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20/05/1996
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Caixa Postal Eletrônica >
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Quando comentei com amigos que pretendia divulgar aqui meu endereço de correio eletrônico, alguns admiraram-se de minha "coragem". Iria chover mensagem, disseram eles. Eu teria que dispender horas a fio tentando ler um monte de bobagens escritas por tudo quanto é tipo de chato, acabaria não tendo tempo para ler todas e certamente me arrependeria. Pois erraram. Pelo menos erraram muito mais que acertaram. De fato, choveu mensagem. Dezenas delas. E apenas aí eles acertaram. Porque ou eu sou o único colunista em todo o mundo que não tem leitor chato, ou os poucos que eventualmente tenho se abstiveram de escrever. E embora de fato me faltasse tempo para responder a todas (o que de resto eu mesmo já tinha previsto e avisado aos possíveis missivistas), tempo para ler sempre se arranja. Sobretudo as mensagens que recebi: todas, sem exceção, com um incentivo, um elogio, uma palavra de apoio, um afago. O que elimina qualquer arrependimento por divulgar o endereço. Portanto, além do agradecimento que faço de público aos que não pude responder diretamente, fica a garantia que meu e-mail figurará para sempre no pé desta coluna. Algumas mensagens manifestaram estranheza pelo nome do domínio. Pobox? Que estranho provedor seria este? Bem, na verdade não se trata de um provedor, mas de uma espécie de "caixa postal" eletrônica ("PO Box", de Post Office Box, é justamente a expressão usada para "caixa postal" em inglês). E me tem sido muito útil. Quem me deu a dica - que repasso para vocês - foi a Cora. Negócio seguinte: até hoje, depois de mais de ano de acesso, ainda não decidi qual será meu provedor definitivo. Já mudei três vezes e como não ando muito satisfeito com o atual, provavelmente mudarei ainda uma quarta. Mudar de provedor é muito simples. Chato é que com ele muda também o endereço de correio eletrônico - o que é um aborrecimento. Mais ou menos como trocar o número do telefone: há que se distribuir o novo número por todos os amigos, e fatalmente alguém é esquecido. Pois desde que descobri o Pobox, mudo de provedor como quem muda de camisa. Porque sempre mantenho o mesmo endereço de e-mail. O Pobox, se não me engano, fica lá pelas bandas da Philadelphia. Mas na verdade onde fica não faz a menor diferença, posto que o acesso se dá através de sua home page http://www.pobox.com. É parte do Internet Consultants Group, uma empresa prestadora de serviços diretos ou indiretos via internet (além de prestar consultoria sobre internet, "hospeda" uma loja virtual de venda de CDs novos e usados, uma casa editora virtual alternativa, uma corretora de imóveis na área de New Jersey e outros serviços). Mas para nós o que interessa é a "caixa postal" eletrônica, que custa a bagatela de quinze dólares anuais (e dá três meses gratis de experiência). A coisa funciona assim: quando você se associa ao sistema, escolhe um identificador. Na verdade, pode escolher até três diferentes identificadores pelo mesmo preço (ou mais que três, a um pequeno custo adicional). Para facilitar a vida de meus correspondentes, escolhi os identificadores "bpiropo" e "b.piropo", de modo que se alguém enviar uma mensagem para "[email protected]" ela chegará direitinho. Depois, você fornece ao Pobox seu endereço de correio eletrônico real (o de seu provedor no Brasil). Aos amigos, dá o endereço Pobox (tipo "[email protected]"). Isto é tudo. A partir de então, todas as mensagens enviadas para você no servidor do Pobox serão imediatamente repassadas para o servidor de seu provedor aqui no Brasil. E quando eu digo "imediatamente", não exagero: é uma questão de segundos. Se você se associou a um provedor, está satisfeito com ele e acha que permanecerão juntos por todo o sempre, o Pobox não lhe será de grande utilidade. Mas se você divide seu correio eletrônico com seu/sua cara metade, deseja ser conhecido por mais de um identificador diferente ou, como eu, muda de provedor com alguma frequência e pretende continuar mudando (note que seu novo provedor pode estar em qualquer lugar do mundo), ele é um achado. Trocou de provedor? Tudo o que você precisa fazer é carregar a home page do Pobox, acessar a área de serviços, entrar com sua senha e seu novo endereço de e-mail. Na manhã seguinte todas as suas mensagens já estarão no novo provedor. Melhor que isso, só dois disso... PS: Semana passada desloquei-me do Flamengo ao Grajaú. Sendo uma visita a um banco, embora fora do rush, foi obrigatoriamente no horário comercial. Gastei dez minutos no banco e três horas no engarrafamento. Na volta, passei no Globo. No caminho de casa, mais uma hora preso no tráfego. No total, quatro horas perdidas, meio dia útil. Na mesma noite ouço o alcaide desta mui leal, heróica e sofrida cidade declarar que os engarrafamentos não incomodam mais que cinco porcento da população e somente são comentados porque prendem os "editores dos grandes jornais". Talvez. Mas consta que o trêfego edil é versado em questões de economia. Assim, quem sabe lhe convenha estimar o custo dos negócios desfeitos por não se poder chegar a tempo, do combustível queimado inutilmente nos veículos parados, das horas de trabalho perdidas nos engarrafamentos. Serão, seguramente, milhões de reais desperdiçados apenas porque se tomou a decisão de deflagar simultaneamente todas as obras cosméticas do duvidoso projeto Rio calçada. Será que esta pobre cidade pode se dar ao luxo de jogar tanto dinheiro fora? B. Piropo |