Anteriores:
< Trilha Zero > |
|
|
08/03/1993
|
< Evoé Momo!!! > |
Me amarro em carnaval. Acho que deveria haver um por mês. Assim que começa, abasteço a dispensa para garantir minha sobrevivência até que acabe. E não saio de casa. De quando em vez, ligo a TV, olho para aquela gente suada, aos trancos e empurrões, fazendo um esforço medonho para aparentar alegria em meio àquele barulho infernal, padecendo em um calor senegalesco, e fico ainda mais feliz de poder curtir em paz meu micro e meu ar refrigerado a plena carga. Quarta-feira de cinzas, para mim, é uma tristeza. Este carnaval foi especialmente divertido. Pois acontece que a principal atividade que ocuparia meu tempo foi adiada. Então pude me dedicar a meu passatempo predileto: experimentar programas sem compromisso. Coisa que já há muito não fazia, que só se pode dar ao luxo de usufruir do prazer de um passatempo quem dispõe de tempo para passar. E tempo é mercadoria escassa por estas bandas. Comecei brincando. Vocês se lembram da gata que o Mem de Sá botou no meu colo (infelizmente, apenas na ilustração da coluna) há algumas semanas? Pois agora eu e ela enfeitamos meu desktop. Foi fácil: capturei a imagem com um scanner, transformei-a em mapa de bits e plantei-a no desktop. Para usar uma imagem capturada com scanner, melhor editá-la. E, neste processo, aumentei minha intimidade com dois programas: Halo Desktop Imager e Freeze Frame. Halo Desktop Imager, da Media Cybernetics (representada pela XTEKS, tel 011-288-6978), é um programa que faz o diabo com imagens. Inclusive capturá-las diretamente com um scanner, já que traz drivers para mais de uma dúzia dos modelos mais populares. Mas também permite que imagens capturadas fora dele sejam editadas. E, principalmente, retocadas. As ferramentas de retoque são surpreendentemente fáceis de usar: uma barra de ícones - que pode ser movimentada pela tela - e um conjunto de menus suspensos oferecem ilimitadas oportunidades de mudar quase que qualquer aspecto da imagem. E tem um "undo" inteligente que desfaz mudanças sem alterar a imagem original. Uma beleza. Já FreezeFrame, da Delta Point (não conheço representante no Brasil, mas o telefone nos EUA é 001-408-648-4000), não é tão flexível para editar imagens. E nem era de se esperar que fosse, pois sua finalidade não é esta. Pelo menos no que toca a imagens grandes, já que um de seus módulos é um editor de ícones com recursos extraordinariamente sofisticados. Os outros três permitem exibir qualquer tipo de imagem, capturar telas e converter formatos gráficos. E trabalham juntos: pode-se capturar uma tela com um, visualizá-la com outro e converter seu formato com o terceiro. Que, em seu campo, é virtualmente insuperável. São, literalmente, dezenas e dezenas de formatos a sua escolha. Pegue uma imagem de seu disco em qualquer um deles, exiba-a e converta-a para qualquer outro. Sem precisar ser um expert no assunto: também Freeze Frame é extraordinariamente amigável. Ele e o Halo foram os responsáveis pela nossa inclusão (minha e da gata) no desktop. E já que era carnaval e tinha tempo, decidi matar minhas saudades do MSX. E fi-lo com o único programa gráfico decente que conheci para ele: o Graphos III, da ProKit. E não em um MSX, mas em um possante 486. Isto porque seu autor, Renato Degiovani, já desenvolveu a versão para PC. Que roda em CGA e VGA. O Renato é um excelente rapaz. Mas, como ninguém é perfeito, tem um feio desvio de caráter: é irremediavelmente viciado em assembly. Na verdade, conheci-o numa época em que também eu era ligado nessas coisas. Pecados da juventude, bem sei. De fato, ele foi meu professor. Brava turma: aprendemos assembly para MSX (deus meu, as coisas que a gente aprende nessa vida!). Nunca usei, é claro: logo depois cheguei à sábia conclusão que MSX não dava camisa à ninguém me bandeei com armas e bagagens para a tribo dos PC. Mas o curso valeu: graças a ele aprendi sozinho assembly para PC e fiz preciosos amigos. O assembly, mesmo o do PC, jamais serviu para grande coisa. Mas os amigos me valerão sempre. Você se lembra do MSX? Pois o Graphos III continua o mesmo. Só não exatamente o mesmo porque melhorou. Para quem nunca teve MSX: trata-se de um programa gráfico. Na verdade, um editor de telas operado por meio de menus acessíveis através das teclas de função. E usa mouse. Permite fazer uma porção de gracinhas, inclusive manipular textos. Como trabalha apenas em telas gráficas, traz um editor de alfabetos que você mesmo pode modificar, caso não goste das fontes que o acompanham. E usa os mesmos bons e velhos shapes do MSX, ou seja, figuras que você pode criar e movimentar pela tela. Algo assim como ícones móveis. Por enquanto (e se bem conheço o Renato, somente por enquanto) o programa vai apenas até a resolução VGA de 640x480 pixels - passando, é claro, por todas as menores, inclusive as do padrão CGA. Embutida no Graphos III vem uma linguagem de programação muito simples, a Topview, que permite fazer animações usando shapes. O manual é um programa executável criado pelo próprio Graphos III. Um primor, todo em telas gráficas. Vale a pena experimentar. Se quiser, entre em contato com o Renato Degiovani na ProKit Informática, Caixa Postal 108046, Niterói, CEP 24121-970. O programa - que não é protegido - me pareceu a ferramenta ideal para se desenvolver um pequeno tutorial animado sobre qualquer assunto ligado a micros. Mas não espere um filhote de Animator com AutoCad: afinal, este vai lhe custar pouco mais de vinte dólares. Que mal paga os custos de reprodução, embalagem e postagem. Desenvolver aplicativos no Brasil é duro, minha gente. Eu disse minha gente? Desculpem. Mas até que, nesse contexto... B. Piropo |