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17/01/94
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Depois que passei a abusar da paciência de vocês toda segunda-feira escrevendo essa coluna, tornei-me o amigo "que entende de computador" de meus amigos. Mesmo daqueles que já me conheciam há anos, mas até então encaravam meus palpites sobre suas máquinas com indisfarçável desconfiança. O engraçado é que não passei a entender mais nem menos. Minto: como desde então minhas horas de lazer acabaram, tive que me abster de programar, justamente a mais lúdica das atividades micreiras. Portanto, provavelmente entendo menos, pois nada melhor que um bom programa assembly para desnudar as mais recônditas entranhas do micro. Mas a natureza humana é assim mesmo: desde que virei B. Piropo, volta e meia um amigo me pede orientação sobre os mistérios da informática. Os que cometeram o ato heróico de acordar antes das dez da manhã de sábado para assistir meu quadro no Informática & Negócios da TV Manchete já notaram que não sou propriamente um garotão. Ainda não cheguei ao estágio de velho gaiteiro, mas digamos que já entrei naquela fase em que se é chamado de "tio" pelos flanelinhas. A maioria dos meus amigos está na mesma faixa e muitos me perguntam como iniciar os filhos nos mistérios da informática. Por que os filhos, e não eles mesmos? Bem, parece que a os coroas se acham velhos demais para aprender algo assim tão moderno. Não adianta explicar que eu mesmo só virei micreiro muito depois dos quarenta: pensam que sou a exceção que confirma a regra. Pois não sou. Agora mesmo tenho em mãos uma mui simpática missiva. Vem de Rio das Ostras, do Alberto Jorge Pereira Meireles, diretor da Alternativa Casa-Escola. Não conheço o Alberto nem sua escola, mas já simpatizei com o cara. Disse "cara"? Errei: é coroa. Nosso intimorato amigo Alberto já passa dos quarenta. Vejam lá sua carta: "Particularmente eu, já com 47 anos, comprei há um ano um XT em segunda mão para iniciar um processo de informatização da secretaria, jurando que o computador seria para meus filhos e os alunos da escola e hoje confesso ser um dependente". Ah, Alberto, eu sei exatamente como você se sente. E, em sendo assim, de dependente para dependente, mostremos a esse bando de coroas medrosos que micro não é mistério e vamos às suas dúvidas: O Alberto pretende comprar um micro multimidia para iniciar o processo de informatização da escola e ser usado pelos alunos, o que mostra ser pessoa de horizontes mais amplos que os pseudo educadores que tratam o micro como bibelô e não deixam os alunos chegarem a menos de dez metros. Pergunta se eu aprovo a configuração, um PS/2 Multimidia 486 com 8Mb de RAM, HD SCSI 212Mb, monitor touch-screen, CD-ROM, placa de som e de captura de vídeo. É uma máquina e tanto, Alberto. Mas, como tudo na vida, tem seus prós e contras. Menos contras do que prós, penso eu, e sem dúvida é perfeitamente adequada para as aplicações multimidia. Mas comprá-la ou não depende do preço. Portanto, você decide. Bug, Alberto, é um defeito em um programa. Qualquer defeito. Reza a lenda que o termo vem da época em que programas eram feitos "na marra", fechando circuitos entre os terminais de um painel. Certo dia um programa passou a se comportar de maneira estranha, ora funcionando corretamente, ora não. Depois de muito trabalho, descobriu-se que um inseto, ou "bug", passeava pelo painel, fechando circuitos elétricos ao acaso e modificando o programa. O inseto já morreu há muitos anos, mas sempre que Windows gera um GPF ou que o OS/2 pendura, ainda põem a culpa no pobre bicho. EMBMEM é um parâmetro utilizado pelo seu gerenciador de memória para limitar o tamanho máximo da memória estendida que um programa pode transformar em memória expandida. Seu uso não é muito comum: em geral ele só é incluído quando o gerenciador de memória detecta Windows rodando no modo real. O que, em sua máquina, talvez esteja acontecendo, já que você não consegue rodar o Smartmon.Exe sem receber uma mensagem de violação do sistema. Verifique: carregue Windows, clique em "Help" do menu do Program Manager e clique em "About Program Manager". Se no quadro que então se abre aparecer "Standard Mode", bingo. Agora, saber porque Windows não está entrando no modo Enhanced em um DX-40 com 4Mb de RAM é outra história. Tente forçá-lo carregando Windows com a linha de comando "WIN /3". Se não funcionar, lamento, mas vai ser difícil descobrir a causa sem mais detalhes sobre a configuração. Qual é "a melhor impressora a jato de tinta", não sei, Alberto. Mas a PC Computing de junho do ano passado elegeu a Canon BJ200, seguida da DEC Multijet 1000 e da Epson Stylus 800 como as melhores. A mais popular, a HP Deskjet 500, vinha em sétimo lugar. Finalmente, seu "problema sério". Que, afinal, não é tão sério assim. Você tem em seu HD mais de 2Mb de arquivos recuperados com undelete. Agora não consegue removê-los, porque toda a vez que tenta o XTree responde que o disco foi mudado. Isso acontece porque, no processo de "desapagamento" com o undelete, você entrou com um caractere ilegal para o nome do arquivo. Não sei qual é o caractere, mas garanto que ele lá está: provavelmente é o ponto-de-interrogação inicial que foi indevidamente aceito pelo undelete, mas pode ser um espaço ou qualquer outro que o DOS não aceite em nomes de arquivo. Toda a vez que o XTree tenta acessar um arquivo de nome ilegal responde com essa mensagem estranha. Mas não se preocupe, que o problema tem solução. Você vai precisar de um editor de discos, como o Norton ou o PCTools. Edite o setor do HD que armazena o diretório onde estão os arquivos renitentes (não o setor ou setores dos arquivos, mas o setor onde está seu diretório). Substitua apenas o caractere ilegal de cada nome de arquivo por qualquer outro, desde que legal: afinal, você vai mesmo apagar os arquivos. Depois, grave o setor modificado, saia do editor de discos e volte para o XTree. Você vai ver que assim que você mandar apagá-los eles desaparecerão de seu disco. Pois é isso, Alberto. Vá em frente: você verá que micro não somente não é bicho de sete cabeças como vai encher de novos prazeres sua vida. Aliás, atrevo-me mesmo a dizer que você começou na idade certa. Quanto ao seu amabilíssimo convite para um fim de semana em Rio das Ostras, obrigado. Quem dera pudesse aceitar. Afinal, é justamente nos fins de semana que eu assumo minha identidade secreta de B. Piropo para escrever essas bobagens. Sem fim de semana no micro, adeus Trilha Zero... B. Piropo |