Escritos
B. Piropo
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29/05/1995
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Para começar, uma informação importante: as revistas em CD-ROM que discutiremos hoje não são como a interessantíssima Neo Interativa, que só existe em CD-ROM, usa e abusa dos efeitos multimídia e foi feita para ser saboreada na frente do micro, (e que, se você ainda não viu, vale a pena dar uma olhada para conhecer um bom produto desenvolvido no Brasil). Ao contrário, as edições em CD-ROM do PC Magazine e Byte foram concebidas mais para serem consultadas que para serem lidas. A começar pelo fato de que contém apenas números atrasados.

A PC Magazine, diga-se a bem da verdade, bem que procurou enfiar no CD-ROM um mundo de atrações paralelas, como veremos adiante. Mas a Byte não brincou em serviço: seu CD-ROM nada contém além de uma massuda coleção de artigos. Só texto puro, mais nada: até as figuras que fazem parte dos artigos foram substituídas por suas descrições. Em contrapartida, o número mais recente abrange um total de sessenta exemplares e inclui todos os artigos que foram publicados nos cinco anos que vão de 1990 até 1994 inclusive (a assinatura é anual e cobre a atualização a cada trimestre, ou seja, brevemente receberei um novo CD com todos esses artigos mais os publicados no primeiro trimestre de 95).

A interface é sóbria, quase dura, mas eficiente: uma janela dividida verticalmente em dois painéis, encimada por duas barras, a de ferramentas e a de menu. No grande painel da direita, o texto ativo (que pode ser o conteúdo do artigo que se está consultando, uma tabela ou a descrição de uma ilustração). No da esquerda, o sumário: uma lista em quatro níveis do conteúdo do CD-ROM. Você pode selecionar o nível exibido clicando em seu ícone na barra de ferramentas ou selecionando sua entrada no menu. O nível 1 corresponde apenas à lista das revistas, mês a mês. O nível 2 inclui as sessões, o 3 os artigos e o 4 os anexos, como quadros, tabelas e descrições de ilustrações. Há ferramentas que permitem redimensionar os painéis (o que pode ser feito de forma mais simples arrastando a moldura com o mouse), efetuar buscas, deslocar-se pelos artigos, copiar para o clipboard ou imprimir artigos ou trechos selecionados e incluir suas próprias anotações em qualquer ponto da "revista" para posterior consulta. Tudo muito simples, inclusive a ferramenta de busca, que permite buscas lógicas (and, or, within e andnot), buscas em todo o texto ou apenas nos títulos ou tabelas e buscas apenas nas sessões selecionadas. Mas por ser simples, não deixa de ser eficiente. O único senão é a ausência das ilustrações. Mas garanto que quem precisa fazer uma consulta urgente em busca de uma informação importante há de preferir mais texto para alargar o campo da busca que um monte de figuras bonitas. Em suma: a edição de Byte em CD-ROM é coisa de profissional. Poucos badulaques, mas muito eficiente.

Já a edição de PC Magazine é aquilo que a Cora classificaria de "uma gracinha". Para começar, porque tem cara de revista: capa, ilustrações e tudo o mais, inclusive publicidade. Depois, porque explora multimídia como gente grande.

A tela de abertura é uma janela com a capa da revista ocupando a maior parte da área útil ladeada por uma coluna de botões. A capa parece mesmo uma capa de revista, com as chamadas para os principais artigos e algumas ilustrações. A diferença é que nesta basta clicar sobre uma chamada ou ilustração para abrir uma nova janela com o índice do artigo correspondente. Que contém o texto, evidentemente. E mais um monte de coisas, inclusive ilustrações em vídeo (por exemplo: um artigo sobre notebooks menciona que a linha Thinkpad da IBM permite trocar o disco rígido; basta um clique na ilustração correspondente para aparecer um vídeo onde mostra um usuário efetivamente trocando um disco rígido de um Thinkpad).

Os botões exploram outros interessantes aspectos que somente uma revista em CD-ROM poderia conter. Por exemplo: o uso do Lotus ScreenCam para demonstrações de software (na verdade, dezenas delas, grupadas por assunto, inclusive os melhores do ano de 94 de acordo com a própria PC Magazine) e uma sessão inteira de programas para serem instalados diretamente em seu disco rígido (dúzias deles, inclusive os benchmarks da própria PC Magazine; que estão integrados ao CD-ROM de tal forma que permitem até mesmo que você passe a vergonha de incluir os resultados de sua própria máquina, testada na hora, entre os das super máquinas avaliadas pela revista...). E, evidentemente, a "Advertiser Showcase", a publicidade que não poderia faltar em uma revista que se preze. Mas até isso, em CD-ROM, tem suas vantagens. Por exemplo: se você quiser, a publicidade do Adobe Acrobat da Lotus instala em seu disco rígido uma cópia grátis e inteiramente funcional do viewer do Acrobat. E a da Tanisys instala o SpinWizard (não me perguntem o que é: eles dizem que é "uma ferramenta para aumentar a produtividade", mas explorar todo esse CD-ROM vai levar mais de um mês e isso ainda não deu tempo de descobrir).

É claro que tudo isso tem seu preço. E, no caso da PC Magazine, o preço chama-se espaço: para poder enfiar todas essas gracinhas no CD-ROM, a edição, também atualizada trimestralmente, se limita aos últimos doze meses, sejam eles quais forem. Quer dizer: o próximo exemplar incluirá os números de fevereiro a abril de 95, mas eliminará os dos mesmos meses de 94. Para ler, muito bem. Para consultar, um desastre.

Sim, porque um dos botões é justamente o "Search Database". Que abre uma formidável janela de busca que permite pesquisar quaisquer palavras em artigos ou em títulos, ou procurar por nomes de produtos, autores, fabricantes, tipo de artigo, tópico, data de publicação, o diabo. Mas somente nos últimos doze exemplares.

Você acha que, numa revista como essa, cheia de bugigangas e badulaques, ilustradíssima com fotos e vídeos, programas de graça e demonstrações de produtos, a busca não é assim tão importante? Pois engana-se.

Afinal, onde é que você pensa que eu encontrei o significado de Twain?

B. Piropo