Escritos
B. Piropo
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23/09/1991

< Uma Configuração Elementar >


Bem, vamos nos por de acordo em que todo PC que se preze deve ter dois arquivos especiais, Config.Sys e Autoexec.Bat. Necessariamente no diretório raiz, onde o sistema operacional irá procurá-los durante o procedimento de partida, ler seus comandos um a um e configurar a máquina de acordo com o que lá encontrar. Isto posto, vejamos qual deve ser o conteúdo desses arquivos para a configuração mais elementar do micro. Começando pelo Config.Sys: muita coisa cabe nele. Mas, penso eu, há um comando absolutamente essencial que não deve faltar em nenhum micro patrício.

Seguinte: já reparou como é chata essa teima do DOS em mostrar a data começando pelo mês? É que os nossos grandes irmãos do norte escrevem data assim. Mas cá nas terras tupiniquins é diferente. Não seria melhor que o dia viesse primeiro? Pois tem jeito. Basta usar o comando "country", que serve justamente para isso - além de muitas outras coisas que serão discutidas ao examinarmos as chamadas "páginas de código". Seu objetivo é selecionar formatos de alguns parâmetros conforme o modo como são usados em diferentes países. Assim, além da forma como data e hora são mostradas, afeta diversos outros parâmetros. Mas isto é papo pra mais tarde: por enquanto vamos ficar só no feijão com arroz. Para selecionar um país, usa-se o código telefônico internacional do dito cujo. Bem pensado, pois não? O do Brasil é 055. Mas se você preferir, pode usar o de Portugal - que fala (quase) a mesma língua. Verifique se o arquivo Country.Sys está no seu diretório raiz (se não estiver, copie-o para lá), ponha em seu Config.Sys a linha:

country=055 (ou country=351)

e depois que o sistema for carregado emita o comando "date". E veja lá a data começando pelo dia. E como por enquanto estamos no mínimo indispensável, isso basta para um Config.Sys elementar. Passemos para o Autoexec.Bat.

Ao contrário do Config.Sys, cujos comandos, em sua maioria, só podem ser usados dentro dele, no Autoexec.Bat você pode incluir qualquer comando aceito pelo DOS - inclusive nomes de programas, que serão carregados e executados. Comparando-o com um arquivo de comandos comum, de extensão .Bat, a única diferença é que ele é automática e imediatamente executado após a carga do sistema. O que é excelente para carregar programas residentes. Mas não só para isto: nas próximas semanas vamos ver alguns comandos cujo local ideal é justamente o Autoexec.Bat.

Pois bem, se você tem um disco rígido, seguramente ele deve estar dividido em subdiretórios. A estrutura em diretórios foi uma necessidade criada com o advento dos discos rígidos e sua enorme capacidade de armazenamento. Se não houvesse uma forma organizada de separar arquivos em grupos correlatos a vida do micreiro seria uma perpétua babel: por exemplo, em meu HD há mais de três mil arquivos. Como gerenciá-los sem subdiretórios? E o problema não é só o número: use um utilitário capaz de localizar arquivos procurando em todo o disco, como o File Finder do Norton Utilities, e veja o número surpreendente de arquivos "Read.Me" que você tem em seu HD (eu tenho quatro "Read.Me", seis "Readme" e sete "Readme.Txt"). Como gravá-los com o mesmo nome sem subdiretórios?

Mas a divisão em subdiretórios não é útil apenas para você se organizar: ajuda também ao DOS. Pois na época em que não havia discos rígidos e o disco de maior capacidade de armazenamento se restringia a 360K, tudo era muito simples. Você pedia para carregar um programa: se ele estivesse no disco, tudo bem; se não, o DOS dava aquele aviso irritante de "comando ou arquivo inexistente" e temos conversado. Copiar e apagar arquivos era igualmente simples: copiava-se para o disco e apagava-se do disco. Mas com os HD, a coisa é diferente. Voltando ao exemplo lá de cima: imagine que você quer apagar um daqueles arquivos Readme. Já pensou que desastre se, ao fazê-lo, o DOS apagasse todos os demais Readme do disco? Pois para evitar este tipo de acidente convencionou-se que alguns comandos que afetam arquivos valem apenas para o "diretório corrente", como se ele fosse um disco independente.

E qual é o "diretório corrente"? É aquele em que você "está". Pois o DOS permite que você se movimente na árvore de diretório saltando de galho em galho como um macaco. Como? Tudo bem, sem ofensa. Digamos, um pássaro. E criou um comando especialmente para isto, o "chdir" (de "Change directory", ou "troque de diretório" em inglês, comumente abreviado para "cd"). Se você está no diretório raiz e quer apagar o arquivo readme que está no subdiretório "texto" do diretório raiz, pode fazer isto indo para lá com o comando:

cd texto

e, dentro dele, apagar apenas seu arquivo Readme com o comando

delete readme

E todos os demais "readme" permanecerão intocados, pois somente o do diretório corrente será apagado.

Considerando-se que muitos comandos agem apenas sobre os arquivos do diretório corrente, é essencial que o usuário sempre saiba qual é ele. Em outras palavras, o sistema deve fornecer um meio de informar permanentemente em que ponto da árvore de diretórios se "está", pois depois de umas tantas trocas fica fácil esquecer onde se foi parar. E para isto usa-se comando "prompt".

A palavra "prompt" tem dois significados: um deles é um nome de comando, que logo discutiremos. Outro, diz respeito à maneira que o sistema operacional lhe avisa que está pronto para receber o próximo comando. Ele faz isto exibindo o cursor piscando em frente à alguma coisa. Por que "alguma coisa"? Porque você pode botar praticamente o que quiser antes do cursor, justamente usando o comando "prompt". Se você não incluiu o comando em seu Autoexec.Bat ou não o digitou da linha de comando, antes do cursor aparece apenas o designador do drive corrente, ou seja, a "letra" do drive seguida de dois pontos. O ideal é que aparecesse também a via do diretório corrente. Pois é isto que faremos.

Como no caso do "country", o comando "prompt" serve também para outros fins que serão discutidos mais tarde. Mas como ainda estamos no básico, vamos ficar por aí. O que importa é que, das muitas opções que nele podem ser incluídas, uma delas permite ordenar que a cada vez que o DOS apresentar o prompt informe qual é o diretório corrente. Basta incluir no seu Autoexec.Bat a linha:

prompt $p$g

O $p ordena ao DOS que mostre no prompt a "via de diretório" (ou "path", por isso o "p"). E o que é a via de diretório? Ela é tão importante que já dedicamos uma Trilha Zero só para ela, de modo que não vamos descer a detalhes. Mas seu significado é simples: é a via, ou caminho, que leva desde o diretório raiz até o diretório corrente, inclusive. Portanto, com aquele comando no Autoexec.Bat, basta olhar para o prompt para saber onde estamos. E o $g ordena ao sistema que exiba, adiante da via de diretório, o sinal ">", ou "maior que" (em inglês, "greater", por isto o "g"), como se estivesse apontando para o cursor.

Bem, se você não tinha Config.Sys nem Autoexec.Bat, agora tem ambos. Modestos, uma única e solitária linha em cada um, mas para quem não tinha nenhum já é um começo. A partir da próxima semana vamos começar a examinar com mais detalhes os comandos usuais que neles podem ser incluídos. Você vai ver como eles vão engordar...

B. Piropo