Escritos
B. Piropo
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09/05/94

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Semana passada discutimos o Parts para OS/2 da Digitalk. Não mencionei a existência da versão para Windows porque só tomei conhecimento dela esta semana, quando recebi a cópia de avaliação. Que ainda não instalei, mas a julgar por uma leitura dinâmica do manual, é quase idêntica à versão para OS/2. O Parts é um excelente programa de uma softhouse tradicional. E, como era de se esperar por sua complexidade, não é barato. Mas nem todo bom programa é necessariamente caro ou produzido por uma Digitalk: agora mesmo estou rodando duas pequenas jóias que não me deixam mentir. Dois programas para Windows, de excelente qualidade, desenvolvidos por softhouses nacionais. E duas pechinchas.

O primeiro já está na versão 3.3 e chama-se UniQuick. É um mail reader, um programa concebido para gerenciar mensagens trocadas em BBS. Para quem não está familiarizado com o assunto, uma explicação sumária: há duas formas de se acessar BBS. A primeira consiste em executar comandos para exibir as mensagens, lê-las e, caso se queira responder a alguma, editar a resposta e enviá-la. Tudo isso "on line", ou durante a conexão telefônica. A segunda consiste em conectar e efetuar a transferência de um "pacote" com as mensagens geradas desde o último acesso. Como o conteúdo do pacote é comprimido, a conexão é muitíssimo mais curta, reduzindo a conta telefônica e liberando rapidamente a linha do BBS para outro usuário. Estas razões, aliadas ao conforto de se poder editar as respostas com calma, "off-line", ou enquanto não se está conectado, estão tornando a última forma cada vez mais popular. Só que ela exige o uso de um programa que gerencie os pacotes, ou seja, que descompacte-os, permita consultar as mensagens, editar as respostas e comprimi-las em um novo arquivo que será transferido ao BBS na próxima conexão. Esse programa é um mail reader.

Os primeiros mail readers faziam praticamente só isso. Mas, com o tempo - e com o advento de Windows - foram se sofisticando. E o UniQuick acompanhou essa sofisticação. Ele permite fazer o que se quiser com as mensagens: lê-las na ordem desejada, selecionar apenas as que são dirigidas a você ou que citem seu nome (ou qualquer outra expressão que você desejar), enviar cópias de uma única mensagem a diversos usuários, fazer "forwards" (encaminhar para outra pessoa uma mensagem dirigida a você), escolher a página de código em que as mensagens serão exibidas, imprimi-las, gravá-las no disco sob a forma de um arquivo texto, incluir "taglines" (pequenas citações no pé da mensagem), escolher cabeçalho e assinatura para suas respostas (que podem ser diferentes em cada BBS), editar as respostas em um editor interno ou em qualquer outro de sua escolha e tudo o mais que fazem os mail readers de última geração. E vai além, permitindo gerenciar off-line o próprio BBS: selecionar áreas de interesse, ajustar "ponteiros" (número da última mensagem recebida em cada área), tamanho do pacote, número máximo de mensagens por área, protocolo para transferência de arquivos, o diabo. E permite anexar arquivos às mensagens. Além de ser totalmente customizável: cores, fontes, tamanho da janela e mais um monte de detalhes. Coisa de primeiro mundo. Pois esse programa é shareware, ou seja: você pode "baixá-lo" de um BBS, usá-lo e, se gostar (e duvido que não goste), pagar a bagatela de trinta URV para ser um usuário registrado e ter direito a suporte técnico e atualizações gratuitas. Se seu BBS ainda não tem o UniQuick, reclame veementemente com o SysOp e telefone para a UniKey, (021) 571-7701, para saber de onde "baixar" uma cópia.

O segundo programa chama-se HS Manager e é uma "shell" para Windows que descobri recentemente na COMDEX-Rio. Para quem não sabe: shell é uma interface alternativa, como por exemplo o Norton Commander, o XTree e o DOSShell são para o DOS. Para Windows, as mais conhecidas são o PCTools e o Norton Desktop for Windows, que substituem o Program Manager e contornam algumas de suas muitas limitações. Não espere do HS Manager as mesmas "firulas" do Norton ou do PCTools: ele é muito mais simples. Porém suficiente para contornar aquelas que me parecem as maiores limitações do Program Manager. O programa deixa criar grupos dentro de grupos, organizando muito melhor o desktop. Além de embelezá-lo, permitindo escolher ícones, fontes (tipos de letra) e distâncias entre ícones diferentes para cada grupo. Além disso substitui o TaskManager de Windows por uma caixa de diálogo muito mais flexível e incorpora o HSRunner, que dá muito maior flexibilidade à entrada "Run" do menu "File" do Program Manager. Ao se instalar, o HS Manager converte os grupos existentes do Program Manager. E aqueles que forem criados mais tarde pela instalação de novos aplicativos podem ser convertidos por um utilitário que acompanha o programa. O HS Manager foi desenvolvido pela High Soft (que, apesar do nome, é carioquíssima) e é comercializado pela Master Informática (Tel/Fax 021 462-2352). Como eu disse, o HS Manager não é nenhum Norton for Windows. Mas faz tudo o que se espera de uma boa shell e custa o equivalente a trinta dólares. É ou não uma pechincha?

PS: Essa coluna, como de hábito, foi escrita no domingo, oito dias antes de ser publicada. Eu reli e não gostei: o texto está bem pior que de costume. Vocês me desculpem, mas hoje não consegui fazer melhor depois de assistir indignado a morte do maior piloto de todos os tempos em um esporte que acompanho desde a década de cinqüenta. Uma morte estúpida em uma pista assassina. Uma morte quase anunciada. Ayrton foi imolado em nome de um espetáculo brutal que tentou mas não conseguiu interromper nem diante das trágicas evidências da véspera. Ele sabia do risco mas correu. Correu por não conseguir convencer aos companheiros que, naquelas circunstâncias, naquela pista e com aquelas regras suicidas, coragem não era correr: coragem era se recusar a participar de uma carnificina que ele, desgraçadamente, já previra. Ayrton morreu liderando uma corrida estúpida que não deveria ter se realizado. Vencedor, morreu correndo e vencendo, como sabia e gostava. O que, se consola, não traz sentido a sua morte, dias depois da morte igualmente estúpida de Dener.

Triste país esse, que a cada semana perde mais um de seus tão poucos heróis...

B. Piropo