Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
19/11/2001

< O Dilema da Recarga >


Semana passada comparamos as tecnologias das impressoras tipo jato de tinta de baixo custo. A piezoelétrica, adotada pela Epson, usa cabeças que preservam a qualidade da impressão ao longo do tempo. Por isso são mais caras e permanecem na impressora quando se troca o cartucho de tinta. A térmica emprega cabeças mais baratas que se deterioram com o uso devido às variações de temperatura e somente mantêm a boa qualidade da impressão por tempo limitado. Segundo os fabricantes que a adotam (HP, Lexmark e Canon), isso justifica o fato de jogá-las fora quando a tinta acaba. Todos são unânimes em desaconselhar com veemência práticas como reencher cartuchos ou usar cartuchos fabricados por terceiros.

Há alguma (mas não muita) razão nisso. A recarga com tinta de má qualidade pode efetivamente resultar na obstrução de bocais (há dezenas deles em cada cabeça, com diâmetro menor que a espessura de um fio de cabelo). O leitor Luiz Feitosa alega que seu cartucho (Lexmark) “morreu” apenas três dias após a recarga. Como a Lexmark usa tecnologia térmica, o prejuízo resumiu-se à perda do cartucho: as cabeças danificadas foram substituídas com ele. Fosse uma Epson a coisa seria mais séria: o custo da troca de uma cabeça piezoelétrica não é muito diferente do preço da impressora e o uso de cartuchos recarregados ou fabricados por terceiros invalida a garantia.

Sendo a cabeça tão cara, a Epson adotou a prática de submetê-la a uma limpeza sempre que a impressora é ligada – o que levou o leitor Eliezer Poubel, proprietário de uma Epson 777, a esbravejar contra o gasto de tinta que isso demanda. Já o leitor Vicente Cruz esbravejou por mais séria razão: como passa longos períodos sem usar sua Epson, a demora em limpar a cabeça acabou por danificá-la irreparavelmente – um problema que aflige aos proprietários de impressoras piezoelétricas não usadas regularmente (os donos de impressoras térmicas padecem da mesma aflição, porém o prejuízo é menor: para substituir as cabeças basta trocar o cartucho).

Então, ficamos assim: tanto nas impressoras térmicas quanto nas piezoelétricas a recarga traz vantagens e desvantagens. Nas primeiras a vantagem é o menor risco: se houver algum dano nas cabeças, troca-se o cartucho. A desvantagem é a paulatina perda da qualidade de impressão, posto que reutilizar cartuchos implica uso continuado das mesmas cabeças térmicas, que se deterioram com o tempo. Já no que toca às impressoras piezoelétricas, a vantagem está no fato da recarga não afetar a qualidade da impressão, pois a cabeça permanece na impressora e pouco se deteriora com o uso. A desvantagem é que há que se usar sempre tinta de boa qualidade, pois danos irreparáveis à cabeça causados por tinta inadequada redundam em prejuízo significativo.

Afinal: recarregar ou não? Bem, eu não sou especialista no assunto, portanto o que vai aqui é apenas uma opinião baseada em minha experiência pessoal, nas mensagens de leitores e nas informações colhidas na internet. E já adianto que ela não coincide com a posição dos fabricantes. Em todo caso, vamos lá...

Nas impressoras piezoelétricas, não vejo desvantagem na recarga, desde que se garanta a qualidade da tinta. Como, seja qual for o fabricante do cartucho, as cabeças permanecem na impressora, ele é um mero reservatório de tinta que pode ser reutilizado indefinidamente enquanto cumprir suas finalidades básicas: conter a tinta e fazê-la fluir até as cabeças de impressão (mas sempre é bom trocá-los de quando em vez para evitar vazamentos devido ao desgaste natural; e, recarregando ou não, manter as cabeças limpas evitando deixá-las sem uso por períodos longos).

Já no caso dos cartuchos de impressoras térmicas, a procedência é importante pois as cabeças fazem parte dele. O ideal é usar cartuchos do próprio fabricante da impressora ou por ele endossados. Quanto ao reuso, algumas recargas no cartucho original me parecem perfeitamente razoáveis (de acordo com minha percepção visual, a impressão gerada após três ou quatro recargas me parece perfeitamente aceitável para trabalhos que não exijam qualidade gráfica excelente). Mas deve-se ter em mente que cabeças que usam tecnologia térmica deterioram-se com o uso, portanto é bom evitar cartuchos recarregados por terceiros, que não se sabe quantas vezes foram reutilizados. Melhor seria recarregar seus próprios cartuchos originais. Quanto à qualidade da tinta, no caso das impressoras térmicas a maior preocupação seria a qualidade da impressão, já que eventuais danos causados às cabeças por tinta inadequada são sanados com a mera substituição dos cartuchos.

B. Piropo