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28/03/1994
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Escolhendo
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Agora que sabemos como a imagem é gerada, podemos discutir os critérios para a escolha do monitor. Que se baseiam no tipo e tamanho da tela, freqüências vertical e horizontal, tamanho do "pixel" (dot pitch) e resolução da imagem. Os fatores são muitos, o que torna a coisa bastante complicada. E, para piorar, quase todos são interdependentes. Escolher monitor é mais difícil do que parece. Não é a toa que ele é um dos periféricos mais caros. Vamos começar pelo mais evidente: o tamanho da tela, expresso pela medida de sua diagonal. A tela dos monitores comuns, cuja diagonal mede 14", tem 11,5" de largura por 8" de altura, suficiente para a maioria das aplicações que usam telas texto. Porém, com a difusão das interfaces gráficas, os usuários passaram a ansiar por resoluções mais altas. Acontece que, na mesma tela, os objetos diminuem de tamanho a medida que aumenta a resolução. A fontes (as "letras" da tela) e os ícones, que usam uma matriz fixa de pixels, ficam cada vez menores e seus detalhes tornam-se difíceis de distinguir (por isso Windows fica tão desconfortável em monitores de 14" quando usamos resoluções superiores a 800x600). Como resultado, começaram a aparecer monitores cada vez maiores. Hoje, além dos de 14", há monitores SVGA de 15", 17", 20" e 21". Note que, embora não pareça, monitores de 17" são muito maiores que os de 14" (a diagonal é apenas 21% maior, mas a área da tela, proporcional ao quadrado da diagonal, é quase 50% mais ampla). O problema é que a relação entre preços é ainda mais elástica: enquanto se encontram excelentes monitores de 14" por cerca de US$ 300, um bom monitor de 17" não custa menos de US$ 1000 e os de 21" ficam acima dos US$ 2000 (isso nos EUA - aqui são muito mais caros, naturalmente). Qual escolher fica por conta de um compromisso entre dois dos pontos mais sensíveis de seu corpo: olhos e bolso. Por exemplo: meus olhos anseiam desesperadamente por um monitor de 17". Mas o bolso ainda não me permitiu passar das 14". Os monitores modernos são do tipo multifreqüência (multisynch), capazes de exibir diversas resoluções. Selecione o seu pela resolução mais alta que pretende usar. E leve em conta o tamanho da tela. A razão é simples: exibir imagens de 1600x1280 pixels em um monitor de 14" é pura perda de tempo: os detalhes ficam tão pequenos que seria impossível distingui-los. Em minha opinião, a maior resolução que pode ser usada confortavelmente em um monitor de 14" é 800x600 (embora ache que ela fica bem melhor em um monitor de 15"). Um monitor de 17" aceita tranqüilamente 1024x768 pixels. Os de 20" vão bem em resoluções de até 1280x1024, enquanto a resolução de 1600x1280 só é aceitável em monitores de 21". Mas note que esse critério é pessoal, baseado nesses olhos cansados de tanto ver coisas. Você pode ter uma opinião diferente, portanto dê uma espiada nas telas dos amigos antes de se decidir. Escolhidos o tamanho do monitor e a resolução, você terá que se preocupar com alguns detalhes técnicos que deles dependem: tamanho do pixel (dot pitch) e freqüências horizontal e vertical. Quanto ao pixel, quanto menor, mais nítida a imagem. Mas projetar na tela um pixel pequeno encarece o monitor. O problema, evidentemente, é mais grave nos monitores pequenos: na resolução de 800x600, por exemplo, uma linha horizontal exibe 800 pixels. Divida 11,5" (largura de uma tela de 14") por 800 e encontrará 0,36mm. Como pixels deste tamanho se tocarão e a imagem parecerá "borrada", o dot pitch ideal para um monitor de 14" exibir com nitidez imagens de 800x600 pixels é de 0,25mm. Já em um monitor de 20", o ideal é um dot pitch de 0,31mm para 1024x768 pixels. Agora vejamos a relação entre as freqüências de varredura e a resolução. Quando você vai ao cinema, o que você pensa que vê na tela são imagens em movimento. O que você realmente vê são imagens imóveis, projetadas em sucessão tão rápida que dão a ilusão de movimento. Isso ocorre porque cada imagem "persiste" alguns centésimos de segundo em sua retina. Se a freqüência com que as imagens se sucedem for suficientemente alta, a ilusão de movimento será aceitável. Na tela de seu monitor ocorre algo semelhante. Só que há que se levar em conta ainda um outro fator: a "persistência" dos pontos luminosos da camada sensível ("fósforo") do tubo de imagem, ou seja, o tempo que um ponto demora para se "apagar" depois que foi excitado pelo feixe de elétrons. Cada vez que o feixe de elétrons percorre a tela de alto a baixo, varre todas as linhas e uma imagem é "desenhada" na tela. O número de imagens "desenhadas" corresponde ao número de vezes que o feixe de elétrons oscila verticalmente, ou seja, em cada segundo esse número é igual à freqüência vertical. Que deve ser tão maior quanto mais alta é a resolução. A VESA (Video Electronics Standards Association) recomenda um mínimo de 70 a 72 Hz para resoluções de 1024x768, 60Hz para resoluções de 800x600 e 56Hz para resoluções de 640x480. Já a freqüência horizontal é igual ao produto do número de linhas pela freqüência vertical (pense um poucoelogo entenderá porque). Por exemplo: uma resolução de 1024x768 exibida em uma freqüência vertical de 70 Hz exige uma freqüência horizontal igual a 70 vezes 768, ou seja, pouco mais de 50KHz. Freqüências altas encarecem o monitor. Para baixar custos, alguns fabricantes usam o recurso do "entrelaçamento". Que consiste em fazer o feixe de elétrons "pular" linhas na tela: em uma descida ele varre as linha pares, na seguinte varre as ímpares. Monitores entrelaçados alcançam as resoluções mais altas com metade da freqüência vertical recomendada, pois "desenham" meia imagem em cada ciclo. São baratos, mas a imagem fica péssima, com um efeito de cintilação (flicker) claramente perceptível. Evite-os. E tome cuidado: alguns monitores anunciados como "não entrelaçados" (non interlaced) só o são nas resoluções mais baixas. Na mais alta, que é onde o cinto aperta, eles são entrelaçados. Portanto, se o vendedor garantir que o monitor não é entrelaçado, certifique-se que seja assim na resolução mais alta que você pretende usar. Há ainda outros fatores importantes, como telas planas (ideais), curvas somente na horizontal (com resultados bastante razoáveis) e duplamente curvas (somente aceitáveis nos monitores pequenos), telas foscas (ideais) ou não (que refletem a luz ambiente e podem tornar sua vida um inferno), controles digitais (os melhores) ou analógicos (que devem ser ajustados cada vez que se altera a resolução), monitores de base fixa (péssimos) ou de ângulo regulável (exija-os) e, finalmente, a ergonometria do monitor (facilidade de acesso aos controles: nos melhores monitores eles se situam na face frontal). Mas o espaço acabou e semana que vem ainda teremos que discutir as placas de vídeo. Até lá. B. Piropo |