Escritos
B. Piropo
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11/08/1997

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Depois que, em seu artigo sobre portas da semana passada, a Suzana dedurou os penduricalhos que estão espetados em minha máquina, alguns amigos - dentre os quais o Aroeira, autor da NetCharge do Globo On que se você ainda não viu, não sabe o que está perdendo - me ligaram ou mandaram mensagens de correio eletrônico encafifados com uma questão assaz intrigante. Veja lá se eles não têm razão: dizia o artigo que nesta máquina que vos fala estão pendurados "duas impressoras ... na LPT1 com uma caixa comutadora... um modem na COM2, câmara digital, notebook e agenda na COM1... e na controladora SCSI dois HDs, um gravador de CD-ROM, um CD, um scanner e um Jaz drive". O que é a pura verdade (e olhe que faltaram o joystick, os alto-falantes e o microfone, mas isto não vem ao caso). Pois basta um exame sumário na relação acima para perceber a razão do encafifamento: a ausência de um apêndice essencial que só não foi arrolado por puro esquecimento desse escriba que vos fala na hora em que lhe foi pedida a lista, mas que os amigos mais argutos logo deram por falta e correram a perguntar: "Mas Piropo, onde é que você enfia o mouse?".

Sendo eu um cavalheiro, tenho sabido resistir à acintosa tentação da resposta malévola. E como talvez a não malévola seja útil aos que, como eu, não se saciam com as miseravelmente escassas opções oferecidas para conectar dispositivos seriais, decidi torná-la pública. É ela de uma simplicidade atroz: sendo o meu mouse um bus mouse, o enfio em sua própria placa controladora. Onde ele se aboleta praticamente sem consumir recursos, já que se acomoda em um endereço de entrada/saída que não é disputado por nenhum outro dispositivo (de 023Ch a 023Fh, para ser específico) e, maravilha das maravilhas, apossa-se da única interrupção quase inteiramente desprezada, aquela pela qual exceto uma ou outra exótica placa de vídeo, ninguém jamais se interessou: a IRQ9. O que deixa as COM1 e COM2 - e suas interrupções tradicionais, IRQ4 e IRQ3 - livres e desimpedidas para modem, agenda, câmara digital e notebook (os três últimos, evidentemente, um de cada vez, como mui apropriadamente frisou a Suzana semana passada). Uma solução simples e engenhosa. Desde que, evidentemente, você tenha a sorte de encontrar um bus mouse, um dispositivo que apesar de sua imensa utilidade, é cada vez mais raro. E antes que me perguntem: eu não faço a menor idéia de onde achar um bicho destes. O meu, comprei nos EUA há dois ou três anos. Portanto, lamento não poder ajudar os eventuais interessados dando a dica de onde comprar o brinquedo. Mas que a coisa funciona e com ele ganha-se uma porta serial inteirinha, isso garanto.

Mudando de assunto: dia destes bateu em minha caixa postal uma mensagem que me impressionou vivamente. Ao lê-la para dois amigos, ambos imediatamente me pediram uma cópia. O que me fez pensar que ela seria de vosso interesse. Trata-se de um destes textos de origem desconhecida que trafegam pela rede. Quem me enviou foi o Roberto Nhuch, que a recebeu do Dan Rausch, que a recebeu de um amigo, que pediu para divulgá-la. E divulgada está sendo, em tradução livre de minha lavra. Eu tenho certeza que você a achará interessante. Mas isto não basta. É preciso ainda parar e dedicar a ela alguma reflexão. Pense no real significado de seus números e, sobretudo, como nos enquadramos neles. Lá vai:

"Se toda a população da terra fosse representada proporcionalmente em uma aldeia de exatas cem almas, assim seria esta aldeia :

- 57 de seus habitantes teriam nascido na Ásia, 21 na Europa, 14 nas Américas e 8 na África;

- ela abrigaria 51 mulheres e apenas 49 homens;

- haveria nela um recém nascido e um moribundo;

- 30 aldeões seriam brancos, 70 não;

- 30 professariam uma religião cristã, 70 não;

- metade de todos os bens da aldeia pertenceria a apenas seis pessoas, todos cidadãos dos EUA;

- 80 aldeões viveriam em habitações abaixo dos padrões mínimos de habitabilidade;

- 70 não leriam esta mensagem por serem analfabetos;

- apenas um teria educação universitária;

- 50 sofreriam de desnutrição

e nenhum teria computador.

Quando se examina nosso mundo através desta visão tão incrivelmente comprimida, a necessidade de tolerância e compreensão torna-se rutilantemente óbvia".

Finalmente: ainda via correio eletrônico o Reinaldo de Medeiros me pede para informar que amanhã, como toda a segunda terça-feira de cada mês, haverá a reunião mensal do Grupo de Usuários do OS/2, como sempre às 19hs no RDC da PUC, na Gávea. A entrada é livre, não é preciso inscrição prévia e quem comparecer será brindado pelo David de Souza com uma palestra sobre o DB/2.

B. Piropo