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17/02/1997
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Ultimamente tenho redigido dicas que são publicadas ocasionalmente aqui mesmo no caderninho e regularmente em minha página pessoal na internet. Note que, para as dicas, usei o verbo "redigir" e não "escrever". É que não me agrada apropriar-me indevidamente da autoria do que quer que seja, particularmente das dicas que publico. E acontece que, salvo as raríssimas exceções (que apenas confirmam a regra) nas quais nos deparamos por acaso com alguma característica útil e não documentada de um programa ou sistema operacional, dicas não se criam - dicas se coletam. Seja em manuais ou livros técnicos, seja em revistas ou outras coletâneas de dicas. Sob este aspecto, elas são como piadas, que se repetem em diferentes idiomas e nos mais distantes locais do mundo sem que ninguém saiba onde se originaram. Por isto, tanto no caso das dicas quanto no das piadas, dificilmente podemos identificar seus autores. Mas tanto umas quanto outras podem ser enfeitadas. Enriquecidas com detalhes, ornadas com referências, adornadas com circunstâncias, ilustradas com exemplos. Em suma: abrilhantadas ou não com aquela indefinível qualidade de "quem sabe contar piadas" - ou divulgar dicas. No entanto, em que pesem as semelhanças, ha uma diferença essencial: no caso das dicas, antes de publicadas, elas devem obrigatoriamente ser testadas. Pois se uma piada mal contada pode no máximo gerar um muxôxo de descontentamento de quem a ouviu e não gostou, uma dica mal redigida ou não testada pode justificar incontroláveis acessos de fúria de um usuário que tentou usá-la e teve, por exemplo, seu sistema operacional de tal forma embaralhado que foi obrigado a reformatar o disco rígido. Para evitar que isto aconteça com meus leitores, jamais divulgo uma dica sem antes testá-la. O que tem vantagens e desvantagens. As desvantagens decorrem do fato de que, por ter que testá-las, somente posso divulgar dicas sobre os programas e sistemas operacionais que uso ou a que tenho acesso. Uma desvantagem relativa, posto que justamente para poder me familiarizar com vossos problemas, já há algum tempo adotei por norma usar os programas e sistemas utilizados pela maioria de vocês - a quem, portanto, as dicas devem servir. A vantagem, evidentemente, decorre da segurança relativa de ter certeza que a dica foi testada (o "relativa" corre por conta das infinitas combinações possíveis de configurações, sistemas e dispositivos, que tanto podem acomodar-se tranqüila e suavemente em um micro quanto conjugarse das formas mais perversas, causando desastres irremediáveis em outro aparentemente dêntico). Por isto, em pleno domingo de carnaval, dispus-me a testar uma dica. Cujo teor não importa, já que o desastre que provocou não foi culpa dela, mas minha, que me enganei ao aplicá-la e ao invés de instalar, removi determinados arquivos essenciais de meu drive C. O fato é que, efetuada a operação, este micro que (afinal) hoje vos fala passou a apresentar um comportamento estranhíssimo, ora catatônico, ora esquizofrênico. Tentei eliminar a causa. Debalde. A coisa foi se complicando, o boot não mais se completava, o Registro de Windows 95 corrompeu-se de tal forma que a máquina apenas aceitava a inicialização pelo DOS ("somente prompt", conforme o eufemismo usado pela MS), onde não era possível fazer nada de útil para recuperá-la. Como cada tentativa fazia com que as coisas ficassem piores, em um dado momento mandei tudo às favas, desisti de recuperar o irrecuperável e reformatei o drive C. Depois, é claro, restaurei o último backup. Algo aparentemente simples, não tivessem meus esforços relatados neste singelo parágrafo consumido mais de um dia de trabalho ingente. Além da jornada adicional gasta para por as coisas nos devidos lugares após restaurado o drive. E assim transcorreu meu carnaval (esta coluna foi digitada na tarde da quarta-feira de cinzas, com o micro finalmente recuperado). Mas não vos pretendo incomodar relatando meus problemas. O objetivo da coluna não é este. Acontece que no início de janeiro fiz a faxina anual do HD. Como não sou inclinado a backups incrementais e receoso que a faxina houvesse dado fim a algum arquivo essencial, guardei meu último backup "garantido" até ter certeza que tudo estava em ordem. Resultado: o drive C reconstituído é velho de um mês. Como, em princípio, nele não guardo dados (meus dados abrigam-se no drive D, tradicionalmente menos sujeito a intempéries), o prejuízo seria pequeno. E, de fato, o foi. Exceto por dois detalhes: perdi toda a correspondência recebida no último mês e os bookmarks criados desde o início de janeiro. Sem mencionar que ainda não recuperei as configurações de rede que me permitem acessar (e atualizar) minha página pessoal na internet. O que me leva ao real objetivo da coluna: desculpar-me junto a quem acessou minha página (http://www3.ccard.com.br/bpiropo) em busca das dicas, respostas, colunas e artigos - que até agora tem sido religiosamente atualizados na madrugada de cada segunda-feira - e não encontrou novidade alguma até quarta-feira de cinzas, quando foi, afinal, atualizada. E a quem me enviou mensagens via correio eletrônico ([email protected]) em janeiro e ainda não recebeu resposta. E não receberá, se não reenviar a mensagem, já que as que estavam aguardando resposta foram irrecuperavelmente tragadas pelo torvelinho de uma dica mal testada (particularmente ao leitor e amigo que complementou minha resposta à questão de como trabalhar com dois provedores, peço que reenvie a mensagem). Esta é a real finalidade da coluna. Além de reiterar ainda uma vez (se isto vos serve de consolo) que piropo algum está livre destas vicissitudes... B. Piropo |