Escritos
B. Piropo
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06/05/1991

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Muitos micros são usados apenas como uma espécie de máquina de escrever eletrônica. Usam o sistema operacional para carregar um editor de textos, a porta paralela para se comunicar com uma impressora, e temos conversado. E cumprem suas funções de forma incrivelmente eficiente.

Outros, são verdadeiras oficinas de artes gráficas. Usam um elaboradíssimo programa de editoração eletrônica e uma parafernália de coisas penduradas em suas placas. Mouse e caneta ótica como apontadores, modems e faxes para receber dados, placas para digitalizar imagens de vídeo e scanners pra captura de imagens em papel. E também funcionam muitíssimo bem.

Esses componentes que permitem a comunicação com a máquina são os dispositivos de entrada e saída, "I/O devices" ou, para os íntimos, simplesmente dispositivos. Incluem os prosaicos teclado, vídeo e discos, além das pequenas maravilhas eletrônicas citadas acima. E há outros. Muitos outros. Teclados sonoros e placas MIDI que transformam seu pacato XT em um incrementadíssimo sintetizador, plotters capazes de executar elaborados desenhos técnicos, mesas digitalizadoras e máquinas fotográficas que produzem imagens digitalizadas, tudo, enfim, que a fértil imaginação dos magos da eletrônica for capaz de transformar em um sinal digital.

Todos esses dispositivos se comunicam com a máquina através do sistema operacional. E cada um deles usa um "pedaço" especial do DOS, um programa de controle incorporado ao sistema que se chama gerenciador de dispositivo, ou "device driver".

Alguns desses drivers já vêm "embutidos" no DOS, pois presume-se que façam parte da maioria das máquinas. Vídeo, teclado, discos e portas paralela e serial são exemplos típicos. Mas já vimos que não seria viável incorporar todos os possíveis gerenciadores de dispositivos no DOS residente, carregado toda a vez que você liga a sua máquina: não somente é impossível prever qual será a próxima maravilha eletrônica que vão inventar para pendurar no seu XT, como esses drivers ocupariam desnecessariamente sua preciosa memória. Por isso o DOS desenvolveu uma forma de permitir que você carregue apenas aqueles que lhe serão úteis, "esticando" e "encolhendo" a utilização da memória na medida de suas necessidades. São os chamados gerenciadores instaláveis de dispositivos. Se precisa de um deles, você avisa ao DOS no momento em que a máquina é ligada. E o DOS obedientemente o instala para você. Senão, não. É simples assim. E você não gasta memória com o que não é necessário.

Como? De que forma avisar o DOS? Fácil: deixe uma mensagem para ele no local combinado. Que local? Ora, no diretório raiz de seu drive C: - ou no disquete que você usa no drive A: para carregar o sistema ao ligar a máquina. Se eu tenho certeza que ele vai ler sua mensagem? Claro. Basta que você obedeça as regras acertadas: armazene-a em um arquivo chamado Config.Sys, linha a linha. Cada vez que você ligar o micro o DOS, como parte da interessante ginástica que faz nessas ocasiões, vai procurar em sua caixa postal - o Config.Sys - quais são suas ordens. Lê e obedece, carregando todos os drivers que você desejar. E se põe à sua disposição, do jeito que você ordenou.

O Config.Sys é um arquivo muito especial. É a forma que o DOS reservou para se comunicar com o usuário, permitindo que ele personalize seu sistema. É um arquivo texto, isso é, consiste de linhas escritas com um editor de texto e é lido linha a linha como parte do procedimento de partida. Cada linha é um comando. E ele é tão especial, que com exceção de "break", todos os demais comandos que podem aparecer nesse arquivo são de seu uso exclusivo, isso é, não podem ser digitados da linha de comando do DOS.

O Config.Sys ajusta diversos parâmetros importantes em seu sistema personalizado. O comando "break" permite controlar a frequência com que o DOS verifica se você teclou Ctrl + C. Os comandos "buffers", "files" e "fcbs" regulam a transferência de informações de e para discos, enquanto "drivparm" e "lastdrive" permitem simular a existência de drives lógicos com características diferentes dos seus drives físicos. O comando "shell" permite carregar um processador de comandos diferente do Command.Com ou alterar o tamanho da memória reservada para o "ambiente" - muito útil quando você começa a receber mensagens do tipo "Out of environment space" e "country" controla, entre outras coisas, o formato pelo qual o sistema mostra a data e hora. Ponha no seu Config.Sys o comando COUNTRY=351 e o DOS perde aquela mania chata de exibir a data começando pelo mês. Há outros de menor interesse.

Mas certamente a maior vantagem do Config.Sys é a flexibilidade que ele dá ao DOS, permitindo selecionar os gerenciadores de dispositivos que se deseja instalar. Essa pequena mágica é feita com o comando "device". Para instalar, por exemplo, o driver do seu mouse - geralmente armazenado em um arquivo denominado Mouse.Sys - ponha esse arquivo em seu diretório raiz e inclua a linha:

device=mouse.sys

em seu Config.Sys. E dê uma nova partida - pois não se esqueça que o DOS lê esse arquivo apenas durante o procedimento de partida. Desse ponto em diante o driver estará instalado, isso é, passará a fazer parte do sistema operacional. E isso vale para qualquer dispositivo que tenha um gerenciador instalável.

Por isso, se você comprou sua máquina há pouco tempo, não se sinta tentado a apagar o Config.Sys, aquele arquivozinho aparentemente inútil, de seu diretório raiz. Nem ele, nem seu fiel escudeiro, o Autoexec.Bat, que logo discutiremos.

E se o fizer, não venha depois reclamar que "deu defeito" no mouse.

B. Piropo