Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >

07/02/2005

< O Google que se cuide... >

Se segura, malandro, que começou uma nova guerra.

Trata-se da guerra pelo mercado dos dispositivos de busca, hoje dominado pelo Google, responsável por 35% das buscas feitas na Internet, mas que já sente o peso da concorrência do remodelado Yahoo, com 32% e da MSN, com meros 16%. E, por pouco provável que pareça, é desta última que parte a maior ameaça.

A MSN está há cerca de três anos no mercado e detém 350 milhões de usuários. Seu sítio de notícias, conteúdo e buscas está disponível em 38 paises e 18 idiomas. Abocanha apenas 10% de um mercado publicitário de cinco bilhões de dólares anuais e acha pouco. Por isso, segunda-feira passada, lançou em 25 daqueles paises (cuja relação, ao menos por enquanto, não inclui o Brasil) uma página completamente remodelada. Mas as mudanças não foram apenas no “design”. A maior (mas não a única) foi justamente a do dispositivo de busca.

Até agora a MSN usava a tecnologia Inktomi, pertencente ao Yahoo. Mas, há cerca de seis meses, comprou a Lookout Software (veja em  
< www.microsoft.com/presspass/press/2004/jul04/07-16LookoutPR.asp >),
que detinha uma tecnologia proprietária para efetuar buscas em mensagens de correio eletrônico, e anunciou que iria incorporá-la à MSN. Parece que os esforços frutificaram pois, nos paises onde houve a mudança, a MSN acaba de anunciar o abandono da tecnologia Inktomi.

Mas não é só isso. Uma simples visita a < www.msn.com > mostra que muita coisa está diferente. A começar por um banner bem chamativo (mas que se reveza com dois outros) com a foto de Bill Gates em destaque. Clique nele e leia uma carta do próprio Gates endereçada aos usuários da MSN anunciando as mudanças. E isso é apenas o primeiro passo de uma brutal ofensiva publicitária a ser deflagrada nos próximos dias que, segundo a MS, deverá alcançar 90% das pessoas nos mercados afetados pela mudança.

E o que mais mudou? Bem, o novo formato da página inicial apresenta no topo uma caixa de entrada de dados onde se pode entrar com o quesito a ser pesquisado depois de escolher entre seis categorias: “ Web”, “News”, “ Images”, “ Music”, “ Desktop” (que efetua buscas em seu próprio computador para concorrer com o GoogleDesktopSearch) e “Encarta”. Para que se tenha uma idéia: no próprio sítio em inglês selecionei a categoria “ Music”, entrei com “Eu sei que vou te amar” e obtive onze acertos, inclusive três sítios de onde eu poderia adquirir por menos de um dólar o arquivo da canção interpretada por Caetano Veloso, pelo coral de David Sanchez ou pelo próprio Tom Jobim. E na categoria “ Images” entrei com “Juliana Paes” e obtive 13 fotos, inclusive uma em que ela está vestida (apenas) com um par de botas brancas que, fala sério, mesmo os que não são chegados a botas hão de ficar vivamente interessados.

A nova estratégia da MSN muda o próprio conceito de buscas na rede. Além de fornecer os atalhos (“ links”) para sítios que satisfazem os critérios da consulta, ela oferece respostas diretas. E para isso conta com a ajuda de sua enciclopédia Encarta e 40 mil artigos oferecidos gratuitamente pelo serviço de busca.

Uma visão geral da nova MSN pode ser obtida no próprio sítio da MS, em
< www.imagine-msn.com/search/tour/moreprecise.aspx >,
onde uma série de páginas procura esclarecer os conceitos básicos relativos às mudanças. E dá exemplos do tipo de buscas que a MSN espera receber, como “ Who shot Abraham Lincoln?” (Quem alvejou Abrahan Lincoln ?), “What is the mass of Jupiter?” (Qual é a massa de Júpiter ?), “What is a kinkajou” (O que é um macaco-da-meia-noite ) ou “Define punctilious” (defina meticuloso ). Além da possibilidade de efetuar buscas em linguagem corrente, a página de resultados, quando possível, vem encimada com uma definição e alguns atalhos que levam diretamente à Encarta. Por exemplo: o quesito “Capital of Sweden” (capital da Suécia) devolveu uma página com os primeiros dez atalhos para quase cinco milhões de sítios que satisfaziam os critérios da busca, encimada pela resposta: “Suécia: capital Estocolmo” e dois atalhos, “Saiba mais sobre a Suécia” e “Respostas da Encarta” que levavam diretamente à enciclopédia.

Pelo que percebi, a coisa é séria. Até o momento a MS já investiu mais de cem milhões de dólares no projeto e está apenas começando. Eu sou do tempo em que o domínio do mercado de navegadores pelo Netscape era tão brutal que a simples menção de que um dia essa liderança poderia pertencer à MS provocava sonoras gargalhadas. Depois, foi o que se viu: antes de ser ameaçado pelo Firefox, o IE chegou a abarcar mais de 95% do mercado.

Sei não, mas acho bom o Google se cuidar..

 

B. Piropo