Escritos
B. Piropo
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18/04/94

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Finalmente chegamos ao fim desta série. Só falta arrematar alguns detalhes e nosso micro estará pronto, afinal. Pronto, aliás, ele estava há duas semanas, pois todo o essencial já havia sido discutido: a impressora, examinada semana passada, embora importante, não é imprescindível e o micro pode perfeitamente funcionar sem ela. Então o que ficou faltando? Bem, para um micro de uso geral, absolutamente nada. Mas se você quiser aderir à nova onda dos "micros multimidia", basta incluir um CD-ROM e uma placa de som. De CD-ROM falamos longamente e há muito pouco tempo para que voltemos ao assunto. Então, vamos às placas de som.

O ponto mais importante a considerar na seleção de uma placa de som é o tamanho do registro. Ou, trocando em miúdos: decidir se a placa será de oito ou dezesseis bits. O som, para o micro, é uma sucessão de "amostras" digitalizadas (armazenadas em bits) enviadas sob a forma de impulsos elétricos para os alto-falantes uma após a outra, em rápida sucessão, que fazem a membrana do altofalante vibrar na freqüência correta e gerar o som. Essas "amostras" são processadas pela placa de som e armazenadas em um registro antes de serem transformadas em impulsos elétricos. E em um registro de oito bits somente cabem 256 valores diferentes da amostra, enquanto em um registro de dezesseis bits cabem mais de 65 mil. Logo, uma placa de dezesseis bits pode gerar um som muito mais rico, mais cheio de nuances. Portanto, placas de dezesseis bits são melhores. E, conseqüentemente, mas caras. Porém, nesse caso, a diferença costuma valer a pena.

Depois, há ainda alguns fatores como taxa de amostragem (ou "sampling rate": quanto maior, melhor a qualidade do som), número de canais e forma de sintetizar o som. Mas são detalhes demasiadamente especializados para caberem aqui. Há, porém, um ponto importantíssimo que não deve ser desprezado: a padronização. Que, infelizmente, não existe oficialmente. O que há é uma placa tão popular que acabou por se constituir em um padrão de fato: a Sound Blaster, da Creative Labs. Portanto, ao comprar uma placa de som, assegure-se que seja compatível com a SoundBlaster.

Finalmente, no que toca à placa de som, um ponto delicado: o controle do CD-ROM. Pois, ultimamente, quase não faz sentido ter uma placa de som em uma máquina sem CD-ROM ou vice-versa. Daí a maior parte das placas de som existentes no mercado incorporarem os circuitos necessários para controlar o CD-ROM. O problema é saber que placa de som controla que CD-ROM, ou seja, ter certeza que a placa que você comprou é capaz de controlar o CD-ROM que você já tem ou vice-versa. Uma forma de evitar o problema, naturalmente, é comprar um dos chamados "kits multimidia", que juntam placa de som, CD-ROM e acessórios (alto-falantes e microfone, quando for o caso) em um mesmo pacote. Nesse caso a compatibilidade é garantida, geralmente às custas de uma interface proprietária. Mas há um problema: se um dos dois - placa ou CD-ROM - tiver que ser substituído, você terá que comprar outro igual. Há, porém, uma solução. Ou melhor: há duas. Placas de som "multi-CD", ou seja, com interface capaz de controlar um número limitado, mas suficientemente variado de marcas de CD-ROM para não escravizá-lo a um único fabricante ou, melhor ainda, placas de som com interface para CD-ROM obedecendo ao padrão SCSI-2 e que podem, portanto, controlar qualquer CD-ROM que também obedeça ao padrão. Esta é, me parece, a solução ideal. Mas também a mais cara, evidentemente.

Pronto: agora acabou mesmo. Ou não? Bem, poderíamos falar ainda de drives para fita streamer, scanners, drives para discos flopticals de alta capacidade, cartuchos Bernouilli removíveis e mais uma infinidade de coisas. Mas assim essa série não acabaria nunca, e se eu já estou cansado dela, imagino vocês. Portanto, acabou, sim. Por decreto. E temos conversado.

Bem, neste ponto você já escolheu o micro de seus sonhos pedaço por pedaço. E agora? Como encontrar um com os pedaços certos, do jeito que você escolheu? Ou, então, como juntar os pedaços?

Em geral, não há problemas. Se você preferir comprar seu micro em uma loja para fazer jus à garantia, assistência técnica e documentação, o mercado já está suficientemente competitivo para que você possa ter o micro exatamente do jeito que você deseja. Basta negociar, discutir e bater o pé: a maioria dos bons comerciantes sabe que se você não for atendido satisfatoriamente, encontrará quem atenda. Portanto, insista. E não compre na primeira: faça uma tomada de preços. E, sobretudo, por mais simpática que lhe pareça a loja, prefira uma que atendeu bem a um amigo ou conhecido. E, principalmente, que honrou a garantia e não deixou seu amigo ou conhecido na mão quando precisou de assistência técnica.

Mas há outras formas. Uma delas é comprar um kit e montar você mesmo. Não se assuste: é muito mais fácil do que parece. Há kits de boa qualidade no mercado e você pode escolher o conjunto de componentes que mais lhe convém. E há excelentes cursos de montagem por aí. Como um kit é mais barato que um micro montado, a diferença em geral paga o curso. Se você comprar o kit e levar para o curso, monta seu micro e ainda aprende o necessário para diagnosticar pequenos problemas sem se apavorar e "chamar o técnico".

Mas se a idéia de futucar as entranhas de um micro mexe com seus nervos, tudo bem: há ainda uma outra forma. Existem dezenas de profissionais autônomos que vivem da montagem de micros. Aqui mesmo nos classificados você encontrará diversos. Você pode comprar o kit e contratar um deles para montar mediante um pagamento em geral bastante módico. Ou então solicitar um micro montado exatamente de acordo com suas especificações. Em geral sai muito mais barato que na loja. Mas, nesse caso mais que em qualquer outro, procure um profissional de confiança. De preferência um que tenha sido indicado por algum conhecido, que honre a garantia (sim, os profissionais honestos dão garantia e costumam honrá-la) e que preste assistência técnica quando necessário. Nesse ramo, é claro, tem muito picareta. Mas tem também muita gente honesta que fornece material de boa qualidade e a preços mais que razoáveis.

Pois é isso. Agora que você já sabe como é o micro dos seus sonhos, corra e vá comprá-lo. Afinal, tão cedo você não vai se preocupar com upgrades. Pelo menos até ver aquele monitor de vinte polegadas. Aquela placa-mãe Pentium ou DX-4. Aquela impressora a cores. Aquele drive SCSI rapidíssimo. Aquele scanner de mesa...

Meu deus, será que essa coisa não acaba nunca?

B. Piropo