< Trilha Zero >
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16/07/2001
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< Plataforma .NET > |
Quando, há pouco mais de um ano, a Microsoft lançou com a devida pompa e circunstância a “Plataforma .NET”, a imprensa tratou o tema com um certo desdém e o assunto logo caiu no esquecimento. O que, no mínimo, é estranho, já que a Plataforma .NET continua sendo a menina dos olhos da empresa, que está apostando nela todas as suas fichas. E, querendo ou não, a MS ainda dita o rumo da indústria do software. A idéia central por trás do conceito .NET é “permitir que o usuário tenha acesso a seus aplicativos e dados em qualquer lugar, a qualquer hora e usando qualquer dispositivo”. Uma frase que soa apenas como mais um slogan mas que tem implicações muito mais amplas do que parece. A MS baseou sua nova estratégia não apenas na certeza de que a Lei de Moore, que afirma que a capacidade dos microprocessadores dobra a cada dezoito meses, continuará vigendo por pelo menos mais vinte anos como também na nova “Lei de Gilder”, que traduz mais uma tendência da tecnologia segundo a qual a rapidez com que os dados são transmitidos entre dispositivos triplica a cada ano. E é apoiada no uso de dispositivos cada vez menores e mais poderosos trocando dados e informações com uma rapidez cada vez maior que a MS estruturou a plataforma .NET. De acordo com o Dagoberto Hajjar, seu Diretor de Estratégia, a meta da MS evoluiu de “implantar um PC em cada residência e um PC em cada mesa de escritório” para algo muito mais amplo, que abarca todo tipo de dispositivo, desde agendas de bolso até telefones celulares, passando por câmaras fotográficas e de vídeo, “tablets”, o diabo, tudo isso se comunicando com uma infernal rapidez e de forma totalmente automática e transparente. Até o rádio do carro entrou na dança. E todos eles serão capazes de ter acesso de forma praticamente instantânea a seus dados pessoais seja em que ponto da terra você estiver. A única diferença será a forma pela qual as informações serão exibidas: em telas coloridas e ricos formatos nos monitores SVGA de poderosos computadores ou de modo sintético em formatos espartanos nas pequenas telas de cristal líquido do rádio do carro. Mas a idéia central é sempre a mesma: não importa onde, quando ou em que dispositivo, os dados estarão sempre ao seu alcance. A MS acredita que uma miríade de dispositivos pequenos e poderosos comunicando-se a elevadíssimas taxas de transmissão e com acesso à internet funcionará em escala planetária como as redes locais funcionam hoje nos estreitos limites dos escritórios. Os dados permanecem em servidores aos quais todos os dispositivos têm acesso. Os aplicativos rodam parcialmente nos dispositivos clientes, parcialmente nos poderosos servidores. Para o usuário não importa onde estão os dados e em que plataforma o programa está rodando: o que interessa é a informação. E essa estará sempre à mão. Os resultados práticos são revolucionários. Imagine que você está na Xexênia para fechar o acordo comercial que vai garantir o futuro de sua empresa e acaba de perder sua agenda eletrônica com todos os documentos, contatos comerciais, endereços, telefones e compromissos marcados para os próximos dias. Nenhum problema: vá até o bar da esquina, compre uma nova agenda, conecte-se, entre com seu nome de usuário e sua senha, acesse o servidor onde os seus dados estão armazenados – que pode estar em qualquer outro local do planeta – e siga em frente como se nada houvesse ocorrido. Fazer com que toda essa babel de dispositivos se entenda é outra história. Mas para isso a MS conta com a eXtensible Markup Language (XML), que funcionará como idioma padrão para comunicação entre diferentes sistemas. E adaptou suas ferramentas de desenvolvimento à nova estratégia: a versão final do Visual Studio .NET será lançada ainda esse ano (a beta já está disponível). Através dele será possível programar com extrema facilidade os “web services”, rotinas de programação ou aplicativos completos que rodam no servidor e podem ser invocados por qualquer dispositivo cliente de qualquer parte do mundo, a espinha dorsal da estratégia .NET. Se tudo isso não passa de um sonho da MS, não sei. Mas sei que há um ano, quando assisti os vídeos exibidos no lançamento da plataforma .NET, tudo aquilo me pareceu uma visão do futuro claramente fantasiosa. Já na semana passada, quando revi exatamente os mesmos vídeos durante a palestra em que o Dagoberto Hajjar apresentou o Visual Studio.NET, não somente muito daquilo me pareceu perfeitamente factível como constatei que certos serviços já estão disponíveis. Não é nada, não é nada, de lá para cá a taxa de transmissão de dados triplicou e o poder de processamento quase dobrou. É bom abrir o olho... B. Piropo |