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06/05/1996
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Caleidoscópio >
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O tema central de hoje seria a Comdex Rio 96. Mas ou eu estou ficando cansado de feiras ou já não mais as fazem como antigamente. Porque, ao fim e ao cabo, o que tenho a dizer sobre ela cabe em um parágrafo. Esta Comdex Rio, bem maior que a do ano passado, foi uma feira de negócios. Portanto não havia novidades a comentar, apenas um imenso sortimento de artigos de informática à venda. E os preços, como sabem os que leram a reportagem da semana passada, não estavam lá essas coisas. Nada absurdamente caro, mas também nenhuma pechincha. Garimpando-se fora dela encontrava-se o mesmo artigo um pouco mais barato. Quem estava em busca de novidades perdeu a viagem. O que não significa que a feira foi um fracasso, muito pelo contrário. Pois para quem pretendia encontrar em um único local equipamento de última geração por um preço que, se não era extraordinariamente baixo, pelo menos era decente, a Comdex Rio foi um achado. E tenho dito. O que é pouco para uma coluna. Mas se faltou o que falar sobre a Comdex, fora dela tem assunto sobrando. Por exemplo: há meses o Walter, amigo de longos anos, contou-me que seu filho Haroldo havia se associado a alguns colegas e aberto uma pequena empresa de editoração eletrônica. E há meses pequenos contratempos me vinham impedindo de cumprir a promessa que fiz de passar por lá para dar uma olhada. Semana passada afinal tive que ir até a Praça Saenz Pena discutir com meu médico o estado lamentável em que quase meio século de café e fumo haviam deixado meu estômago. E como a loja fica ali mesmo no Shopping Vitrine da Tijuca, resolvi pintar por lá. O encontro com o Haroldo, que conheci há mais de vinte anos no sítio do pai, me fez mais uma vez constatar como o tempo trata as pessoas de forma desigual: a ele, estas duas décadas fizeram ficar adulto enquanto, a mim, só fizeram ficar velho. Mas digressões filosóficas a parte, a visita valeu. A loja, Cópia Etc, fica em uma sala não muito grande no segundo piso do Shopping. Atrás do balcão um par de copiadoras a cores e máquinas de encadernar garantem o leite das crianças. Mas é nos fundos, atrás de uma divisória, que Haroldo e seus comparsas se divertem. Três máquinas em rede, uma impressora jato de tinta a cores, outra laser preto e branco e um scaner de mesa são o bastante para fazer a festa. Com elas os rapazes editam folhetos, folders, cartões de visita, convites, papeis timbrados e o diabo. E de lambuja prestam serviços de FAX, recebendo e transmitindo, para a vizinhança que não tem FAX. Além de funcionarem como agentes de um provedor de serviços internet. Em suma: jogam nas onze. Passei lá um agradável par de horas absorvido com o papo da rapaziada e ajudando a configurar uma impressora. Depois, já no caminho de casa, não pude deixar de matutar como, com algum equipamento e muita imaginação, engenho, arte e, sobretudo, disposição, pode-se usar a informática para faturar algum. Evidentemente os meninos não estão ricos (espero que um dia fiquem: entusiasmo e merecimento não lhes faltam). Mas, nestes tempos de crise, me pareceu que estão se saindo muito bem. Semana passada, na coluna da Cora, vocês leram uma piada que consta como sendo minha. Piada, tanto quanto eu saiba, não tem autoria. Mas mesmo assim não me agrada receber encômios imerecidos. Portanto cabe esclarecer que quem me enviou a piada foi o André Breitman, nosso velho conhecido aqui mesmo das páginas do Caderninho. E ao dizer "enviou", não minto. Dia deste, verificando meu correio eletrônico, lá estava uma mensagem com a piada. Mais um uso da internet, vejam só. Também por E-Mail recebi uma mensagem que, de tão bonita, chegou a me comover. Veio de longe. D´além mar. Mais precisamente de Figueira da Foz, uma pequena cidade à beira mar, de 13.000 habitantes, próxima de Coimbra. Era longa e começava assim: "À laia de cumprimento permita que lhe diga que raramente tenho visto a inteligência e o profundo conhecimento de mãos dadas com a simplicidade das palavras, a facilidade das explicações e da explanação das ideias e, ainda por cima, com um humor espantoso e inteligentíssimo". Elogios que, mesmo sabendo não merecer, foram expressos de uma forma tão bonita e tão sincera que calaram fundo no coração deste pobre escrevinhador cujo único objetivo é, justamente, fazer com que as pessoas que o leem sintam o mesmo prazer que sente ao escrever. Obrigado, meu irmão lusitano Mário Póvoa Leitão. Sua mensagem, tão luminosa e carregada veio, que pôs em meu coração um grande alívio (sim, também eu li Camões). E falando de E-Mail: já há algum tempo hesito em publicar aqui o meu endereço. A razão é simples: mesmo não sendo nenhum campeão de popularidade sei que, divulgado o endereço, o número de mensagens aumentará substancialmente. E se tem um negócio que não suporto é mensagem sem resposta na minha caixa postal. Acho uma grosseria - que me repugna fazer com quem perde seu tempo, tão valioso quanto o meu, para me escrever. E pelo número de afazeres que tenho postergado por absoluta falta de tempo, sei que não poderei responder a todas. Daí a hesitação. Mas depois de ruminar o assunto, concluí que a falta de resposta não seria grosseria se, de antemão, os missivistas eletrônicos fossem avisados que por me faltar tempo para responder a todas, muitas mensagens (provavelmente a maioria) ficarão sem resposta. Mas prometo que todas, sem exceção, serão lidas com a mesma atenção. Então ficam todos avisados. Os que porventura escreverem e não receberem resposta, não se ofendam: não foi falta de vontade, foi de tempo. E o endereço é:
B. Piropo |