< Trilha Zero >
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23/04/2001
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< Datilografando > |
João Ubaldo já mencionou a impossibilidade de se escrever seja lá sobre o que for sem que alguém venha a se sentir ofendido. Tendo mestre João escrito, nada resta a escrever, portanto não pensem que me atrevo a complementar suas palavras. Apenas as corroboro. Dia desses recebi uma carta datilografada por um leitor (no caso, ouvinte) ofendido com um comentário que eu teria feito no programa de rádio Hipermídia CBN. Diz ele que eu “ironizei, quase debochei, das pessoas que continuam a usar máquinas de escrever”. E afirma que, como um computador “é muito caro para seu bolso”, continuará usando a sua Remington “sem ter vergonha”. E, acrescenta: “mesmo quando, um dia, eu tiver em casa um computador e uma impressora”. Evidentemente nada tenho contra a laboriosa classe dos datilógrafos – nem contra a dos perfuradores de cartão até ser extinta pela evolução tecnológica. Se algum dia eu fiz mesmo o comentário a que o ouvinte se refere, foi sem intenção de ofendê-lo. Mesmo porque não creio ser motivo de vergonha usar máquina de escrever, especialmente quando não se tem acesso a um micro. O que não entendo é preferi-la quando se dispõe de impressora e computador. A diferença entre usar uma máquina e um computador para escrever é abissal. A máquina, escreve. O computador escreve, analisa o texto, sugere alterações de ortografia, oferece sinônimos, corrige gramática e estilo. Mas isso não é o mais importante. O que realmente faz do computador um artefato insubstituível para escrever é a facilidade que proporciona para melhorar o que se escreve. Quando eu escrevia à máquina, jamais dava um texto por pronto sem relê-lo. Se encontrava um erro, corrigia. Quando não dava para corrigir, datilografava tudo de novo. Havia, porém, ocasiões em que, mesmo correto, o texto poderia ser melhorado. Relendo, eu percebia que a idéia ficaria mais clara com a troca da ordem de dois parágrafos, que poderia acrescentar uma palavra aqui outra ali, mudar o tempo de um verbo, usar sinônimos para evitar a repetição de palavras, enfim: que era possível aprimorar o texto. Mas para isso haveria que refazer toda a datilografia. E muitas vezes, por falta de tempo ou mera preguiça, o documento seguia como estava. Hoje, releio e refaço cada texto dezenas de vezes antes de considerá-lo pronto. E somente dou os trâmites por findos após pelo menos duas releituras sucessivas sem alterações. Impossível fazer isso com uma máquina de escrever. Em resumo: não uso o computador para escrever porque me dá menos trabalho. Uso porque me faz escrever melhor. Mas sabe o que é mais irônico? Quis citar o comentário a que o ouvinte se refere e por mais que o procurasse não consegui encontrá-lo (confira: estão todos disponíveis na seção “Hipermídia CBN” da página “Escritos” de meu sítio, em <www.bpiropo.com.br>). Ou eu não sou tão organizado quanto penso ou o comentário não foi meu (diz o missivista que foi feito em 16 de fevereiro, uma sexta-feira, e meus comentários no Hipermídia CBN vão ao ar às quartas). Será que me foi imputado um crime que não cometi? Mestre João Ubaldo tem mesmo razão: há quem se ofenda conosco seja lá o que digamos. Até mesmo quando não fomos nós quem o dissemos... PS: Se o Office 2000 não for registrado na MS, seus programas cessam de funcionar depois de um certo número de utilizações. E o mesmo pacote (identificado pela “chave do produto”, um conjunto de cinco grupos de cinco caracteres) não pode ser registrado por mais de um usuário. Mas os hackers não dormem no ponto e criaram uma chave que burla o esquema e permite instalar sem registro e sem limite de uso. Pois bem: em mais um lance da eterna luta entre o bem e o mal (escolha você mesmo quem representa o bem e quem representa o mal de acordo com suas próprias convicções) o império contra-atacou: a MS desenvolveu o “service pack” (“pacote de serviço”) “Office 2000 SR-1 administrator update”, logo seguido pela versão SR-1a. Ocorre que, em alguns casos, imediatamente após a instalação de qualquer uma dessas versões do pacote de serviço, todos os programas do Office 2000 são encerrados assim que carregados. A documentação que acompanha o pacote de serviço não menciona a causa do estranho comportamento. Para conhecê-la há que consultar um dos artigos Q267968 ou Q255503 da Knowledge Base da MS, onde descobre-se que isso ocorre sempre que o produto é instalado usando uma chave que começa pelo conjunto de caracteres “GC6J3”. Que, por acaso, é justamente o início da chave que burla o esquema de proteção. Caramba, que coincidência!!! B. Piropo |