O Outlook
Express não é o programa ideal para correio eletrônico.
Mas é usado por mais de noventa porcento dos usuários.
Seus detratores dirão que isso não é prova
de qualidade mas uma mera conseqüência do fato dele ser
oferecido gratuitamente com Windows, um argumento difícil
de contestar. Mas seja qual for a razão, nove entre dez de
meus leitores o usam. E como o bom senso manda que eu escreva sobre
o que meus leitores usam, gostando ou não, uso o OE para
escrever sobre ele.
Os inimigos do OE lembram ser ele a principal ferramenta
de disseminação de vírus, worms e cavalos de
Tróia, o que é verdade. Mas isso acontece por duas
razões. A primeira é justamente ser ele um campeão
de popularidade. Quem desenvolveria um vírus que se propaga
através de um programa que ninguém usa? A segunda
é sua versatilidade, que vai muito além de simplesmente
exibir o texto das mensagens. Ele não apenas permite anexar
às mensagens praticamente todo tipo de arquivo como também
possibilita mostrar figuras, personalizar papeis de carta,
usar uma infinidade de fontes, tocar música, fazer o diabo,
mediante a simples exibição da mensagem no Painel
de visualização.
Tudo que um computador faz é executar instruções
compiladas sob a forma de um código executável.
E para dotar o OE de tais facilidades, a MS foi obrigada a permitir
que códigos executáveis fossem acionados mediante
a simples exibição da mensagem. Ora, os biltres que
criam vírus logo se aproveitaram disso para fazer com que,
em vez de acionar o código que faz tocar uma musiquinha ou
um anjinho bater asas na tela, a exibição da mensagem
invocasse a execução do código de um vírus
contido em um arquivo anexado. Resultado: máquinas começaram
a ser contaminadas sem que o usuário abrisse qualquer arquivo.
A exibição da mensagem no painel de visualização
era suficiente.
É claro que todo o mundo reclamou e a MS foi obrigada a tomar
providências. A primeira foi colocar remendos
(patches) à disposição dos usuários
para corrigir as versões vulneráveis. A segunda foi
dotar a versão 6 do Outlook Express de dispositivos de segurança
mais rígidos. O resultado, paradoxalmente, foram mais reclamações.
Desta vez porque, acostumados com as facilidades embutidas no programa,
os usuários não gostaram de ver algumas delas inibidas
pelas novas medidas de segurança.
A queixa principal é que, depois de efetuada a instalação
do pacote de atualizações do OE 6 denominada
SP1 (Service Pack 1), alguns dos arquivos anexados a
mensagens de correio eletrônico não são mais
transmitidos. Ao se abrir a mensagem que continha o anexo, em vez
dele surge a seguinte informação: O Outlook
Express removeu o acesso aos seguintes anexos não seguros
no email: (seguida dos nomes dos arquivos removidos). Além
disso, um clique no ícone em forma de clipe para papel no
painel de visualização revela que tanto o nome do
arquivo quanto o campo Salvar como estão desabilitados,
como desabilitada está a entrada Salvar anexos
do menu Arquivo.
A razão disso é uma função incluída
na versão 6 do OE para proteger o usuário de uma possível
contaminação. A coisa funciona assim: a MS arrolou
os tipos de arquivos considerados inseguros, aqueles
capazes de propagar vírus, worms e cavalos de Tróia.
Quando se tenta enviar um arquivo anexo, o OE verifica se seu tipo
consta da relação de inseguros e, caso
afirmativo, simplesmente se recusa a transportá-lo, removendo-o
da mensagem e exibindo a informação acima citada.
A lista dos tipos inseguros pode ser encontrada no artigo
KB291369 da Base de Dados da MS (em <http://support.microsoft.com/default.aspx?scid=kb;EN-US;291369>).
O problema só passou a se manifestar a partir da instalação
do SP1 porque, embora incluída desde a liberação
da versão 6, até então a função
era desabilitada por padrão. A instalação do
SP1 a habilita.
Se você usa o OE 6 e quer enviar e receber todo tipo de anexos,
inclusive os inseguros, pode desabilitar a função.
Carregue o OE, acione a entrada Opções
do menu Ferramentas, passe para a aba Segurança
e, no grupo Proteção contra vírus,
desmarque a caixa Não permitir que sejam salvos nem
abertos anexos que possam conter vírus. Mas só
faça isso se todas as atualizações de segurança
do Internet Explorer tiverem sido instaladas em seu computador e
se as definições de vírus de seu programa antivírus
estiverem escrupulosamente atualizadas.
As demais medidas de segurança da versão 6 do OE são
menos visíveis, mas nem por isso deixam de ser importantes.
Se houver interesse, avisem, que eu voltarei ao tema.
B.
Piropo