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16/05/94
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...eu sei que isso parece coisa da Hebe, mas não consigo me conter: vocês são ma-ra-vi-lho-sos! Vocês são inteligentes, vocês são bem humorados, vocês são sensacionais! Vocês me fazem ter orgulho de ser lido por gente tão especial. É verdade que eu já desconfiava disso pelas missivas que pintam por aqui de quando em vez. Mas agora, com as primeiras cartas sobre os usos do micro, tenho certeza: vocês são ótimos. Para quem não sabe do que se trata por não ter lido a coluna de 25 abril: curioso por saber que utilização é dada aos micros domésticos, pedi para que escrevessem dizendo, de forma sucinta, o que fazem com eles. Descrevendo resumidamente a utilização, não apenas o programa usado. E dando um resumo dos dados pessoais de todos os que usam a máquina. E pedi para não misturar: se quisessem escrever mais alguma coisa, eu teria prazer em ler. Mas que fosse em uma folha anexa, não na que contivesse os dados da pesquisa informal. E as cartas começaram a chegar. Por enquanto, chegaram poucas: até sexta-feira seis de maio, antevéspera do dia em que essa coluna foi escrita, somente trinta. Uma quantidade irrisória: os que ainda não responderam, percam a preguiça e escrevam. Afinal, garanto que tenho mais de trinta leitores, portanto não me decepcionem pela quantidade. Em contrapartida, da qualidade não posso me queixar. Daí meu entusiasmo no início da coluna. Chegaram cartas de todos os tipos: desde alguns modelos de concisão, rigorosamente dentro do espírito da coisa, até cartas como a do Fernando Milanez, com simpaticíssimas sugestões sobre o Caderno, que já foram passadas à Cora. Ou a do Antonio Eduardo Newlands, com uma dúvida existencial das mais cruciais sobre o provável comportamento do Amadeus.Cat face a uma futura mudança de domicílio - assunto que, dada minha felina ignorância sobre o tema, foi igualmente encaminhado à Cora. Como disse, algumas foram sucintas. Porém inventivas. O Ronaldo Salles mandou um primor de concisão, mas contendo todas as informações essenciais: uma tabela de dupla entrada com os usuários e os usos, assinalando quem usava o micro para que. Exatamente o que eu deveria ter solicitado. Na verdade, eu poderia ter feito muito melhor, como lembra o Francisco Jorge Mello. Mas aí não vale: o cara é um profissional da pesquisa, vive disso. E, pelo teor da carta, sabe das coisas. Diz ele que vai ser difícil analisar os dados, já que eu não tracei limites para as respostas. A bem da verdade, eu já havia desconfiado disso. Só não sabia como resolver o problema. Pois o Francisco Jorge sabe: anexou à carta um formulário que elaborou para as respostas traçando os devidos limites sem, no entanto, engessar a pesquisa. Coisa de profissional. Só que, com a pesquisa a meio caminho, não vai dar para usar. Mas na próxima, Francisco, ligo antes para pedir ajuda. E tem mais. O Renato Afonso, por exemplo, começa dizendo que sempre teve vontade de escrever para o Caderno. Como nunca o fez, alegrou-se com a oportunidade proporcionada pela pesquisa e mandou ver. Cobriu o Caderno de elogios, o que nos deixou a todos muito sensibilizados. Pediu até que fosse publicada uma foto de toda a equipe (olhaí, Cora, se aceitar a sugestão, avisa antes para eu vir bonitinho no dia de tirar a foto). Disse que guarda com carinho minha primeira Trilha Zero, o que me deixou particularmente orgulhoso. E se entusiasmou tanto o Renato, que acabou por perder a oportunidade que desejava aproveitar: esqueceu-se de contar para que usa o micro. Manda outra, Renato, que eu espero. Teve mais. Teve a carta do Roberto Osborne. Um jovem (o mero detalhe de haver nascido uns poucos anos antes de mim nada tem a ver com isso, viu Roberto: sua carta é a de um jovem) que, entre outras coisas, usa o micro para ajudar os amigos. Pois, como os amigos de meus amigos meus amigos são, conte comigo para o que julgar conveniente, Roberto. Sua carta é um estímulo para esse seu criado continuar a escrever essas mal traçadas. Nas cartas havia de tudo. Principalmente um senso de humor sutil e sofisticado. De que outra forma classificar a frase da Deborah, contando que dentre os usos que dá ao micro do marido, inclui-se o "controle da mesada que ele me dá e que rende na conta dele"? Ou alguns dos usos - listados depois dos "sérios" - que o destemido interneteiro anônimo, estudante da British School of Hackers, dá a seu micro: "A parte traseira do monitor me serve para secar meias e cuecas e, num compromisso com a modernidade, uso o mouse como isca de minha cyber-ratoeira: o bicho, com aquele olhar blasé, é infalível como atrativo sexual para os roedores. Finalmente, estou desenvolvendo um sistema operacional de 32 bits que vai desbancar o Chicago e o Cairo da MS. Codinome: CUIABÅ". Pois é isso. Ainda nem comecei a tabular os usos do micro, mas já leio as cartas com enorme prazer. Todas contendo um toque de amizade, já que considero uma demonstração de afeto o simples fato de tê-las escrito. Mas teve uma muito especial. Que chegou mesmo a me emocionar. Como vocês lembram, comecei a coluna que propunha a pesquisa partindo do pressuposto que todos os meus leitores são micreiros. Pois vejam a carta da Lourdes Porto: "Você está enganado! Não tenho e não pretendo ter um micro, mas leio sempre a Trilha Zero. Quando recebo o jornal nas segundas feiras, pego logo o caderno de informática e leio sua coluna e a da Cora. Fico fascinada com a maneira como vocês tratam esse assunto. Continue com seu saboroso estilo, pois você tem seu fãclube". Puxa, Lourdes, obrigado. Mas assim você me encabula. E me traz mais uma obrigação. Que cumprirei, entretanto, com o maior dos prazeres. Daqui pra frente, cada vez que reler as colunas, antes de dá-las por prontas, vou lembrar de você. E se achar que a coisa está muito técnica, me perguntarei: será que isso não vai ser tedioso demais para a Lourdes? Então tentarei ser mais claro. Com isso, ganhamos todos. Você e os demais leitores, porque as coisas tenderão a ficar mais claras. E, principalmente, ganho eu. Porque assim não me arrisco a perder uma leitora tão especial. Afinal, Lourdes, você é a metade do meu fã-clube. A outra metade é D. Eulina. Né, mãe? B. Piropo |