Escritos
B. Piropo
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17/06/1996
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O principal inconveniente de se viajar com freqüência é que a gente acaba se familiarizando com os lugares e perdendo aquela sensação de mistério e novidade de quando se está fazendo turismo. Felizmente aqui em New York não há este risco. Esta cidade jamais se revela por inteira e sempre nos reserva algo de novo para manter seu charme. Hoje mesmo, por volta das oito da manhã, em uma Lexington Avenue congestionada por uma engravatada multidão correndo para o escritório, cruzei com uma jovem fazendo jogging de short e camiseta, rebocando um gigantesco São Bernardo pela coleira, que me trouxe novamente aquele inigualável sentimento de turista embasbacado.

Mas o que estava eu fazendo de férias em um local que transpira trabalho e em uma hora que, para gozar meu merecido ócio, ainda deveria estar dormindo? Bem, é que estou entre duas feiras, a Comdex Spring que acabou ainda outro dia lá em Chicago e a PC Expo, que começará esta semana aqui em NY. E parece que os americanos adquiriram o velho hábito japonês de jamais iniciar qualquer conversa sem trocar cartões de visita. Resultado: o estoque que eu tinha trazido para as duas feiras esgotou-se já na primeira e teve que ser renovado.

Tudo bem: comprei uma caixa de papel para cartões de visita do tipo que já vem serrilhado, carreguei o editor de textos no notebook e compus meus novos cartões. Só faltava imprimir. E aí estava o problema: como fazê-lo em terra estrangeira? Ora, no Kinko's. Uma cadeia de lojas tão interessante que virou assunto desta coluna.

Segundo o folheto que peguei lá mesmo, são 840 lojas em todo o mundo. Setecentas aqui nos EUA, as demais espalhadas pelo Canadá, Europa, Ásia e África. Não há nenhuma na América Latina. Olhando-se assim superficialmente, parecem simples copiadoras. E, de uma certa maneira, são mesmo: grande parte de seus serviços é copiar documentos a cores ou P&B. Mas prestando atenção nota-se lá no fundo os computadores, scanners e impressoras. E é aí que o Kinko's se destaca.

Todo o equipamento é operado pelo próprio freguês. É claro que, se você precisar, receberá alguma assistência do pessoal da casa. Mas em princípio a idéia é alugar. Desde a "work station", até as "design station" e "communications station". A primeira é um PC ou Mac carregado com editores de textos, programas gráficos e de editoração eletrônica e ligado a uma impressora laser. Alugada a US$ 12 por hora. A segunda é um Mac com os mesmos programas, também ligado a uma impressora laser e equipado com scanner de mesa e drives CD-ROM e Syquest. O aluguel custa US$ 24 por hora e os arquivos gerados podem ser impressos em impressoras a cores de alto desempenho. As últimas, finalmente, são computadores ligados ao América Online e Compuserve através de modems. Nestas, o Kinko's só aluga o equipamento: o usuário precisa ter uma conta em um dos dois provedores.

Além do aluguel, o freguês paga por página impressa (49 centavos de dólar por impressão a laser P&B, US$ 1,95 a cores) e por imagem digitalizada pelo scanner (dez dólares por imagem, mas o preço cai na medida que aumenta a quantidade). E se você quiser, também pode alugar uma câmara fotográfica digital por US$ 5 a hora e gerar suas próprias fotos digitalizadas para compor seus documentos.

Quase todas as lojas da cadeia permanecem abertas 24 horas por dia, sete dias por semana. Nelas você pode desde produzir inteiramente uma publicação qualquer até imprimir um documento que gerou no metrô em seu notebook e que vai salvar sua vida (ou seu emprego) na reunião das oito da manhã.

Ou, simplesmente, imprimir seus cartões de visita.

B. Piropo