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09/06/1997
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Hoje faremos uma pausa na série sobre o Registro por um mundo de razões, a principal das quais é o ruído das ondas quebrando em frente à minha janela me impedir de voltar a atenção para coisas maçantes. É que este vosso amigo está em Natal, que continua linda, doce, acolhedora e conservando sem esforço sua posição de destaque entre os recantos mais aprazíveis do mundo, e vocês hão de convir que aqui não é lugar para escrever sobre tais assuntos. Portanto, mesmo ansiosos para saber como restaurar vosso Registro esfrangalhado, hão de perdoar este velho amigo que afinal não é de ferro e bem que tem o direito de curtir um pouco a vida. Vim para a Infovia 97, feira e congresso de informática e telecomunicações promovida pela SUCESU/RN e seu dinâmico e simpático presidente, José Salustiano Fagundes (que nesta altura da vida, depois de tantas visitas e de tão hospitaleira acolhida, já me honra com sua amizade e acabou virando meu amigo Salu). Um evento que, espera-se, será visitado por perto de cinqüenta mil pessoas. Escrevo antes do pico da afluência de público, portanto ainda não dá para confirmar os números (porém os dois mil inscritos para o congresso já estão mais que confirmados e participando ativamente das palestras, cursos e seminários). Mas o movimento até agora tem justificado a expectativa. E sempre é bom lembrar que a população de Natal anda perto das 700 mil almas, e mesmo que a previsão não se confirme, se o número de visitantes ficar perto do público de eventos semelhantes nos anos anteriores, ultrapassará os cinco porcento da população da cidade. Uma cidade que tem uma inexplicável ligação com a informática: aqui há doze provedores de internet, o maior dos quais, a Diginet, mantém uma estrutura solidamente profissional, congrega quase dois mil internautas e segundo Gustavo Diógenes de Almeida, seu diretor técnico, continua crescendo. E o número de micreiros de Natal aumenta aceleradamente: o setor espera vender mil micros por mês. Como explicar tal vocação para informática? Não sei. Mas tenho algumas pistas. Por exemplo: aqui no Rio Grande do Norte (mais uma vez devido aos esforços de meu incansável amigo Salu que convenceu as autoridades das vantagens da medida), à exemplo dos vizinhos Pernambuco e Ceará, o ICMS das operações com produtos de informática foi reduzido de 17% para 7%. Resultado: os bens de informática tornaram-se 6% mais baratos, as vendas cresceram e caiu a sonegação. Que a coisa funciona assim sabemos todos. O difícil é convencer alguns governos menos inteligentes. Mas quem sabe diante deste argumento fique mais fácil: sancionada a Lei, em seis meses a arrecadação de ICMS do setor de informática no Estado do Rio Grande do Norte cresceu exatamente 110% e pela primeira vez uma empresa do setor, a Miranda Computadores, aparece entre as cem maiores arrecadadoras do Estado. Ou seja: pendor para a informática, há. Mas que medidas inteligentes ajudam, não há como negar. Pois é isto. Enquanto aguardo o dia de minha palestra, estou curtindo Natal em muito boa companhia: aqui tem gente do mais alto calibre, de Peter Lawrence, diretor de marketing internacional da Netscape, a Élio Somaschini, Luiz Nassif e Fernando Ximenes, além do nosso amigo Júlio Botelho e mais um monte de gente importante. Falando principalmente sobre Internet e uso da informática na educação (os dois temas principais do congresso), mas abrangendo também assuntos dos mais diversos, como tecnologia MMX e multimídia. No entanto, tenho que admitir que deixo Natal um tanto frustrado. Pois acontece que cheguei no primeiro dia especialmente para assistir a palestra de abertura, proferida pelo Eng. Marcelo Madureira. Palestra das mais interessantes que abordou seriamente (pensando bem, melhor dizer: "abordou com propriedade") o uso comercial de sítios de entretenimento na Internet tratando de um estudo de caso, já que a palestra foi voltada para o mais que bem sucedido sítio da Casseta e Planeta (http://www.cassetaeplaneta.com.br/) com seus quase trezentos mil visitantes. Durante a palestra, o Eng. Madureira (envergando um terno, como convém) discutiu alguns aspectos particulares da mídia eletrônica, como a rapidez com que seu sítio tem que ser renovado para manter o padrão de qualidade e a maneira de atrair patrocinadores. Uma palestra excelente, diga-se de passagem. Mas se a palestra foi tão boa, por que a frustração? Bem, é que assisti apenas a primeira de uma palestra programada para ser apresentada em duas partes. Pois acontece que problemas técnicos impediram a apresentação da segunda, justamente a que eu estava mais interessado. O Keynote Speech que o Eng. Madureira apresentou foi: "Sites de entretenimento na Internet: uso comercial". A segunda parte, que infelizmente deu xabu, seria: "E como ficar milionário e comer todas as mulheres do mundo sem fazer muita força". B. Piropo |