< Trilha Zero >
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31/12/2001
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< 2002 > |
Esta é a última coluna do ano e manda a tradição que seja um balanço de 2001. Mas, francamente, 2001 foi um ano tão pífio que, se balançar, não pinga coisa que preste. Portanto, em vez dele, falemos sobre algumas das coisas que nos esperam em 2002. Imaginemos que você tenha em seu micro um gravador de CDs. Se é assim, para que o usa? Eu, por exemplo, que sigo os conselhos que lhes dou (pelo menos a maior parte deles), tenho em minha máquina um HD exclusivo para arquivos de dados e periodicamente crio uma cópia completa dele em CDs. Além disso uso CDs para arquivar fotos digitais e armazenar certos arquivos pouco usados que ocupam muito espaço. Você deve usar o seu para algo parecido. E, eventualmente, de raro em raro, em casos especiais, copiar um CD de áudio (calma: sabemos todos que você faz isso apenas por segurança, exclusivamente para recorrer à cópia caso o original se danifique, não se preocupe). Eu detesto ser portador de más notícias, mas se você faz cópias eventuais de CDs de áudio, devo informá-lo que essa sopa vai acabar. Pior: se vingar o que o que as empresas de entretenimento estão ensaiando, você nem mesmo poderá reproduzir discos de áudio no drive de seu PC. E, nesse contexto, o termo “reproduzir” não tem o sentido de “copiar”, mas de “tocar”. É isso mesmo, você entendeu direito: para dificultar a cópia, eles estão arrumando um jeito de impedir que CDs de áudio sejam sequer ouvidos em seu micro. Do ponto de vista tecnológico, a façanha não é difícil. O SafeAudio da Macrovision, por exemplo, inclui no CD distorções inaudíveis (fora da faixa de freqüência percebida pelo ouvido humano) ignoradas pelos sistemas de reprodução de som mas amplificadas pelo software que processa os dados provenientes dos drives do PC, que as transformam em um ruído de fundo insuportável (veja detalhes em <www.ttrtech.com/tech.htm> e ouça um exemplo de trecho distorcido clicando no atalho para as FAQ, no centro da página). Outro tipo de proteção oculta a tabela de conteúdo (uma espécie de “diretório” do CD), impedindo que o software localize as faixas. Portanto o problema não é tecnológico, mas legal, já que em princípio quem compra um CD tem o direito de ouvi-lo onde bem quiser. Por isso Universal, BMG e Sony, por enquanto, testam a proteção contra cópia apenas em CDs gratuitos (como o CD promocional de Michael Jackson recentemente distribuído pela Sony). Mas algumas gravadoras já a estão usando comercialmente, como a Music City Records, que protegeu o CD “A tribute to Jim Reeves” de Charley Pride e por isso está sendo processada por uma californiana, Karen DeLise, que alega ser a prática abusiva. Mas, abusiva ou não, eu não tenho dúvida que a coisa vai pegar e logo seremos impedidos de copiar CDs em nossos micros. A ativação compulsória que a MS inaugurou em sua linha XP provavelmente vai se espalhar e também não vai dar mais para copiar programas. Filmes comprados pelo sistema “pay-per-view” já estão sendo “embaralhados” de tal forma que podem ser vistos sem problema, mas qualquer tentativa de gravação resulta em uma cópia “suja”. E discos DVD já há muito tempo padecem de esquemas de proteção para dificultar a reprodução. É claro que nada disso incomodará os verdadeiros piratas, que fazem da comercialização de cópias ilegais um meio de vida e logo descobrirão meios e modos de contornar os esquemas. Mas vai aporrinhar um bocado o cidadão comum que faz sua copiazinha de vez em quando. É esperar 2002 para ver. Finalmente: surgiu mais um vírus que se aproveita das vulnerabilidades do Internet Explorer para se propagar sem abrir anexos. Trata-se do Shoho, cujo assunto é “Welcome to Yahoo! Mail” e traz um anexo aparentemente chamado Readme.Txt mas cuja extensão real é Pif (difícil de perceber porque há 125 espaços separando o “Txt” do “.Pif”). Correndo o risco de ser repetitivo, vejo-me obrigado a reiterar: se você usa o IE, não deixe de baixar e instalar o remendo (“patch”) recomendado na coluna da semana passada (que permanece disponível na seção “Escritos” de minha página pessoal, em <www.bpiropo.com.br> e onde há um atalho para a página da MS na qual se pode obter o patch). Faça-o o quanto antes, pois agora que as vulnerabilidades se tornaram plenamente conhecidas, devemos esperar uma enxurrada de vírus desse tipo em 2002. Como você vê, não estou nada otimista para 2002. É que, por dever de ofício, não posso me dar ao luxo de ser um sujeito mal informado. E, como sabem todos, um pessimista nada mais é que um otimista bem informado... Mas não tem nada não: com tudo isso, nosso 2002 será muito especial. Feliz Ano Novo. B. Piropo |