria justificando meu erro. Há alguns dias, relendo a pergunta da Leila, percebi que ela usa o DOS e que, portanto, a mensagem "Himem testando a memória estendida" indica que pelo menos as linhas iniciais de seu arquivo Config.Sys foram lidas (uma dedução que não se aplica a Windows 95, onde Himem.Sys é carregado automaticamente antes da leitura do Config.Sys). Portanto os leitores tinham razão: ao premir a tecla F8 enquanto a mensagem "Iniciando o DOS" era exibida, Leila poderia inicializar a máquina "pulando" a linha defeituosa, que seria então removida editando o Config.Sys, sem a necessidade do trabalhoso boot pelo drive A. Nesta altura dos acontecimentos (espero) a Leila já deve ter resolvido seu problema. Mas fica aqui de público meu pedido de desculpas aos leitores que, ao tentarem me ajudar sugerindo um caminho mais elegante para resolver o problema, ao invés do merecido agradecimento receberam uma resposta enfatuada e arrogante tentando justificar meu erro. Lamento.

Finalmente: depois que divulguei o novo endereço de minha página pessoal, [http://www.bpiropo.com.br], a quantidade de mensagens em minha caixa postal aumentou consideravelmente. Dentre elas, muitas sem assinatura e sem endereço. Algumas trazem dúvidas aflitas, que ficam sem resposta por absoluta impossibilidade de localizar o remetente. Então, por favor, verifiquem se seus programas de correio eletrônico estão configurados de modo a incluir seu endereço de correio eletrônico nas mensagens. E, além do endereço, habituem-se a escrever também o nome. Vocês hão de convir que começar uma resposta com "Caro rcmstl" é, no mínimo, estranho...

B. Piropo