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19/09/1994
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Os cartuchos que descrevemos semana passada foram lançados no início da década de 70 pela 3M, uma fabricante tradicional de meios magnéticos. Mediam 6" x 4" x 5/8" (15,2cm x 10,2cm x 1,6cm), mais ou menos o tamanho de um livro de bolso, e continham 300' (91,4m) de fita com largura de 1/4" (6,4mm). Por isso foram batizados de DC300, as iniciais de "Data Cartridge" seguidas pelo comprimento da fita em pés. A fita se deslocava com uma velocidade de 30" por segundo e continha apenas duas trilhas, gravadas e lidas uma de cada vez usando a mesma técnica de gravação dos antigos disquetes de densidade simples (a hoje obsoleta codificação de fase que só permitia armazenar 1600 bits por polegada). Se você fizer as contas vai perceber que não apenas a capacidade do cartucho era pequena - menos de um megabyte de dados formatados - como os dados eram transferidos muito lentamente: apenas 48Kbits (e não bytes) por segundo. Mas a tecnologia evoluiu. Vou poupá-los dos detalhes: basta saber que o número de trilhas aumentou para quatro e adotaram a técnica de gravação em MFM (Freqüência Modulada Modificada, a mesma usada nos discos de densidade dupla), que elevou a densidade de dados para 6400 bits por polegada. Com isso, a taxa de transferência aumentou para 192Kbits por segundo, um patamar razoável. Mas a tecnologia continuou a evoluir e os cartuchos DC300 já não são mais usados. Um parênteses: mesmo com essa taxa de transferência, baixa para os padrões atuais, os dados se moviam depressa demais para serem processados em um fluxo único pelos lentos micros de antanho e a fita tinha que se mover aos trancos: lia os dados e parava para dar tempo para processá-los. Esse sistema era conhecido por "stop and go". Com as rápidas CPU modernas, os dados podem ser lidos em um fluxo contínuo (ou "stream") e a parada tornou-se desnecessária. Para diferenciá-los dos velhos "stop and go", os acionadores de fita capazes de funcionar continuamente foram chamados de "streamer". Hoje os drives "stop and go" caíram em desuso. Ficaram só os "streamers" e seu nome acabou virando sinônimo de acionador de fita para backup. Nos anos 80, a tecnologia do meio de suporte de fita magnética evoluiu o suficiente para permitir dobrar o comprimento da fita mantendo as dimensões do cartucho. Os novos cartuchos de 620' (189m) de fita foram batizados de DC600 e, como veremos mais tarde, são muito populares ainda hoje. Mas o nome mudou para DC6000 e, graças à imensa evolução da técnica de gravação e aumento do número de trilhas, a capacidade de armazenamento alcançou a casa dos Gigabytes. No início dos anos 80 o universo do backup em fita era uma babel: a única coisa padronizada era o cartucho em si mesmo, ou seja, as dimensões do invólucro, o comprimento e a largura da fita. O resto era um caos: cada fabricante usava número de trilhas, densidade de dados, formatação e interface diferentes. E tudo isso era patenteado. Uma loucura mansa. E um negócio perigoso, já que não havia como intercambiar dados entre acionadores de distintos fabricantes: se o fornecedor de seu acionador de fita saísse do mercado, seu backup somente estaria garantido enquanto o velho drive se mantivesse funcionando. Quebrou o drive, adeus backup. Para tentar por uma ordem na bagunça, os fabricantes de drives se reuniram em 1982 e formaram um grupo de trabalho, que acabou por se tornar um comitê permanente com o nome de Quarter Inch Cartridge Standards Inc. (padrões para cartuchos de um quarto de polegada). Mais tarde a mesma fita de 1/4" foi acomodada em cartuchos menores, os minicartuchos, que também foram incluídos na padronização. Logo veremos em que consistiu essa padronização. Mas para poder entendê-la melhor, precisaremos antes descrever os minicartuchos. Como tanto eles quanto os maiores usam fitas de 1/4", assumiram todos a denominação comum de Quarter Inch Cartridge (cartucho de um quarto de polegada) e são conhecidos pelas iniciais QIC. Os acionadores dos cartuchos maiores são exatamente do tamanho de um drive de disquetes de 5"1/4 e cabem no espaço destinado a eles nos gabinetes dos computadores de mesa. E seus cartuchos, como vimos, são relativamente grandes. Um dos requisitos importantes de uma fita de backup é ser facilmente transportável para permitir transferir grandes massas de dados entre diferentes computadores. Por isso foram lançados os minicartuchos, que hoje dominam o mercado dos micros pessoais. A diferença básica entre eles e os maiores é, justamente, o tamanho: um minicartucho é pouco menor que um maço de cigarros, medindo 3"1/2 x 2"1/2 x 5/8" (8,9cm x 6,4cm x 1,6cm). Seus drives são exatamente do tamanho de um drive de disquete de 3"1/2 e cabem no espaço destinado a eles nos gabinetes dos computadores de mesa. Os primeiros minicartuchos continham cerca de 205' (62,5m) de fita, e por analogia com seus irmãos maiores, os DC6000, ficaram conhecidos por DC2000. Adiante veremos que há cartuchos e minicartuchos de distintas capacidades de armazenamento. E cada um deles recebe uma designação diferente, mais ou menos baseada na capacidade. Mais tarde aprenderemos a identificá-los pela designação e discutiremos as características de cada um (na verdade, essas designações são justamente a maior fonte de dúvidas). Mas há uma simplificação que podemos fazer desde agora: seja qual for a capacidade, só há dois tamanhos de cartuchos QIC. Os maiores são conhecidos genericamente como "DC6000" e os menores como "DC2000". Se você encontrar uma referência a um cartucho DC2xxx (onde "xxx" pode ser um conjunto de três algarismos quaisquer - por exemplo DC2120), pode garantir que se trata de um "DC2000", um minicartucho. Se a designação for DC6xxx (por exemplo, DC6150), é um "DC6000", um cartucho dos grandes. E tanto os DC6000 quanto os DC2000 podem acomodar dois comprimentos diferentes de fita, o original e o estendido. Nos DC6000, o comprimento original é 620' (189m) e o estendido 1020' (310,9M). Nos cartuchos DC2000, menores, cabe menos fita: o comprimento original é 205' (62,5m) e o estendido 307'(93,6m). Então, do ponto de vista do tamanho do invólucro e do comprimento de fita, só há quatro tipos de cartuchos de 1/4" (Quarter Inch Cartridge), dois grandes (DC6000 com 620' de fita e DC6000 com 1020') e dois minicartuchos (DC2000 com 205' e DC2000 com 307'). Mas como os padrões usam diferentes densidades de dados (e, portanto, meios magnéticos com diferentes coercitividades), nem sempre o mesmo cartucho com o mesmo comprimento de fita pode ser usado em diferentes drives. Semana que vem vamos examinar os padrões QIC e suas diferenças. Então poderemos saber que fita pode ser usada em que drive. Até lá. B. Piropo |