Escritos
B. Piropo
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21/02/94

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Na escolha do micro o segundo passo é a seleção da CPU. Existe, é claro, um enorme universo à disposição, que vai desde o velho XT até o novíssimo Pentium. Mas, na prática, a não ser que você tenha muita coragem para ser pioneiro e bala na agulha para comprar um Pentium, ou que se disponha a ter uma máquina que, mesmo nova, já seja ultrapassada, provavelmente optará por um 386 ou um 486.

Correndo o risco de parecer repetitivo como a vida do homem casado, volto a afirmar: micro é uma ferramenta e como tal deve ser adequado à tarefa que vai executar. Se você tem um 286 ou mesmo um velho XT cumprindo direitinho suas funções, está satisfeito com ele e não precisa de mais nada, não ha razão alguma para correr sofregamente atrás de algo mais potente. Mas se decidiu que ele já não mais é suficiente para suas necessidades e pretende comprar uma nova máquina, ou, principalmente, se pretende comprar seu primeiro micro, qualquer coisa abaixo de um 386 é bobagem.

Por outro lado, no extremo superior da escala, já aparecem as primeiras máquinas Pentium. Que custam os olhos da cara. E, postas as coisas como estão no momento, não fazem coisa alguma que um 486 não possa fazer. A única diferença é o desempenho. Simplificando: atualmente, para todos os efeitos práticos, um Pentium é pouco mais que um 486 mais rápido. E, mesmo quando forem desenvolvidos aplicativos para aproveitar as características novas do Pentium e os programas atuais forem recompilados e otimizados para ele, a única coisa que vai mudar será, ainda, o desempenho: o Pentium deixará de ser um 486 mais rápido e passará a ser um 486 muito mais rápido. Como o Pentium não introduziu nenhum modo novo de operação da CPU nem nenhuma mudança revolucionária, toda a diferença de custo vai por conta da velocidade de processamento.

O problema é que quem compra um Pentium agora pagará não somente pelo melhor desempenho, mas também pela novidade. O que faz a diferença de preço entre um Pentium e um 486 ser inteiramente des-proporcional ao aumento de performance. Portanto, se você não for um maníaco por velocidade com muito dinheiro no bolso ou se não precisar desesperadamente de uma máquina excepcionalmente rápida, espere um pouco antes de comprar um Pentium. Talvez dentro de um ano, perdido o sabor da novidade, valha a pena.

Então voltamos ao velho dilema: 386 ou 486. Que cada dia fica mais fácil: se possível, vá de 486. E é simples entender porque.

Um 486 é essencialmente um 386 com cache de memória de 8K e um processador matemático internos. O cache acelera tremendamente o desempenho geral. O coprocessador matemático acelera apenas o dos programas que fazem uso dele. Portanto, também aqui a diferença básica é o desempenho: um 486 é um 386 mais rápido. Só que, nesse caso, a situação se inverte: como o 486 já não é mais novidade, a diferença de preço também é desproporcional à de desempenho, mas no sentido oposto: a de preço é muito menor que a de desempenho.

Simplificando: um 486 faz (quase) tudo o que um 386 é capaz de fazer, só que mais depressa. E, nesse caso, ao contrário do Pentium, a diferença de preço é mais que compensadora. Portanto, repito: se a grana der, não hesite: fique com o 486, que compensa.

Por outro lado, como os tempos andam bicudos e o dinheiro escasso, se você pretende usar sua máquina predominantemente para edição de textos e joguinhos, tudo bem: fique mesmo com um 386. Em princípio, você não se privará de nada essencial: com exceção dos programas que exigem um coprocessador matemático (veja o próximo parágrafo), todos os demais aplicativos, sistemas operacionais e interfaces gráficas que rodam no 486 rodarão no seu 386, só que mais devagar. Mas, se decidir pelo 386, rejeite qualquer coisa abaixo do 386DX/40. Evite os chips 386SX e os de frequência de operação inferiores a 40MHz. Um 386DX/40 já está suficientemente barato para ser considerado como patamar mínimo.

Há, como disse, uma situação em que o 386 sozinho não é capaz de dar conta do recado: se você precisa rodar programas que exigem um coprocessador matemático, como o AutoCad e outros que fazem uso intensivo de funções matemáticas complexas, necessitará ou de um 486, que já incorpora seu processador matemático interno, ou de um 386 acoplado a um coprocessador matemático independente como o 387 da Intel. E aí ha que se examinar duas hipóteses: se você já tem seu 386 e precisa de um coprocessador, não é necessário trocar a máquina: é mais barato comprar um 387 e encaixá-lo no soquete correspondente da placa mãe. Mas se você vai comprar uma máquina nova, não faz sentido comprar um 386 com coprocessador: compre logo um 486, que sai mais em conta e você ainda leva de brinde o cache interno, vantagem nada desprezível.

Finalmente, uma advertência: cuidado com os 486 que trazem estampado um brilhante "486" no chip mas que não têm coprocessador ou cujo cache interno é menor (o cache do 486 da Intel é de 8K, mas o da Cyrix, por exemplo, é de apenas 1K, o que faz uma diferença significativa no desempenho). São mais baratos, mas a performance é bastante inferior. Se o custo não for absolutamente prioritário (a diferença não é absurdamente grande) evite, inclusive, o 486SX da Intel, com cache é de 8K mas sem coprocessador matemático.

Bem, parece que, no que toca à CPU, só faltou mencionar a freqüência de operação, ou "velocidade". Sobre os 386, já falamos: as placas mãe 386 andam tão baratas, que a diferença de preço não poder ser grande. Portanto, prefira a mais rápida, de 40MHz.

Já no que diz respeito ao 486, as conversas são outras. Para começar, pode-se escolher entre os 486DX e DX2. A diferença é simples: um 486DX2/66 é na verdade um chip de 33MHz que dobra a freqüência quando executa operações internas. Simplificando: ele trabalha internamente a 66MHz mas acessa memória e periféricos a 33MHz. Incidentalmente: até o segundo semestre deste ano, quando a Intel deverá lançar o DX3/99, que triplicará a frequência de operação interna, o DX2/66 é o de melhor desempenho do mercado. Dos DX, o mais rápido é o 486DX/50, de 50MHz, que executa tanto as operações internas quanto os acessos à memória a 50MHz. Porém, com os chips de memória disponíveis, há que se usar tantos estados de espera que, francamente, não compensa. Se você quiser um chip de desempenho razoável e não demasiadamente caro, fique com o 486DX/33, de 33MHz (menos que isso talvez não valha a pena pagar por um 486). Se quiser o topo da linha, fique com o DX2/66.

E semana que vem tem mais...

B. Piropo