< Trilha Zero >
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15/10/2001
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< Winmodem > |
Nunca tive um modem de 300 bits por segundo (bps). Mas dos 1200 até os 56 Kbps, percorri toda a linha evolutiva dos modems. Como desde priscas eras uso apenas modelos convencionais externos, minha experiência pessoal com os “winmodems” foi pequena. Mas volta e meia recebo mensagens como a do Fabio Bernardino, que pretende atualizar seu modem (um USR Sportster de 33,6 Kbps) e quer saber se vale a pena substitui-lo por um winmodem de 56 Kbps (que, por estar satisfeito com a marca, gostaria que fosse também da USR). Diz Fábio que sua CPU opera em 450MHz e, deixando de lado os aspectos financeiros, pergunta em que condições seria aceitável usar um winmodem. Para esclarecer o assunto é preciso saber em que um winmodem difere do modelo clássico. Embora já existam formas mais modernas, como ISDN e ADSL, que adotam tecnologia digital para transmitir dados através das velhas linhas telefônicas comuns, o meio mais corriqueiro de fazê-lo ainda é o mais antigo: usando modems, que empregam a mesma tecnologia adotada na telefonia simples (desenvolvida muito antes da era da eletrônica) para transmitir som através de condutores elétricos sob a forma de um sinal analógico, ou seja, de uma onda elétrica que oscila na mesma freqüência da onda sonora. Como os computadores trabalham internamente com dados digitais (grandezas expressas no sistema numérico de base dois que utiliza apenas os algarismos um e zero), para transmiti-los através de linhas concebidas para transportar sinais analógicos é preciso “modulá-los” (ou seja, codificá-los no mesmo tipo de onda elétrica usada para transportar som) no computador que os envia e, no outro extremo da linha, transformar o sinal sonoro novamente em dados digitalizados, ou seja, “demodulá-lo”. Essa é justamente a função do modem, cujo nome deriva de MOdulador/DEModulador. Um modem consiste basicamente de cinco elementos: uma interface com o micro (em geral a porta serial), que recebe os dados digitais, uma interface com a linha telefônica, que emite o sinal analógico, uma interface com o usuário (um pequeno alto-falante através do qual pode-se “ouvir” o sinal analógico transmitido) e dois componentes internos: o modulador/demodulador propriamente dito, que recebe os dados previamente preparados e gera a onda elétrica (e vice-versa) e, finalmente, o mais caro e mais importante deles, o dispositivo de preparação dos dados (que efetua a compressão/descompressão dos dados, os codifica/decodifica de acordo com o protocolo de comunicações usado, inclui/remove códigos para detecção de erros, além de executar tarefas auxiliares). Isso exige tanto processamento que, para não sobrecarregar as CPUs mais lentas, nos modems convencionais é feito por um componente especialmente dedicado, um coprocessador denominado DSP (de Digital Signal Processor, ou processador digital de sinais). Ocorre que, com o advento dos rápidos microprocessadores modernos, alguns fabricantes perceberam que poderiam reduzir custos simplesmente eliminando o DSP e transferindo suas tarefas para a CPU. Modems desse tipo são conhecidos por “soft modems” (porque a preparação dos dados é feita via software pela própria CPU) ou “winmodems” (porque Windows os reconhece e suporta). Há, no entanto, um problema: dependendo da capacidade de processamento da CPU, a demanda adicional imposta pelo winmodem pode afetar significativamente o desempenho do micro. É esse o receio do Fábio e é por isso que especialistas desaconselham o uso de wimmodems em máquinas com CPUs que operam a 300 MHz ou menos. A CPU de 450 MHz do Fábio agüenta o tranco, mas está muito próxima do limite de 300 MHz. Por outro lado, seu modem atual de 33,6 Kbps, embora de boa marca, é relativamente lento. Portanto talvez valha a pena substitui-lo por um winmodem 56 K. Nesse caso limite, para ter certeza, só experimentando e comparando o desempenho da máquina em ambas as configurações. Mas se a CPU fosse mais rápida, muito provavelmente a troca valeria a pena. Para encerrar, uma advertência. Como sabem os que acompanham essa coluna procuro circunscrever meus comentários aos tipos de dispositivos, abstendo-me de discutir o desempenho de marcas ou fabricantes. Mas os problemas com os winmodems USR foram tão notórios que cabe abrir uma exceção: melhor evitá-los. Embora produzindo modems convencionais de excelente desempenho, a experiência da USR com os winmodem definitivamente não foi das melhores. Aliás, em se tratando de winmodems, melhor se preocupar com os “chipsets” que com a marca. Eu, particularmente, prefiro modelos com “chipset” Lucent ou Motorola. B. Piropo |