Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
07/10/2002

< Mutirão Digital >


Em agosto fui convidado pelo Rodrigo Baggio, do Comitê para Democratização da Informática, para participar da organização de um certo “mutirão digital”. Ele e sua equipe gostariam de ouvir minha opinião sobre o assunto.

Aceitei, honrado. Mas o que seria esse tal de mutirão? Bem, acontece que o CDI cresceu, faz um trabalho sério, adquiriu credibilidade. Com ela chegaram os micros. Milhares deles. De todos os tipos, marcas e tamanhos. A maior parte veio de empresas que atualizaram seu parque de informática e doaram os micros antigos. Resultado: um galpão atulhado com pilhas e pilhas de micros. Tinha de tudo, desde 386 e 486 até Pentium. Cada máquina é preciosa: com cinco delas o CDI pode abrir um novo núcleo (que é muito mais que uma simples escola de informática: é um centro de formação de cidadania e, sobretudo, restauração da auto-estima dos jovens participantes).

Ora, se havia tanta máquina, qual era o problema? Bem, é que não dá para simplesmente juntar cinco delas e despachar para a nova escola. Há que inspecionar cada uma, revisar seu funcionamento, limpá-las (física e logicamente: remover uma impressionante quantidade de poeira que se acumulou durante anos sobre as placas de circuito internas e reformatar o disco rígido) e, finalmente, instalar sistema operacional e programas a serem usados nas escolas. E isso daria trabalho. E não era trabalho pouco. Alguma sugestão?

Eu adoro dar palpites, mas conheço minhas limitações. Aquilo não era tarefa para um mero Piropo. Pedi ajuda ao Mestre Abel Alves (tentei também o Laércio, é claro, mas ele faz o tipo guru recluso e não consegui me comunicar em tempo hábil). Sendo um dos últimos exemplares de uma espécie em extinção, a dos gentlemen, Abel aceitou prontamente e lá fomos nós para uma reunião no CDI. A idéia inicial era uma convocação pública de micreiros e técnicos para participar voluntariamente de um grande mutirão (o tal mutirão digital). Poderia dar certo, mas não deixava de ter seus inconvenientes. Por que não buscar voluntários entre alunos de uma escola de informática? Formariam um grupo mais homogêneo, mais fácil de coordenar. Ora, mas o tal galpão fica justamente no Shopping Nova América, um dos parceiros do CDI. Onde há um campus da Universidade Estácio de Sá, outra parceira, com sua escola de informática. Então ficou acertado que o mutirão aconteceria no sábado, 21 de setembro, no estacionamento do Shopping, se não chovesse, ou nas salas cedidas pela Estácio, se chovesse. A mão de obra, voluntária, seria provida pelos corpos discente e docente da Estácio.

Dias antes, recebi uma mensagem do CDI com um anexo: a orientação para os voluntários. Continha informações gerais sobre data, hora e local, divisão das equipes (de montagem de bancadas até embalagem e etiquetamento) e orientação para cada equipe. Se quem fez aquilo não é um professor da disciplina “Algoritmos”, tem um excelente professor se perdendo por aí. Um primor.

Dia 21 passei por lá. Parecia uma festa. Minto: era uma festa. Lá estavam Rodrigo Baggio e sua equipe coordenando dezenas de rapazes e moças que faziam seu trabalho com uma comovente eficiência. Passei pelas bancadas, dei um palpite aqui, outro ali, mas acabei saindo cedo.

A coisa estava indo tão bem sem mim que fiquei com medo de atrapalhar...

(Duas observações: 1) esse foi só o primeiro mutirão. Apenas uma parte das máquinas foi revisada. Haverá outros. Se você quer colaborar, entre em contato com o CDI, em <www.cdi.org.br>; 2) embora o número de máquinas seja realmente impressionante, não pense que não é mais preciso doar. Pelo contrário: as atividades do CDI hoje se estendem não apenas por todo o Brasil, mas por outros países, e cada micro doado pode influir decisivamente na inclusão de mais um jovem na era digital; colabore).

PS: Dois livros chegaram-me às mãos recentemente. Um deles, “Java em GNU/Linux” de Fernando Lozano, Editora Alta Books, traz tudo o que é preciso saber para tirar o máximo proveito de Java na plataforma Linux, desde a configuração do ambiente até recursos avançados, como compilação nativa e integração com o Gnome. Não é minha praia (ainda; mas meu interesse pelo Linux é tanto que, assim que tempo houver, será), mas deu para ter uma boa idéia da coisa. O outro, “Fazendo música no computador”, de Luciano Alves, Editora Campus, não é para micreiros que gostam de música, é para músicos que gostam de micros. Eu me incluo no primeiro caso, portanto falta-me competência para recomendar o livro pelo conteúdo. Mas, em se tratando de obra de Mestre Luciano, dá para recomendar pelo autor sem susto.

B. Piropo