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30/06/1997
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Se tudo correr como planejado, quando vocês estiverem lendo esta coluna eu já estarei de volta ao Brasil prestes a retomar o batente. Mas como enquanto a escrevo ainda estou de férias curtindo o inclemente verão novaiorquino e levando a vida que pedi a Deus, não é hora de retomar temas pesados. Sigamos, então, com o saudável esporte de jogar conversa fora. Começando com um comentário sobre a PC Expo, a feira de informática que rolou por aqui e sobre a qual a Cora escreveu semana passada: eu esperava encontrar a feira do DVD, encontrei a feira da fotografia digital. Câmaras digitais, impressoras para fotografias, programas para manejá-las, estavam todos lá espalhados em cada canto da exposição. Parecia que a feira era especializada no tema. Quanto a DVD havia, sim, mas muito menos do que era de esperar - particularmente levando em conta que aqui as lojas especializadas em vídeo e música já exibem pelas esquinas dezenas de títulos em DVD. Já o USB mostrou que minha capacidade de prever o mercado da informática continua a mesma desgraça de sempre: não vi na feira um único dispositivo USB, o padrão que, segundo as previsões que no final do ano passado fiz aqui mesmo, já deveria ter invadido o mercado. O que confirma mais uma vez a constatação de que fazer previsões é um mister dos mais difíceis, especialmente quando tais previsões se referem ao futuro. E, já que estamos jogando conversa fora, vou aproveitar e abordar um assunto que pretendia discutir com vocês já há algum tempo, mas sempre faltava oportunidade. Trata-se de algumas regras básicas para facilitar a vida de nossos correspondentes de correio eletrônico. Pois acontece que quando se passa a receber mais de trinta mensagens por dia, percebe-se que certos erros são recorrentes. Por exemplo: é impressionante o número de respostas que me são devolvidas por falta do endereço do remetente. E a razão é trivial: sempre as envio usando a função "Responder" do meu programa de e-mail. Uma função que simplesmente envia uma mensagem para o endereço que consta no campo "From:" da mensagem que está sendo respondida. Ora, este campo é preenchido automaticamente pelo programa do remetente. E, evidentemente, para que o programa preencha o campo corretamente é preciso informá-lo do endereço (por exemplo: no Eudora, que uso no notebook, basta acionar a opção "Settings" do menu "Special" e preencher o campo "Return Address" da entrada "Personal Information"). Como muita gente se esquece (ou desconhece a necessidade) disto, limitando-se a incluir o endereço na assinatura ou no corpo da mensagem, as respostas não alcançam o destinatário e retornam. E, pior: não posso reenviá-las, já que raramente guardo a mensagem que originou a resposta e quando a recebo de volta não tenho como descobrir o endereço correto. Portanto, se você me mandou uma mensagem e não obteve resposta, verifique a quantas anda o campo de endereço de remetente de seu programa de correio eletrônico antes de culpar-me. Um outro ponto é a saudável prática do "quote", ou referência ao assunto da mensagem que originou a resposta. Que deve ser praticado com engenho e arte, e não na força bruta, como fazem muitos, anexando toda a mensagem na resposta - o que só serve para aumentar desnecessariamente o tamanho da mensagem (um ponto particularmente importante para quem maneja caixas postais movimentadas) e pouco contribui para esclarecer. A prática mais eficaz é transpor toda a mensagem para a resposta (o que é feito automaticamente pelo programa de correio eletrônico, se for assim ajustado), cortar o excesso, deixando aqui e ali algumas linhas mais importantes, e entremear a resposta com trechos da mensagem que está sendo respondida, como se estivesse mantendo uma conversa. Se não gostou desta idéia, faça como preferir - mas jamais deixe de se referir ao assunto. Uma mensagem que diz apenas "Preciso de mais informações sobre aquele problema de minha mensagem anterior" significa muito pouco para quem recebe dezenas de mensagens diárias e não faz mais a menor idéia do assunto da mensagem anterior. Isto tudo veio a tona porque acabo de receber uma mensagem assinada apenas por <[email protected]>, aparentemente um cidadão português, cujo texto integral é: "És um homem muito discriminador. Li sua reportagem em que falava mal do povo português!". E mais nada. Ora, não lembro de reportagem alguma na qual tenha falado mal do povo português, o que não é o meu costume. Mesmo porquê tenho amigos portugueses, respeito e admiro o povo e tenho imensa vontade de conhecer o jardim d'Europa a beira mar plantado, que somente ainda não visitei por absoluta falta de oportunidade e de onde, quando em vez, aportam por aqui mensagens de admiradores. Portanto, o único fato a que posso atribuir os reclamos do Niobio seria, talvez, uma brincadeira minha mal interpretada - e se este foi o caso, autorizo desde já a todo aquele que eventualmente vier a se ofender com qualquer brincadeira minha envolvendo um português a substituir a expressão "um português" (inclusive esta) por "um japonês chamado Joaquim". Mas no caso do Niobio, como a mensagem não esclarecia a fonte de sua indignação, fiquei um tanto perdido. Ora pois, Niobio, francamente: deverias ter sido mais explícito, ó pá. Sendo assim suscinto sobre um assunto tão importante tu não esclareces a questão e, o que é pior, desmentes a legendária fama de inteligência do povo português... B. Piropo |