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13/05/1991
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O Command.Com do DOS tem sido a interface padrão com o usuário nesses dez anos de vida do PC. E tem se saído relativamente bem, graças a sua flexibilidade. E grande parte dela pode ser atribuída aos chamados arquivos em batelada, aqueles com extensão .Bat. Pois acontece que um dia alguém percebeu que a vida do micreiro, como a do homem casado, é repetitiva. Procedimentos iguais refeitos vezes sem conta. Executar o mesmo ritual a cada vez que senta em frente ao micro. E, no final da sessão de trabalho, a mesma batelada de comandos. Porquê não automatizar esse procedimento? Essa idéia fez nascer os arquivos .Bat, do inglês "batch", que significa, justamente, batelada. Eles não passam de um arquivo texto, quer dizer, uma série de linhas de texto escritas com um editor. Cada linha é um comando que o DOS reconhece. Qualquer um: desde o nome de um programa executável, até o prosaico "DIR". E se você comandar o nome de um desses arquivos, sem a extensão, o DOS vai lê-lo e executar obedientemente todos os comandos ali contidos, na ordem em que estão escritos. Tudo o que você precisa para criar uma dessas pequenas maravilhas é um editor de textos que não inclua caracteres de formatação nos seus arquivos. Edite um texto em que cada linha corresponda a um comando. Grave-o com qualquer nome, e dê-lhe a extensão .Bat. Pronto: o arquivo em batelada está feito. Digite seu nome, sem a extensão, e tecle ENTER. E veja o DOS executar um a um os comandos ali contidos. Muito prático para automatizar procedimentos. Por exemplo: para serviços rápidos de edição de textos, eu costumo usar o editor "embutido" no XTree, um excelente utilitário ao qual recorro com frequência. Mas que não usa caracteres acentuados. Para contornar esse inconveniente, eu emprego um acentuador residente. Resultado: sempre que uso o XTree, tenho antes que carregar o acentuador. Se não existissem os arquivos .Bat, eu teria que digitar dois comandos: o que carrega o acentuador e em seguida o que chama o XTree. Nada que me mate de cansaço, evidentemente. Mas as vezes eu esquecia de carregar o acentuador. Fiz então um arquivo em batelada, que chamei de Xt.Bat, com apenas aqueles dois comandos. Me poupa algum trabalho, automatiza o procedimento e, principalmente, garante que toda a vez que o XTree for carregado, o acentuador lá estará para lhe dar suporte. Os arquivos em batelada são ótimas ferramentas. Principalmente ao começarmos uma jornada de trabalho. Pois de todos os procedimentos repetitivos, há um que é garantido ocorrer com qualquer micreiro: o que é executado a cada vez que se liga a máquina, aquela "arrumação da casa" para fazê-la ficar do jeito que a gente gosta. Um pequeno ritual de comandos sempre iguais. E esse ritual é tão comum que, dentre todos os arquivos .Bat, existe um especial que tem a notável propriedade de executar a si mesmo. E que, exatamente por isso, se chama Autoexec.Bat. Pois da mesma forma que foram incluídos no procedimento de partida do DOS os comandos para procurar no diretório raiz do disco de sistema pelo arquivo Config.Sys, incluiu-se também os que o fazem buscar pelo Autoexec.Bat. E, se ele lá estiver, a executá-lo. Existe, porém, uma sutil diferença entre ambos: enquanto o primeiro é incorporado durante a carga do DOS - e por isso, tudo que lá está fica sendo parte integrante do sistema operacional - o último é executado imediatamente após a carga. E isso nos dá mais uma "caixa postal" para passar instruções ao DOS: basta gravar no diretório raiz do disco de sistema um arquivo com os comandos a serem executados logo após a partida e chamá-lo de Autoexec.Bat. Ao contrário de seu irmão Config.Sys, que aceita apenas alguns comandos limitados, o Autoexec.Bat é muito mais flexível: qualquer coisa que possa ser digitada da linha de comando pode ser incluída nele. O que nos propicia um meio perfeito para automatizar o procedimento de partida. E quais são os fregueses ideais para o Autoexec.Bat? Tudo aquilo que é executado uma vez, e de preferência uma única vez, em cada sessão de trabalho. Por exemplo: instalar programas residentes, daqueles que permitem imprimir arquivos enquanto se está fazendo outra coisa, como o PRINT do DOS, ou que são chamados com uma dada combinação de teclas no meio da execução de outros, tipo SideKick. Ou ainda para carregar os programas que servem para gerenciar os demais, como o SHELL, fornecido a partir da versão 4,0 do DOS, o excelente DesqView ou o ultimamente tão discutido Windows. Mas há três ou quatro comandos que devem sempre constar de qualquer Autoexec.Bat que se preze. Pois mesmo sendo possível entrar com eles a qualquer momento, o ideal é que sejam executados logo no início da sessão de trabalho. Um deles está ligado ao ajuste da hora e data nos XT. Nas máquinas tipo AT há um relógio interno acionado a bateria na placa mãe, a placa onde está a unidade central de processamento, que ajusta data e hora do sistema ao se ligar o micro. As máquinas tipo XT, entretanto, não foram concebidas com essa facilidade. E toda a vez que são ligadas pedem ao usuário que entre com a hora e data para atualização. O que é, no mínimo, uma chateação. Para contornar esse inconveniente, a maioria da placas de Entrada/Saída para XT são fornecidas com um relógio. Mas que, por não estar integrado ao sistema como o do AT, não é capaz atualizá-lo: é necessário que isso seja feito através de um programa. Que chama-se, naturalmente, Timer.Com. E que aceita algumas opções. Se você comandar TIMER /I, vai receber um prompt para "acertar" o relógio. Mas com TIMER /S o programa "lê" os dados no relógio e "passa" esses dados para o sistema. A essa altura, você já percebeu que a atualização da data e hora é o primeiro cliente preferencial do Autoexec.Bat de todo possuidor de um XT com relógio na placa I/O, pois não? Copie o programa Timer.Com no diretório raiz do disco de sistema e inclua a linha TIMER /S em seu Autoexec.Bat. E desde então, toda a vez que a máquina for ligada, ela gentilmente atualiza para você a data e a hora do sistema. Simpático, não? E há outros fregueses igualmente interessantes para o Autoexec.Bat. Mas antes de examiná-los, vamos ter que conversar um pouco sobre um novo conceito, a árvore de diretórios. Que será nosso próximo assunto. B. Piropo |