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14/02/94
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Micros > |
Volta e meia, principalmente depois que publiquei aqui mesmo na Trilha Zero que a ocasião é boa para comprar micros, alguém me pergunta que micro comprar. E a resposta não é fácil. Porque, afinal, um micro é uma ferramenta e, como toda ferramenta, deve se adequar à tarefa que se pretende executar com ela. Um exemplo clássico, e nem por isso menos válido, é o do cara que compra um Pentium para administrar sua conta bancária. Ele está jogando dinheiro fora, mesmo que a conta bancária seja do tamanho da do Bill Gates - se bem que, nesse caso, jogar dinheiro fora não faça muita diferença. Por outro lado, pensando bem, quem joga dinheiro fora jamais terá uma conta bancária do tamanho da do Bill Gates. Mas, divagações e maledicências a parte, sempre há regras gerais para se fazer uma boa escolha. Então, a partir de hoje, vou começar uma série com algumas sugestões bastante genéricas para orientar aqueles que pretendem comprar um micro. Será uma longa série e sei que estarei pisando terreno escorregadio e navegando em mares tormentosos. E a razão é simples: cada caso é um caso e não existem regras que se apliquem a todos. Pior: muito do que vai ser discutido aqui é puramente questão de preferência pessoal. E gosto, como se sabe, não se discute. Como vou quebrar essa regra, sei que choverão reclamações e veementes discordâncias. Por isso, antes mesmo de começar, vamos esclarecer o seguinte: O que vocês lerão aqui sobre a escolha de um micro está baseado na minha experiência e, sobretudo, nas minhas preferências pessoais. Que podem, perfeitamente, ser diferentes das vossas. E mais: sou falível e sujeito a enganos como qualquer outro. Logo, por mais veemente que eu possa parecer, não tomem minhas opiniões como lei, mas tão somente como meras sugestões que podem ou não ser seguidas. Por outro lado, são opiniões de quem passou a maior parte dos últimos anos fazendo uso intensivo de micros, freqüentando feiras e coletivas, recebendo releases sobre os últimos lançamentos da indústria e lendo um bocado de revistas, livros e mais um monte de literatura especializada. E procura sempre se manter atualizado sobre novidades e tendências. Portanto, devem ter algum valor como orientação geral. Isto posto, vamos começar pelo começo, como convêm: micro de mesa ou portátil? Na minha opinião, quando posta nestes termos, na base do "ou", só cabe uma resposta: de mesa. Micros portáteis, os chamados notebooks, são excelentes como segunda máquina. Mas para quem pretende ter um só, exceto raríssimas exceções, não há como ser de outra maneira: o micro deve ser de mesa, um "desktop". Não, certamente não tenho nada contra os notebooks. Recentemente trabalhei com um deles, um soberbo 486 da Compaq com vídeo em cores com o qual, na solidão de um quarto de hotel a centenas de quilômetros de casa, varei madrugada produzindo um relatório para ser discutido na manhã seguinte. Sem o notebook, eu estaria liquidado. Graças a ele o relatório foi impresso imediatamente antes da reunião onde deveria ser apresentado. E foi um sucesso. Mas ter um notebook como único micro tem sérios inconvenientes. A começar pelo mais importante, na minha opinião: falta de flexibilidade, dificuldade de expansão. Sei que, hoje, o padrão PCMCIA permite agregar quase qualquer coisa a um notebook, desde CD-ROMs até placas de som, passando por placas de rede, discos rígidos removíveis, modems e mais um monte de quinquilharias. Mas os custos desses penduricalhos para notebooks ainda são altíssimos, em média mais do dobro do preço do mesmo periférico para um desktop. E mais: por enquanto, sendo pouca a padronização e quase tudo proprietário, depende-se muito do fabricante. E só há duas alternativas: compra-se um micro de "nome" pagando quase o dobro do preço de uma máquina com as mesmas características de uma companhia desconhecida, ou compra-se uma máquina por um preço decente sem a menor garantia que o fabricante ainda existirá daí a dois meses. Quando for preciso expandir memória ou agregar um periférico, fazer o que? E, da forma como as coisas estão evoluindo, mesmo comprando o topo da linha de uma marca conhecida, quem garante que aquele modelo de milhares de dólares não será descontinuado dentro de alguns meses? Lembram dos primeiros laptops Toshiba, que maravilharam o mercado há poucos anos? Com vídeo LCD sem iluminação própria, sem disco rígido, uma mala (em mais de um sentido) pesadíssima? Custavam mais de dois mil dólares. Não havia maneira de expandi-los (podia-se ligar um HD via porta serial, mas só o HD proprietário custava mais caro que um desktop). Hoje, tem gente querendo vender uma tralha daquelas por duzentos dólares e não acha comprador. Para os desktops, em contrapartida, quase todo o dia sai algo novo. Placas de som, drives CD-ROM, modems de alta taxa de transferência. E a preços cada vez mais baixos. Tudo o que é necessário para trocar qualquer periférico pela última novidade é uma chave de fenda. Sem mencionar que, em último caso, quando a máquina estiver definitivamente ultrapassada, pode-se trocar até a placa mãe. Esse micro que vos fala já foi quase tudo, desde XT até o atual 486. Do primeiro, é verdade, nada sobrou. Só discos rígidos, passaram por ele mais de dez, de diferentes tipos e capacidades. Mas gabinete, fonte, e teclado, um soberbo Northgate metálico, me acompanham desde os tempos do 286. E ainda, quem sabe, enfeitarão um Pentium. Tente fazer o mesmo com um notebook... Então, se você precisa mesmo de um notebook, compre um. Mas, se possível, faça dele seu segundo micro. Em vez de "notebook ou desktop", junte o melhor dos dois mundos e fique com "notebook e desktop": se a grana der, compre um desktop e use o portátil apenas quando precisar de mobilidade e portabilidade. Tanto é assim que o próprio DOS, desde a versão 6.0, incorporou o InterLink, um programa cuja função básica é transferir arquivos entre micros. Concebido justamente para aqueles que têm um notebook e um desktop e desejam manter os arquivos de ambos em sincronia. Se tiver que optar, exceto se o notebook for absolutamente indispensável, dê preferência ao desktop. É melhor e mais barato. Viu, Jordão? Ah, e para não dizerem que não falei de carnaval: Evoé, Momo... PS: Desta vez sou eu quem precisa de ajuda: herdei um HD Conner IDE CP30084E de 81Mb sem manual e não consigo configurá-lo como slave. Será que alguma alma caridosa poderia me passar a localização e configuração dos jumpers para usá-lo como segundo HD? B. Piropo |