< Trilha Zero >
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17/12/2001
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< Reclamando com o dono > |
Quando há concorrência, uma das maiores preocupações das empresas é manter a freguesia contente, pois um cliente insatisfeito com o desempenho de um novo produto pode mudar-se com armas e bagagem para o concorrente e arrastar com ele uma multidão. Já quando a empresa domina mais de noventa porcento do mercado, o freguês não tem muito para onde correr, a preocupação já não é tão grande e ela pode se dar ao luxo de lançar produtos com uma ou outra falha que serão corrigidas adiante sem dar muita atenção para as reclamações dos usuários. Mas algumas incomodam... É claro que nem sempre a alta direção da firma toma conhecimento delas. Particularmente quando a empresa é a Microsoft e o problema é banal: um computador pessoal correndo o risco de perder os dados do disco rígido após a instalação de uma nova versão de sistema operacional. Esse tipo de coisa acontece a toda hora e, por mais que o pobre usuário esbraveje, ninguém perde o sono por isso – exceto ele mesmo, é claro. Porém quando se trata do ex-presidente da Itália Francesco Cossiga, um cara ligado em tecnologia que não refuga diante de uma boa polêmica, a coisa muda de figura. Especialmente se a irritação com o problema foi tanta que o levou não apenas a espinafrar o próprio Bill Gates como também a divulgar a carta espinafrativa. O original está no artigo de Luca Agoglia “Cossiga rimprovera Bill Gates” em <http://www.news-zone.com/> e a tradução é a seguinte: “Caro Sr. Gates: sou um ex-presidente da República Italiana que, pessoalmente e no trabalho, faço intenso uso de computadores. Por sugestão de especialistas do Senado da República, do qual sou membro vitalício, instalei em meu computador pessoal, bastante poderoso, seu novíssimo programa Microsoft [Windows] XP Home que, depois de dois dias, entrou em tilt [sic]. Como nem meus amigos nem a Microsoft italiana conseguiram resolver o problema, corro o risco reformatar meu disco rígido e perder todos os dados nele contidos”. E il signore Cossiga encerra a carta com uma frase que, aposto, cada um de nós um dia já teve vontade de dizer a Mr. Gates e não tinha como fazê-lo: “Talvez, meu caro e jovem Sr. Gates, antes de lançar no mercado com tanta publicidade seu novo produto, deveria submetê-lo a testes um pouco mais extensos, com mais cuidado e perícia”. Chato, nénão? (Eu poderia encerrar a história aqui, onde termina o relato de Luca, mas não seria justo. A bem da verdade é preciso acrescentar que, segundo o artigo “Windows XP Sparks a War of Words” de Philip Willan em <www.pcworld.com/news/article/0,aid,74763,00.asp>, tão logo tomou conhecimento da carta, Bill Gates enviou uma elegante resposta ao Presidente Cossiga agradecendo a nota e informando que entende a frustração dos usuários diante daquelas dificuldades e que, mesmo reconhecendo que a indústria de software tem ainda muito a avançar nessa área, assegura que o software da MS é testado, literalmente, por centenas de milhares de horas em milhares de computadores. Quanto à máquina do Presidente: em menos de três dias já estava em plena forma, rodando Windows XP e foi usada para redigir nova carta a Bill Gates informando que, de fato, o produto é “racional e amigável” e reconhecendo que o problema era de pouca monta, já que foi resolvido tão rapidamente. E, como recomenda o espírito natalino, foram todos felizes para sempre). Mudando de assunto: os vírus continuam pululando, assim como os falsos avisos. Repetindo: o arquivo Sulfnbk.Exe está no diretório WINDOWS\COMMAND porquê faz parte do sistema (oferece suporte para cópias de segurança de arquivos com nomes longos) e não é um vírus. Portanto, deixem-no lá e parem de enviar mensagens exortando seus amigos a removê-lo. Mas é bom, muito bom mesmo, tomar cuidado com mensagens cujo assunto seja “Hi” e contenham o texto “How are you? When I saw this screen saver, I immediately thought about you ... I am in a harry [sic], I promise you will love it!”. Ela conduz o anexo “Gone.Scr”, um vírus brabíssimo que se espalha com uma rapidez impressionante inclusive através de ICQ e IRC, tenta remover ou desativar programas de segurança (antivírus e “firewalls”) e instala uma “porta dos fundos” na máquina, tornando-a vulnerável a ataques. Seus autores, quatro adolescentes imbecilóides de Israel, já foram devidamente trancafiados e, segundo as leis do país, estão prestes a encarar de três a cinco merecidos anos de cadeia. Mas o vírus continua se espalhando e convém tomar cuidado com ele. Se você receber uma mensagem assim, remova-a de seu micro sem abrir o anexo e avise ao remetente que sua (dele) máquina está contaminada. B. Piropo
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