< Trilha Zero >
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23/07/2001
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< Leis da Ciência e da Natureza > |
Dia desses, mestre Dauro Moura encaminhou-me um desses textos de autoria desconhecida que circulam pela internet: um conjunto de “leis” da ciência e da natureza que aparentemente nada mais são que brincadeiras mas que não deixam de ter lá sua substância (a Lei de Murphy, a mais famosa delas, é a base da implementação da redundância em sistemas à prova de falhas). Muitas, eu já conhecia. De outras nunca tinha ouvido falar. Como achei que seriam de interesse, selecionei algumas, alterei as que achei conveniente, inclui uma de minha própria lavra e a as transcrevo para vocês. Divirtam-se. Mas não deixem de ponderar sobre o verdadeiro sentido de cada uma e, sobretudo, tenham sempre em mente a mais importante delas, a Lei do Equilíbrio Universal, que deixei para o final. Aqui vão elas, começando pela mais conhecida:
PS: Cora Rónai me ensinou a ser complacente com os tradutores indicando meu nome para traduzir um livro. Sentindo na própria pele como é dura sua faina passei a ter a devida complacência com seus eventuais tropeços. Mas há um limite nas coisas. Como não tenho acesso ao original para confirmar minhas suspeitas, me abstenho de citar a editora – por sinal, das mais respeitáveis – e a responsável pela tradução, uma empresa que teve o desplante de incluir em seu nome a expressão “Traduções Técnicas”. Mas estou lendo um livro sobre C++ no qual encontro às dezenas barbaridades como “A listagem... que andaremos através de algum detalhe” (talvez “walk through”, “percorreremos”), “e então chama (a função) se qualquer” (ao que tudo indica “if any”, “caso exista”), “se quiser ver isso no trabalho” (quiçá “at work”, “em execução”). Mas há coisas piores, como a recomendação de “colocar (a variável) em uma janela de relógio do depurador” (ao que parece “watch window”, “janela de observação”), que transformam o texto em algo sem pé nem cabeça. Erros desse tipo em um romance talvez fossem toleráveis. Mas em um caro livro técnico sobre uma linguagem de programação já por si de difícil compreensão beira a irresponsabilidade. Como não acompanhei o processo de tradução, não posso garantir. Mas, pelo tipo dos erros, tudo indica que o original foi submetido a um desses programas “tradutores” e a revisão feita por quem fala mal o português, não entende inglês e não tem a menor noção de programação em C++. Um livro que compromete a editora. E que talvez leve alguns leitores a abandonar o aprendizado de C++ por acharem que a linguagem é incompreensível, quando na verdade a dificuldade de compreensão deriva da tradução irresponsável. Uma lástima. B. Piropo |