< Trilha Zero >
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29/01/2001
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< É lógico... > |
Em inglês, “hardware” quer dizer “ferramenta”. E o computador e seus componentes foram enquadrados nesta categoria porque não passam disso: ferramentas. Mais tarde percebeu-se que também os programas eram ferramentas, porém de natureza mais etérea, menos física. E, levando em conta sua natureza lógica, imaterial, foram chamados de “software”. Desde então tudo o que diz respeito à natureza física (ou “material”) do computador passou a se enquadrar como hardware e tudo o que tem a ver com sua natureza lógica (ou “racional”), como “software”. Pois bem: semana passada discutimos a estrutura física dos discos rígidos. Hoje, discutiremos sua estrutura lógica. Quem já usou um emulador sabe que o software tem a habilidade de simular hardware. Emuladores são programas que fazem, por exemplo, seu poderosíssimo Pentium III rodar os programas de um velho MSX de oito bits. Ou seja: pelas artes do software (o programa emulador) um processador se faz passar por outro e funciona exatamente como ele. Pois bem: mediante o uso de um programa é possível subdividir um disco rígido e fazê-lo se passar por muitos outros. A esta técnica denomina-se “particionar” o disco. Ela pode ser aplicada seja com um programa denominado “Fdisk” fornecido com o sistema operacional, seja com programas comerciais especificamente destinados a esse fim como o Partition Magic da Power Quest ou o Partition Commander da V-Com. O particionamento divide o disco em “partições”. Há dois tipos delas, primária e estendida, cada uma com suas características. Um disco rígido (físico) pode abrigar no máximo quatro partições (lógicas). Pelo menos uma delas deve ser primária e no máximo uma pode ser estendida. Em virtude disso um disco inteiro pode ser ocupado por uma única partição, que nesse caso tem que ser primária, pode ser subdividido até em quatro, todas primárias, ou ainda em uma estendida e uma, duas ou três primárias. Só há essas opções. Para todos os efeitos práticos uma partição primária funciona como um disco rígido independente, um “disco lógico” que recebe seu próprio designador, ou “letra”. Não pode haver mais de um disco lógico em uma partição primária e, para que ele seja “enxergado” pelo sistema operacional, a partição primária deve ser “ativa”. Em um dado momento somente uma partição pode ser ativa. Ou seja: se o disco rígido for subdividido em quatro partições primárias, somente se terá acesso a uma, aquela assinalada como ativa. Porque dividir o disco em tantas partições se somente se tem acesso a uma de cada vez? A razão mais comum é instalar em cada uma delas um sistema operacional diferente. Havendo um meio (e adiante veremos que há) de tornar as demais ativas, pode-se usar os quatro sistemas operacionais, desde que não concomitantemente. É claro que nenhum deles poderá “enxergar” as partições onde se alojam os demais, mas em geral isso não faz diferença. Diferentemente da primária, a partição estendida não se comporta como um disco, mas como um “recipiente” de discos. Ou seja: dentro dela podem ser criados diversos “discos lógicos”, cada um deles funcionando como um drive independente e recebendo seu próprio designador, ou “letra”. Nenhum dos discos lógicos criados em uma partição estendida pode ser “ativo” (adiante veremos a conseqüência disso), mas em contrapartida todos podem ser “enxergados” simultaneamente (ao contrário do único “disco” de cada uma das partições primárias, que só podem ser “enxergados” um de cada vez). Por exemplo: imagine que você queira experimentar três diferentes sistemas operacionais e pretenda dar a todos eles acesso aos mesmos arquivos de dados. Divida seu disco rígido em quatro partições, três primárias e uma estendida. Instale em cada partição primária um sistema operacional. Crie na partição estendida um disco lógico (você pode criar tantos quantas forem as letras do alfabeto disponíveis, mas no nosso exemplo criaremos apenas um). Para usar um dado sistema, “ative” sua partição primária. Quando a máquina for reinicializada, esta partição aparece como drive C. As duas outras partições primárias, não sendo ativas, aparentemente não existem, logo não recebem “letras” e não se pode ter acesso a elas. O disco lógico da partição estendida aparece como drive D e nele podem ser gravados arquivos de dados. Quer mudar de sistema operacional? Pois torne sua partição ativa (“desativando” a atual). Quando a máquina for reinicializada, esta partição assumirá o designador C (a do sistema operacional anterior, “desativada”, aparentemente não mais existirá). O disco lógico criado na partição estendida continuará acessível, mantendo seu designador D. Os arquivos nele gravados podem, agora, ser usados pelos programas do novo sistema operacional. Deu para entender? Espero que sim. Porque, afinal, se tem uma coisa que pode ser dita sobre tudo isso é que é lógico... B. Piropo
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