Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
25/02/2002

< Opiniões >


Administrar minha caixa postal dá um trabalho danado mas tem suas compensações. A maior delas, sem dúvida, é travar conhecimento – inda que virtual – com pessoas que me enviam mensagens tão inteligentes que seria uma injustiça não compartilhá-las com vocês. Como a que recebi do Leonardo Vidal Batista, que se declara leitor assíduo e, além de  elogios que não mereço (dos quais vocês serão poupados), envia algumas interessantes citações sobre o computador, essa máquina tão freqüentemente superestimada. Achei que valia a pena submetê-las a vocês. Aqui vão elas, entremeadas dos comentários que julguei pertinentes.

“O que tais máquinas realmente fazem? Elas aumentam o número de coisas que fazemos sem pensar. Coisas que fazemos sem pensar – eis o verdadeiro perigo!” – Frank Herbert, God Emperor of Dune (vale a pena refletir um pouco sobre isso);

 “A Ciência da Computação apenas indica a onipotência retrospectiva de nossas tecnologias. Em outras palavras, uma capacidade infinita de processar dados – mas apenas dados, isto é, o já fornecido – e em nenhum sentido uma nova visão.” – Jean Baudrillard, Cool Memories (um alerta para os que crêem que os computadores são o portal do futuro);

“Você pode não estar preparado pra inteligência artificial, mas o computador cada vez está mais preparado pra sua burrice natural.” – Millôr Fernandes, Millôr Definitivo (em princípio apenas mais um comentário genial e espirituoso do Millôr, mas se você pensar um pouco verá que todas as modernas interfaces gráficas – inclusive Windows – e as tentativas recentes para “simplificar” o uso do computador derivam desse aforismo);

“O cérebro não é ‘como um computador’ (...) Cada ponto no cérebro, cada célula cerebral, contém toda a informação genética necessária para reproduzir o organismo inteiro (...) Cada célula do cérebro é como um computador. O cérebro é como cem bilhões de computadores conectados. É impossível entendê-lo, porque ele é complexo demais. Como Emerson Pugh escreveu, se o cérebro humano fosse tão simples que nós pudéssemos entendê-lo, nós seríamos tão simples que não poderíamos entendê-lo.” – Jean M. Goodwin e James S. Goodwin (comentário do Leonardo sobre o trecho grifado: “não é uma boa descrição da internet?”);

“Estima-se que a mente possa armazenar 100 trilhões de bits de informação. Comparados a isto, os meros bilhões dos computadores são virtualmente amnésicos.” – Sharon Begley, Memory: Science Achieves Important New Insights into the Mother of the Muses, Newsweek, 29/11/1986 (cem trilhões de bits são cerca de doze Terabytes; hoje há dispositivos de armazenamento com capacidade bem maior, mas nem por isso a citação perde o sentido);

E, finalmente a frase que, segundo o Leonardo, foi pronunciada pelo representante de uma instituição americana por ocasião da apresentação do computador UNIVAC e, em minha modesta opinião, é a que melhor sintetiza a questão: “O computador é apenas um idiota rápido”.

Falou e disse, mestre Leonardo. Obrigado.

PS1: nos dias 15 e 16 de março, no Teatro Pró-Música de Juiz de Fora, será realizada a primeira edição do Enitec, Encontro de Informação e Tecnologia, dirigido a estudantes e profissionais dos setores de tecnologia, informação, comunicação social, administração e design e promovido pela Base Três, empresa Júnior de Informática da Universidade Federal de Juiz de Fora. Segundo seu coordenador geral Leandro Neumann, o Enitec será um evento multidisciplinar com ênfase em tecnologia. O programa inclui palestras e mesas redondas sobre telecomunicações, empreendedorismo, mercado de trabalho, perfil profissional, ciência e tecnologia. Farei uma palestra intitulada “O futuro e a tecnologia” no sábado,  mas isso não deverá empanar o brilho do evento, já que muita gente boa está escalada para as demais atividades. As inscrições vão até 6 de março. Informe-se em <www.enitec.com.br/>. Tenho um afeto especial por Juiz de Fora, empresa júnior é iniciativa de estudantes e essa turma merece apoio.

PS2: semana que vem, no Teatro Gláucio Gil, Dinho Valadares e a Cia de Teatro Contemporâneo iniciam seu curso de teatro. Além de ator (dos bons), Dinho é um incansável batalhador pelo teatro nacional e merece uma força. Informe-se com ele em <[email protected]>.

B. Piropo