< Trilha Zero >
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19/02/2001
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< Boot Múltiplo > |
Como vimos, a máquina é inicializada em três passos. No primeiro é executada uma rotina gravada em ROM que carrega na memória o primeiro setor do disco (físico) de inicialização, o setor mestre de inicialização, ou MBR (Master Boot Record). Este setor contém outra rotina de programação e a tabela de partições. O segundo passo consiste na execução da rotina de programação contida no MBR, que consulta a tabela, descobre qual é a partição primária ativa, ou drive (lógico) de inicialização, e carrega na memória seu primeiro setor, o setor de inicialização (boot sector). Este, por sua vez, contém mais uma rotina de programação. O terceiro passo consiste na execução desta rotina, que vasculha a partição ativa, localiza nela os arquivos que compõem o sistema operacional, carrega-os na memória e passa o controle para eles. Resumindo: a rotina da ROM carrega a do MBR, esta carrega a do setor de inicialização e esta, por fim, carrega o sistema operacional. Vejamos como é possível manter três sistemas operacionais diferentes no mesmo disco rígido e ter acesso aos mesmos arquivos de dados (textos, fotos ou seja lá o que você produza em seu micro) com qualquer deles. A estratégia consiste em particionar o primeiro disco físico (ou seja, o disco master da controladora IDE primária ou o disco SCSI número zero) em quatro partições, três delas primárias (o número máximo permitido de partições primárias; chamá-las-emos de partição P1, P2 e P3) e uma estendida. Em cada partição primária se instala um sistema operacional (digamos: Windows 98, ME e 2000, respectivamente). Na partição estendida (que chamaremos de E) cria-se um único disco lógico. Em princípio, isso é o que basta. Ora, das três partições primárias apenas uma pode ser a ativa. Digamos que seja a P1. Ao se ligar a máquina, a rotina em ROM é executada e carrega a do MBR (que está fora de qualquer partição e é sempre o primeiro setor do primeiro disco físico). Esta, por sua vez, descobre que a partição ativa é a P1 e carrega na memória seu primeiro setor, o setor de inicialização (que está dentro da partição ativa e é sempre seu primeiro setor). A rotina contida neste setor procura os arquivos de sistema (que, na P1, correspondem ao Windows 98) e os carrega na memória. Pronto: você carregou o Windows 98 e sua partição P1 assume o designador de drive C. Como só se pode ter acesso a apenas uma partição primária de cada vez (a ativa), P2 e P3 (primárias não ativas) permanecem invisíveis. O drive lógico criado na partição E, sempre visível seja qual for a partição primária ativa, assume o designador de drive D. E enquanto você estiver trabalhando com Win 98, instala programas no drive C (em P1) e grava arquivos de dados no drive D (na partição E). Agora, você enjoou de Win 98 e quer usar o 2000. Basta mudar a partição ativa para P3. Ao ligar a máquina, a rotina em ROM carrega a do MBR que identifica P3 como ativa, carregando na memória seu setor de inicialização. A rotina deste setor, por sua vez, procura (agora, em P3) os arquivos de sistema, encontra os de Windows 2000 e os carrega na memória. A partir de então seu drive C passa a ser P3 (as partições P1 e P2, primárias não ativas, permanecem invisíveis) e o sistema operacional em ação é o Windows 2000. Mas seu drive D continua sendo o mesmo drive lógico da partição E e todos os seus arquivos de dados continuam à disposição dos programas instalados por Win 2000 em sua própria partição, a P3, atual drive C. É óbvio que quando você desejar usar Win ME e tornar ativa a partição P2, ocorrerá algo análogo, seu drive C passará a ser P2 (onde estão os arquivos de sistema de Win ME) mas o drive D continuará o mesmo, com seus arquivos de dados à disposição do novo sistema. É quase isso o que ocorre nesta máquina que vos fala (no momento estou usando o Win ME). A única diferença é que, por conveniência, meu drive D não está na partição estendida do disco master da controladora primária mas sim no drive slave da mesma controladora. A vantagem é que se algum dia eu desejar mudar de máquina ou desistir de ter tantos sistemas operacionais, posso simplesmente remover o disco com meus arquivos de dados e levá-lo para onde quiser. Mas isso em nada altera o raciocínio acima descrito. Essa técnica chama-se “boot múltiplo” (logo veremos que há outra, chamada “dual boot”, além da possibilidade – já mencionada – de instalar sistemas adicionais em, por exemplo, discos SCSI, caso o BIOS do micro permita alterar o disco físico de inicialização). Como você já deve ter percebido, tudo o que é preciso para aplicá-la é arrumar um jeito de mudar a partição ativa ao bel prazer. O jeito existe e logo veremos qual é. B. Piropo |